sábado, 27 de julho de 2013

MPE POLÍCIA CIVIL NÃO SE ENTENDE SOBRE CASO DO FAROL

MP e Polícia Civil divergem sobre caso de tortura ocorrido em Farol

Promotora diz que eventuais crimes contra sua honra serão apurados
 Carlos Grevi

Promotora diz que eventuais crimes contra sua honra serão apurados

crime de torturainvestigado e solucionado pelo Ministério Público Estadual parece ter gerado um desconforto entre a Polícia Civil e o órgão. Na coletiva convocada pela promotora Renata Felisberto, na última quarta-feira (24/07), ela ressaltou que a mãe de uma das vítimas teria comparecido à delegacia e teria saído da mesma, acreditando que o registro poderia não ter sido feito, ou caso sim, de outra forma. Ela disse ainda que o inspetor de plantão teria dito que ela mesma deveria investigar, já que "ele não iria investigar nada".
“Eles foram na delegacia e lá na delegacia estava com suspeita de que não ia registrar ou ia registrar de uma outra forma. A mãe de uma das vítimas disse que o inspetor chegou e falou que não ia registrar nada, que quem tinha que investigar era a mãe. Quem era pra saber, quem era o autor do crime era a mãe, que ele não ia investigar nada. Então dando a entender que ele conhecia o autor”, disse a promotora.
As declarações geraram uma resposta do Delegado Titular da 134ª Delegacia de Polícia, Geraldo Assed. Por meio de nota enviada ao Site Ururau, o delegado ressaltou que o procedimento foi devidamente confeccionado e que a promotora o teria solicitado no dia seguinte.
“Primeiramente cabe esclarecer que este policial somente soube dos fatos na data de ontem (23/07/2013) através da delegada Ana Paula, não sendo jamais procurado pela mãe ou qualquer outro familiar da vítima, sendo o caso analisado pelo Dr. Rodrigo que determinou a confecção do registro. Em segundo lugar o Registro de Ocorrência foi feito no dia 27/06/2013 em que a vítima narra todos os fatos detalhadamente, sendo que no dia 28/06/2013 (um dia após o registro) o inquérito foi requisitado pelo Ministério Público sem minha ciência e para lá encaminhado, sendo que não mais retornou a esta delegacia. Portanto não há de se falar em inércia da Polícia Civil, que atendeu ao reclame da vítima e confeccionou o registro, garantindo este policial que se tivesse tomado ciência do fato certamente teria pedido a prisão dos envolvidos, assim como o Dr. Rodrigo que presidiu o feito também teria pedido, não sendo tal ato realizado, pois como dito anteriormente o inquérito foi remetido ao Ministério Público sem minha ciência no dia seguinte ao registro”.
No final da manhã desta sexta-feira (26/07), o delegado adjunto da 134ª DP, José Paulo Pires convocou nova coletiva e na condição de diretor de relações institucionais do Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio de Janeiro, falou do mal estar causado pelas declarações da promotora.
“Agora, causa estranheza. Por que tendo conhecimento de que o inquérito já estava lá, que foi remetido no mesmo dia, ela afirmou que não estava lá? Essa é a questão. Na verdade eu não entendi o procedimento, não entendi a conduta dela. Não tinha necessidade. A relação é excelente, do Ministério Público e os delegados, de repente ela vem dando essas declarações.  inquérito policial, quando é requisitado pelo Ministério Público, a gente envia imediatamente, por que as vezes é alguma situação que está ali que eles estão querendo, quer fazer uma prisão, e é normal isso. Agora, não fica com o inquérito definitivamente. Deve ser encaminhado pra cá.”
No final da tarde desta sexta, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, a promotora voltou a se pronunciar e declarou:
"Em nenhum momento o MP afirmou que o registro não foi feito. Apenas que não foi feito por tortura. Em verdade, a autoridade policial capitulou, em sua maioria como crimes de menor potencial ofensivo, que nem cabem prisão. O que restou evidente desde o primeiro momento. Ademais, o segundo indivíduo  foi identificado pelo MP e o terceiro esta prestes a ser identificado. De qualquer forma, o trabalho do MP já foi feito e já foi encaminhado à Justiça, que decretou as prisões e o pedido de busca, que já foram cumpridos, não havendo mais polêmica a ser levantada”, disse a promotora revelando ainda que serão apurados eventuais crimes contra a sua hora.
A OCORRÊNCIA
Durante a coletiva nesta sexta na 134ª DP, o delegado José Paulo Pires disse apresentou também uma cópia do Registro de Ocorrência que teria sido feito pela mãe no dia 27 de junho deste ano, um dia depois do crime.
Na ocorrência consta somente o nome de um dos suspeitos, Ralph Gomes de Azevedo. Uma das vítimas narra que por volta das 15h do dia 26 de junho, estava jogando vídeo game na casa de um amigo com as outras duas vítimas, quando Ralph e outros dois homens teriam entrado, dizendo que eram policiais, indagando quem tinha cometido o furto em uma obra sua. O suspeito é proprietário de uma empresa que realizaria a obra de uma creche no Farol de São Tomé.
Os três jovens teriam sido segurados pela camisa e colocados dentro de uma Hillux Prata na qual percorreram por cerca de duas horas, sob ameaças de morte, socos e coronhadas. Ao final, foram levados para o Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) de Farol, onde o policial de plantão tirou fotos e anotou a qualificação dos jovens.
Na ocorrência que se iniciou às 15h13 e terminou às 15h30 o suspeito é enquadrado nos crimes de ameaça, calúnia, constrangimento ilegal e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. 


Fonte: URURAU

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