domingo, 23 de agosto de 2015

Brasileira detida no Equador chega ao Rio e diz que foi agredida por policiais


Jornalista diz que perdeu parcialmente a visão por algumas horas.
Manuela Picq foi detida após manifestação contra Rafael Correa.

Matheus RodriguesDo G1 Rio
Jornalista brasileira detida no Equador chegou no Rio na manhã desta sábado (22) (Foto: Matheus Rodrigues / G1)Jornalista brasileira detida no Equador chegou no Rio na manhã desta sábado (22) (Foto: Matheus Rodrigues / G1)
A jornalista brasileira Manuela Picq, que foi detida durante uma manifestação em Quito, no Equador, e teve o visto cancelado pelas autoridades locais, chegou ao Brasil na manhã deste sábado (21) e disse estar aliviada por estar livre. Ela contou que foi agredida por policiais durante o protesto no dia 13, perdeu parcialmente a visão por algumas horas e esteve sob custódia em condições desiguais a de outros detidos.
De acordo com Manuela, ela irá realizar exames médicos no Brasil para saber se teve alguma sequela após as agressões e em seguida retomará as atividades para conseguir um novo visto. "Eu ainda estou me recuperando dos golpes da polícia na semana passada, eu perdi a visão do olho esquerdo durante as sete primeiras horas depois do golpe policial e a gente vai fazer exames oftalmológicos para ver se está tudo bem", afirmou a jornalista, que desembarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim, onde foi recebida pela mãe, Lena Lavinas e  amigos da família.
G1 tentou entrar em contato com a Embaixada do Equador no Brasil através dos e-mails e dos telefones disponibilizados no site da embaixada, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno.
O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, justificou a revogação do visto da jornalista. "Teve o visto revogado porque estava desenvolvendo atividades políticas e estava no meio de uma atividade de violência e agressão ao patrimônio histórico de Quito", disse Patiño ao canal Ecuavisa.
De acordo com Manuela, até o dia 13 a sua situação migratória no país estava legal. "Eu fui detida ilegalmente pela polícia, de certo modo sequestrado pelo estado durante cinco dias, eu fiquei no centro de detenção onde tem muitas coisas ilegais passando. Na segunda-feira (17) a resolução da juíza declarou que a minha detenção era ilegal, que a anulação do meu visto no dia seguinte também era ilegal e pediu a investigação disso", afirmou.
Jornalista brasileira é arrastada por policiais no Equador (Foto: Reprodução/ Internet)Jornalista brasileira é arrastada por policiais no Equador (Foto: Reprodução/ Internet)
A jornalista foi detida enquanto tentava ajudar seu companheiro, o líder indígena Carlos Pérez Guartambel, presidente da confederação indígena Ecuarunari, durante um protesto em Quito contra o presidente Rafael Correa. A manifestação terminou em violentos confrontos que deixaram dezenas de detidos e feridos, muitos deles policiais.
Eu perdi a visão do olho esquerdo durante as sete primeiras horas depois do golpe policial"
Manuela Picq
"A gente tinha pedido em paralelo uma ação de proteção para assegurar os meus direitos constitucionais, que foi negada na audiência de quinta-feira. Por um lado o Estado não me deportou na primeira audiência, mas não devolveu o meu visto na segunda e então fiquei no limbo jurídico. O ministro do Interior pediu autoridade do caso a juíza e tentou desfazer a primeira audiência"
A situação política e social do país está abalada, segundo Manuela. Além da brasileira, mais de 100 pessoas foram detidas no Equador acusadas de resistência à ordem.

"O meu caso só era a ponta do iceberg. Tem um estado de exceção no Equador desde sábado e tem mais de 100 pessoas que foram detidas de modo ilegal. Principalmente no sul do país e na Amazônia, onde tem povos indígenas. A sociedade toda está muito descontente com a situação. O governo está em uma situação muito instável. Quanto mais instável a situação de um governo autoritário, mais violento é o governo. Minha situação ficou muito crítica e a gente decidiu continuar com a demanda de visto aqui no Brasil", afirmou.

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