quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Mãe de jovem que morreu em cirurgia percorre via crucis para conseguir provas


25/10/2017, 17h52, Foto-Reprodução: Campos 24 Horas
Depois de quase cinco anos de luta para provar que houve erro médico por parte de quatro médicos de Campos, em procedimento cirúrgico que resultou na morte do seu filho Fernando Iuri Chagas Rangel, 19 anos(foto acima), a funcionária da área administrativa da concessionária Águas do Paraíba, Fernanda Gomes Chagas, 45 anos(foto ao lado), disse que espera que, agora diante das provas apresentadas pelo Ministério Público Estadual(MPRJ), que os envolvidos sejam punidos, “para que não possam tirar a vida de outros jovens”.
– Diante de todas essas provas, não há dúvidas de que eles são assassinos, eles tiraram a vida do meu filho. Que eles possam pagar, que tenham o diploma cassado, que sejam punidos. A gente confia que o médico vai nos curar, nos salvar. Nunca mais eu fui a mesma. Eles destruíram a vida de uma mãe – disse, em lágrimas, Fernanda Chagas em entrevista ao Campos 24 Horas.
VIA CRUCIS DEPOIS DA MORTE
Para conseguir provas de que realmente seu filho não teve o pronto atendimento devido, Fernanda Chagas contou com a ajuda, principalmente, de funcionários do hospital onde houve o procedimento cirúrgico, que relataram que existiam câmeras em diferentes ambientes do hospital, inclusive, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Fernanda explica que, a partir desta informação, começou outra luta, a de conseguir as imagens. Para isso, explica, precisou ir ao hospital inúmeras vezes. E acrescenta que, somente depois das pessoas ficarem “cansadas” da sua presença constante, resolveram liberar as imagens.
– Quando meu filho veio a óbito, a gente começou a receber muitas ligações e mensagens dizendo que foi um erro do hospital e da equipe médica, que estava ausente e em outra cirurgia. Todo o hospital informando que o que fizeram com meu filho foi uma barbaridade, uma barbeiragem, tanto do hospital quanto da equipe. Daí, no dia 3 de janeiro a gente foi à delegacia, fez a queixa crime, foi aberto inquérito e começou a investigação. Eu fiz manifestações quase que diárias exigindo as imagens que iam provar a ausência do anestesista e a ausência do cirurgião que era o responsável e que terceirizou, mandou outro fazer a cirurgia, porque ele estava em outra sala, por ganância, quantidade de cirurgias, sem cumprir a responsabilidade que foi delegada para ele. Eu confiei a saúde do meu filho a ele. Eu acompanhei no MP até ontem (terça-feira, 25), quando a gente recebeu a notícia da denúncia que o MP apurou e comprovou a culpa deles – explica a mãe de Iuri.
O INÍCIO DE TUDO
Fernando Iuri Chagas Rangel, que era soldado do 56º Batalhão de Infantaria (BI), em Campos, no dia 13 de dezembro de 2013 sofreu acidente de moto, que o deixou com uma fratura na clavícula e lesão em uma das pernas, sendo de imediato removido para o Hospital Ferreira Machado (HFM). Por ter plano de saúde, no dia 18 foi transferido para um hospital particular da cidade, onde teria que ser operado para colocação de um pino do braço fraturado. No dia 26 veio a óbito.
– Ele não tinha problema nenhum de saúde, era soldado do Exército, um rapaz muito saudável. O que eu quero agora é justiça – finaliza a mãe de Fernando Iuri, Fernanda Chagas.
MPRJ
O cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. O dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de os dois terem assumido o risco da morte do rapaz, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. Os médicos Rocklane Viana Areas e Hugo Manhães Areas foram denunciados por falsidade ideológica.

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