Marcelo Esqueff
MPE recolheu 30% de cada frota para que seja cumprida a lei de greve
Mediante a greve dos rodoviários de Campos, uma mega operação envolvendo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), o Corpo de Bombeiros Militar, a Polícia Militar, além de várias Secretarias da Prefeitura Municipal, aconteceu no final da tarde desta quarta-feira (30/04). Por entender que a paralisação é abusiva, pois descumpre a lei de greve que é de manter 30% da frota em circulação, os órgãos realizaram diligências nas 12 garagens de ônibus para que se faça cumprir a legislação.
Durante a ação, que teve início às 17h e se estendeu até as 21h foram recolhido 53 ônibus e levados para o pátio da antiga Ceasa, no Parque São Mateus, onde ficarão acautelados até saírem para às ruas para atender a população. Os coletivos serão colocados de forma gradativa nas ruas e durante o período que perdurar a greve a passagem será gratuita.
O promotor de Tutela Coletiva, Marcelo Lessa, que conduziu a operação, explicou que foi procurado pela Prefeitura nesta quarta-feira e a orientou a publicar um Ato Administrativo (Decreto 102/2014) com o intuito de colocar uma estrutura de funcionamento que atenda aos munícipes e a partir dessa medida foi feito o auto-executoriedade.
O presidente do Sindicato das Empresas de Carga e Passageiros [Sindicato Patronal] é o José Maria, que também é dono da empresa São João, mas não foi encontrado para receber a liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho nesta quarta-feira.
A AÇÃO
Para a realização da operação, que tem como base o Artigo 12 da Lei nº 7.783/89, foi formada 12 equipes, com membros do Grupo de Apoio à Promotoria (GAP), policiais militares, bombeiros, guardas civis municipais e, em algumas delas presenças de secretários municipais, que se deslocaram até as garagens de ônibus.
A primeira empresa a ser abordada foi a Rogil, localizada no bairro Fundão, em Guarus. Lá, por determinação do promotor Marcelo Lessa, seis coletivos foram retirados da garagem a força pela PM, que tiveram de pular o muro do imóvel, pois houve resistência por parte dos funcionários que não quiseram abrir a portão.
Na empresa, a decisão foi recebida pelo filho do proprietário da empresa São João, José Maria Júnior. “Fomos pego de surpresa e já entramos em contato com o jurídico da empresa, pois nossa maior preocupação é com a responsabilidade pelos ônibus. Nossos motoristas, além de habilitado, são treinados e fazem testes antes de irem para as ruas”, disse.
Foram recrutados 30% da frota encontrada em de cada garagem das empresas. “Usamos da força nos limites da ordem pública para garantir o cumprimento dos atos legais e judiciais”, disse coronel Antônio Carlos Sabino, comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar.
Foram recrutados 30% da frota encontrada em de cada garagem das empresas. “Usamos da força nos limites da ordem pública para garantir o cumprimento dos atos legais e judiciais”, disse coronel Antônio Carlos Sabino, comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar.
Para que os ônibus voltem às ruas para atender a população, a Polícia Militar vai disponibilizar efetivo para escolta e, se necessário, usará policiais de outros batalhões como, 29º BPM de Itaperuna, 36º BPM de Santo Antônio de Pádua e 32º BPM de Macaé.
VÍDEOS
Na coletiva feita à imprensa depois da ação de recolhimento dos ônibus, o promotor Marcelo Lessa e a prefeita Rosinha Garotinho apresentaram vídeos produzidos, com câmeras escondidas, onde funcionários de duas empresas [Rogil e São João] dizem que vão receber pelos dias de greve, e que inclusive, em uma delas, estaria assinando um livro de ponto.
A lei de greve exige que em serviços essenciais, nos quais o transporte se inclui, seja mantido o mínimo em funcionamento, mas nada adiantou e, segundo Lessa, o movimento parecia crescer.
“A apreensão desse livro seria a materialização da sabotagem ao transporte público, mas infelizmente o serviço de inteligência não conseguiu localizá-lo”, disse promotor acrescentando que tal atitude compartilhada entre empregados e patrões configura, evidências de “conluio”, que sinaliza para a prática de inflação penal prevista na lei de segurança nacional, paralisando completamente o deslocamento da população, o que fere um dos direitos constitucional que é o direito de ir e vir.
Marcelo Lessa revelou ainda que denúncias apontavam para algo, o qual considera mais ousado ainda, que é de tentar constranger os motoristas de transportes alternativos para que também paralisassem suas atividades. “Se não fizéssemos nada, íamos ver o momento que quem não tivesse carro não sairia de casa”, disse Lessa.
A VOLTA DOS 30% DA FROTA
A Prefeita Rosinha Garotinho ressaltou que o serviço de transporte coletivo em Campos não tem amparo legal (não tem licitação), trata-se de uma concessão. A primeira licitação para o transporte será feita no dia 26 de maio, já com aprovação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A licitação é determinação de uma Ação Civil Pública que o município esta executando.
“Quando implementamos o programa de passagem a R$ 1,houve um entendimento com donos das empresas, onde o município pagaria o subsídio e em contrapartida a frota seria renovada, mas isso não aconteceu. Eles não cumpriram com o acordo e ainda conseguiram na justiça derrubar o decreto que fiz para que a idade média da frota caísse de 12 anos para 5 anos. O reajuste esta embutido no acordo, já que aumentamos a média de viagens saltando de 1,4 milhões de usuários para 2,8 milhões”, disse Rosinha.
Os 53 ônibus recolhidos das garagens serão colocados nas ruas de forma gradativa e vai atender a um cronograma montado pelo Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT). “Foram recuratos 70 motoristas da prefeitura com CNH de categoria D que estarão fazendo o transporte. Não vamos contratar cobradores, logo a passagem será gratuita”, disse Rosinha.
Rosinha ressaltou ainda que os motoristas que vão atuar no transporte coletivo estariam de folga, já que nesta quinta-feira (1º/05) é feriado pelo Dia do Trabalhador, e dessa forma nenhum outro setor ficaria descoberto.
“Soube agora à noite que algumas empresas cogitaram a possibilidade de seus funcionários serem os próprios motoristas, e isso é bem vindo, pois dessa forma não precisarem contratar motoristas, já que é o que vai acontecer se os motoristas que eu tenho não for o suficiente para atender a demanda”, disse Rodinha acrescentando que as Polícias Civil, Federal e Ministério Público foram comunicados e acionados para investigar esse recrutamento de pessoas vinda de fora do município para promover a depredação dos coletivos.
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