Tríplice epidemia atinge o Brasil
Pela primeira vez, o boletim do Ministério da Saúde trouxe dados de zika: foram 91.387 casos prováveis, de fevereiro a 2 de abril, dos quais 7.584 são gestantes. No caso da chikungunya, os 39.017 registros suspeitos este ano já supera todos os 38.332 feitos ao longo de 2015. A dengue subiu 13,8%, comparando as 802.429 notificações de 2016 com as 705.231 do mesmo período do ano passado. Segundo Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, não há dúvidas de que o Brasil vive uma “tríplice epidemia”, que vem desde o ano passado.
Maierovitc aponta, porém, que o ritmo de novos casos de dengue vem diminuindo nas últimas semanas, o que pode significar um arrefecimento não só da própria doença, como de zika e chikungunya, que também são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Ele observa que, no início deste ano, os números de dengue estavam 50% superiores aos do mesmo período de 2015. No boletim atual, com dados até 2 de abril, essa diferença é de 13,8%, o que aponta uma desaceleração de casos novos e, consequentemente, do acumulado contabilizado. Para Maierovitch, as informações sugerem que 2016 não será mais um ano de dengue recorde, como foi 2015, quando houve 1,6 milhão de casos e 863 mortes.
– Nossa expectativa é que os novos casos de dengue continuem caindo, expressando, provavelmente, os resultados das medidas de prevenção iniciadas no final do ano passado. E a mesma coisa deve valer para as outras doenças em que o sistema de informações ainda não é tão confiável – afirmou Maierovitch.
ZIKA: 31.616 CASOS CONFIRMADOS
No caso de zika, houve confirmação laboratorial ou clínica para 31.616 dos 91.387 casos prováveis. Entre as 7.584 grávidas, o diagnóstico de 2.844 foi positivo. O restante das notificações continua em investigação, segundo Maierovitch. O informe confirmou as três mortes pelo vírus, não relacionadas à microcefalia, que já haviam sido divulgadas. Como o zika só entrou para o rol de registro compulsório há cerca de dois meses, não há termos para comparação, como no caso das outras doenças.
Mas o recorte por estado mostra o Rio de Janeiro com 25.930 notificações, o que responde por 28,3% do total de casos prováveis de zika no país. A incidência por 100 mil habitantes é de 156,7 registros, perdendo apenas para Mato Grosso (491,7), Tocantins (190,9) e Bahia (164,8).
Pernambuco, por exemplo, que viveu um boom de microcefalia relacionada ao zika, registrou 333 casos suspeitos, com incidência de 3,6 por 100 mil habitantes. Maierovitch não descarta que, devido à epidemia do ano passado, grande parte da população do estado tenha ficado imune ao zika. Mas ele ressalta que ainda é cedo para fazer análises que demandam um maior tempo de observação.
DENGUE: SÃO GONÇALO TEM TERCEIRA MAIOR INCIDÊNCIA DO PAÍS
As amostras processadas de sorotipos virais mostram que o tipo A continua sendo o mais comum, presente em 95,2% dos exames em 2016. Mas para oito estados não há informações a respeito dos sorotipos circulantes: Roraima, Amapá, Acre, Amazonas, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia e Distrito Federal.
QUINZE MORTES POR CHICUNGUNHA
No caso da febre chikungunya, as mortes confirmadas laboratorialmente já chegaram a 15 este ano, sendo nove em Pernambuco, três na Bahia, duas na Paraíba e uma no Rio Grande do Norte. Em 2015 inteiro, foram apenas seis notificações de óbito pela doença.
De acordo com Maierovitch, Pernambuco e Paraíba suspeitam que um número elevado de mortes esteja relacionado ao chikungunya, mas ele não deu detalhes, por considerar que são dados estaduais. E acrescentou que equipes do ministério estudam os casos para verificar a real causa dos óbitos.
Identificada no país no segundo semestre de 2014, com grande concentração de casos em Oiapoque (AP) e Feira de Santana (BA), a chikungunya se alastrou pelo Brasil e hoje está presente em 1.126 de todos os estados brasileiros. O Nordeste reúne 31.659 dos 39.017 casos de 2016. O espalhamento da doença é motivo de “apreensão” para o governo, segundo Maierovitch:
– Neste ano superamos bastante o número de casos no ano passado e estamos vendo um número muito maior de municípios afetados . Isso é caso de muita apreensão para o Ministério da Saúde e para as secretarias de Saúde como um todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário