segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Pacientes atendidos no corredor do HGG


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Marcus Pinheiro
Foto: Michelle Richa
Um dia após o cardiologista Cláudio Leonardo de Morais voltar a expor as deficiências da Saúde pública de Campos, a reportagem da Folha esteve na emergência do Hospital Geral de Guarus (HGG), local onde o médico está lotado desde 2008, e acompanhou os desafios enfrentados pelos usuários do setor, que, na tarde desse domingo (18), em busca de atendimento de urgência, aguardavam em longas filas. Em alguns casos, eles recebiam assistência em macas aglomeradas nos corredores da unidade hospitalar. O cardiologista declarou que, mesmo com dificuldades e falta de estrutura, considera o HGG “pau para toda obra”, e lamentou a não valorização do hospital pela Prefeitura.
— Hoje, temos no HGG uma situação interessante. Ele se tornou uma referência para emergências clínicas, e essa referência se estendeu também aos municípios do entorno de Campos. Porém, o setor que hoje está com o papel de emergência nunca foi criado realmente com essa finalidade. Essa condição adquirida é a mais cruel de todas, pois tudo é praticamente adaptado para dar essa assistência. Mesmo com as dificuldades e falta de estrutura para tal fim, não se nega o primeiro atendimento lá. Disso posso me orgulhar, porque lá é pau para toda obra, e ver que não existe uma valorização do hospital para melhorar essa assistência é o que mais incomoda a todos que lá estão. Estamos com a reforma da nova emergência há dois anos parada sem previsão clara de retomada dessa melhoria — disse Cláudio.
Um paciente, que disse estar internado na emergência há sete dias, em virtude da necessidade de execução de um cateterismo cardíaco (procedimento invasivo para examinar vasos sanguíneos e o interior do coração), afirmou que a emergência da unidade está lotada e que a espera pela realização do exame é o único motivo que ainda o mantém no hospital.
— Sofri um princípio de infarto, e este diagnóstico é imprescindível, mas, como tudo aqui caminha a passos lentos, ainda não há previsão para a consumação do exame — contou o paciente, que revelou preferir ficar internado a retornar à casa, por acreditar que o procedimento será realizado de forma mais breve a partir de sua permanência no HGG. “Se aqui já está demorando, imagine se eu for para casa? Aí mesmo que ele não sai”, completou.

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