terça-feira, 5 de abril de 2016

'Ele era muito possessivo', diz irmã de jovem esfaqueada pelo ex no Rio


Fernanda RouvenatDo G1 Rio
Matheus é suspeito de matar a ex-namorada a facadas, na Pavuna (Foto: Fernanda Rouvenat/ G1)Matheus é suspeito de matar a ex-namorada a facadas, na Pavuna (Foto: Fernanda Rouvenat/ G1)
Familiares da jovem Larissa Câmara Sabino, 18 anos, assassinada pelo ex-namorado na última sexta-feira (1), estiveram na Divisão de Homicídios nesta segunda-feira (4). De acordo com a irmã de Larissa, o suspeito, Matheus Ferreira dos Santos, 19, era um namorado ciumento e possessivo.
"Ele era muito ciumento. Com ela, ele era muito possessivo. Ele não queria que ela usasse batom, dependendo da roupa ele reclamava. Ela sempre falava 'Matheus, eu estou me arrumando pra você, não é pra ninguem'. E ele tinha muito ciúme", disse a irmã de Larissa,  Andrezza Sabino.
O suspeito foi preso na noite deste sábado (2) por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), da Polícia Civil.
Pai diz que filha foi esfaqueada e morta pelo ex-namorado no Rio (Foto: Arquivo Pessoal)Pai diz que filha foi esfaqueada e morta pelo
ex-namorado no Rio (Foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com o delgado Fábio Cardoso, depois de identificar o suspeito, a polícia recebeu a informação de que ele teria fugido para a casa de parentes na Região dos Lagos. Nesta segunda-feira (4), o suspeito continuava preso na Divisão de Homicídios e prestou depoimento à polícia. Na noite de sábado (2), ele se apresentou na delegacia e confessou o crime.
"O histórico criminal do Matheus já tinha duas anotações por ameaça e injúria. Ela foi esfaqueada nas costas e, inclusive,  no rosto, o que demonstra uma raiva muito grande", disse o delegado Fábio Cardoso.
Ainda segundo o delegado, Matheus será indiciado por homicídio triplamente qualificado pelo motivo fútil, pela impossibilidade de defesa da vítima e pelo feminicídio.No local do crime, os policiais encontraram a faca usada por ele para matar a ex. O mandado para a prisão do suspeito foi emitido em plantão judiciário segundo pedido da própria delegacia.
Para Edilson Sabino, pai de Larissa, a prisão de Matheus conforta a família. "Ele tem que pagar pelo que ele fez", disse.
Larissa foi esfaqueada na Pavuna, Subúrbio do Rio. De acordo com o pai dela, Edilson de Mesquita Sabino, a filha estava a caminho de um curso quando foi morta a poucos metros de casa.
Mãe ouviu gritos
A mãe de Larissa, Valmira Sabino, disse que ouviu os gritos da filha no momento em que ela foi esfaqueada.
"Eu tinha visto ela descendo e eu vi ele passando. Quando ela virou, ela deve ter dado uns 10 passos e eu ouvi um grito desesperado. Eu escutei o grito, mas não conseguia me mover, não conseguia sair do portão. Eu sabia que era o grito dela, mas eu não tive força" disse Valmira.
Faca usada em femincídio na Pavuna (Foto: Fernanda Rouvenat/ G1)Faca usada em femincídio na Pavuna
(Foto: Fernanda Rouvenat/ G1)
Jovem era ameaçada
De acordo com o pai de Larissa, Matheus não se conformava com k termino do namoro. "Ele era ex-namorado. Ela terminou e ele queria continuar [o relacionamento]. Mas ele começou a perseguir ela. Ela chegou a pedir uma medida [judicial] para proteção", contou Sabino.
Sentindo-se ameaçada depois do término da relação, de acordo com o pai, a jovem chegou a ir à 39ª Delegacia (Pavuna) para registrar ocorrência. Em seguida, o ex-namorado foi chamado para ir à DP, desacatou o delegado, mas não foi preso.
"Quando a gente foi na delegacia, o delegado disse pra ela não falar com ele. A gente trocou o número do celular dela, ela deletou o facebook. Ele tentava falar com ela, mas ela não respondia. Ele ficava com muita raiva", contou a mãe de Larissa.
O delegado Fábio Cardoso informou que o suspeito monitorava a vida de Larissa. De acordo com informações da polícia, Larissa foi até a delegacia no dia 21 de março para  comunicar o fato e registrar ocorrência. A polícia informou que imediatamente foi instaurando procedimento para apurar os crimes de ameaça e de injúria sofridos por Larissa e que Matheus Ferreira dos Santos é apontado como autor.
Ainda de acordo com informações da delegacia, na ocasião, a vítima foi informada das garantias previstas na Lei Maria da Penha, sendo solicitado por ela a decretação de algumas medidas.

O pedido das medidas protetivas foi encaminhado ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar no dia seguinte ao registro, de acordo com a polícia. Entre as medidas solicitadas por Larissa estão limite de aproximação da ofendida e testemunhas em 200 metros, proibição de contato com a ofendida por qualquer meio de comunicação e proibição de frequentar a Igreja Assembléia de Deus localizada na Rua Paulo Fonseca.
Na sexta, por volta de 6h, Larissa saía de casa para ir a um curso. De acordo com o pai, a filha disse: "Mãe, o Matheus está aqui embaixo". A mulher de Edilson respondeu à filha: "Volta". A jovem então decidiu que sair por outra porta. O pai não acompanhou a filha porque estava deitado e, mais tarde, iria para uma visita ao médico.
"Ela ainda conseguiu ligar para o celular da minha esposa. Só ouvi ela gritando. A única reação que tive foi sair correndo. Fui ao ponto de ônibus e não encontrei ninguém. Foi a minha mulher que encontrou o corpo", lamentou Edilson.
Segundo o pai da jovem, o rapaz trabalha e estuda. Larissa e Matheus namoraram pela primeira vez em 2014, de acordo com o pai da jovem. Ela fazia curso técnico de turismo em Botafogo e ia todos os dia de metrô. "De vez em quando eu ia com ela, mas dessa vez ela foi sozinha", lamentou o pai da jovem.


De acordo com o laudo da perícia obtido pelo G1, a jovem teve "ferimentos penetrantes dos pulmões com hipovolemia consequente" acusados por uma "ação perfurocortante".

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