PMs obrigados a trabalhar de coletes com prazo de validade vencido
Carlos Grevi / Mauro de Souza / Vagner Basilio / Arquivo
Policiais estariam assinando documento se responsabilizando pelo uso do equipamento
No dia 10 de fevereiro de 2012, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro experimentou umamanifestação jamais vista antes. Em Campos, 300 policiais se reuniram em frente ao 8ª Batalhão de Polícia Militar (BPM), denunciando dentre outras coisas, a falta de documentação das viaturas e a falta de coletes a prova de balas. Em todo o estado centenas de PMs foram às ruas reclamar das condições de trabalho.
De acordo com um policial militar, que terá a identidade preservada, além de Campos, grande parte dos batalhões das regiões Norte e Noroeste como Macaé, Pádua, Itaperuna, entre outros, estariam na mesma situação. Nestes municípios, os equipamentos teriam sido recolhidos desde a última sexta-feira (26/07), seguindo a determinação do Comando Geral.
Acontece que em Campos, segundo afirmou o agente, os policiais teriam se recusado a trabalhar sem os coletes, tendo o comandante do 8° BPM, tenente coronel Jonei Sandenberg Pestana, sido obrigado a intervir.
“Eu tenho conhecimento de que em outras regiões os policiais estariam indo pra rua sem colete. Aqui [Campos], após um consenso entre os PMs e o comandante, onde o mesmo informou ao comando de cima [Geral], os agentes decidiram trabalhar com os equipamentos vencidos. Então, desde sábado (27/07) os policiais do 8º Batalhão estão assinando um documento se responsabilizando pelo uso do colete irregular”, ressaltou o militar.
Ainda de acordo com ele, o Comando Geral teria estipulado um prazo para daqui a dois ou três meses para que os batalhões fossem abastecidos com os novos equipamentos. “O correto é trabalhar com material em dia, mas não havendo essa possibilidade, os agentes optam por usar os equipamentos irregulares”, lamentou.
INSEGURANÇAPara o presidente da Ordem dos Advogados (OAB) de Campos, Carlos Fernando Monteiro, o Guru, é lamentável o descaso do Estado com relação aos agentes da Polícia Militar. Segundo ele, Campos vive um momento de crescimento constante de pleno desenvolvimento econômico, e quando justamente os policiais deveriam estar melhores equipados e preparados, o que se vê é justamente o contrário.
A equipe de reportagem entrou em contato com o comandante do 6º Comando de Policiamento de Área (6º CPA), coronel Lúcio Flávio Baracho, que informou que nesse caso, cabe ao Comando Geral responder sobre a validade dos coletes.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que:
Segundo o comando do 8º BPM, os coletes com prazo de validade vencido foram recolhidos, mas há policiais militares que preferem utilizá-lo mesmo assim, e que por isso o comando pede esse termo de responsabilidade.
Apesar de constar que os coletes a prova de balas estão com validade expirada, não significa que eles estão inválidos, apenas que devem ser gradativamente substituídos.
O comando da Corporação já está providenciando novos equipamentos para a tropa. Foi publicado no boletim interno nº 134 de 24 de julho, a aquisição de 8. 541 unidades de colete balístico com proteção a disparos de calibre 762 (fuzil). As empresas vencedoras da licitação foram CBC e Gladio.
Questionados sobre a obrigatoriedade dos coletes e das validades vencidas dos demais batalhões da região, a assessoria não enviou resposta.
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