A tão sonhada casa própria acabou se tornando um transtorno para uma estudante e uma comerciante, ambas moradoras de Vitória. Elas alegam que sofreram golpes de falsos corretores de imóveis: uma perdeu R$ 20 mil e a outra R$ 25 mil. A pedido das vítimas, a identidade delas será preservada por medo de represálias. O caso está sendo investigado na 1ª Delegacia de Polícia de Vitória, no Centro.
O caso da estudante começou em novembro de 2015, quando começou a procurar um apartamento para comprar. Teve interesse no edifício Darcy Monteiro, no Centro da capital, por ser próximo ao local onde ela estuda. Foi o porteiro do prédio que indicou os supostos corretores de imóveis.
"Ele falou que eram pessoas confiáveis, mãe e filho. Nos primeiros contatos, foram muito solícitos, até demais. Ligavam qualquer dia, qualquer hora, iam à minha casa e ao meu local de trabalho. Desconfiei de algumas coisas, sobre eles não apresentarem certidão de ônus, cartão de IPTU, desconversavam quando eu perguntava sobre taxa de marinha", contou.
No dia 4 de dezembro ela fez um depósito de R$ 20 mil, que seria a entrada para a compra do imóvel, antes do financiamento. Outra desconfiança da estudante foi de que o dinheiro foi depositado na conta da esposa do corretor, e não na do dono do imóvel.
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"Questionei isso, mas eles responderam que a comissão deles seria deduzida do valor. Depois disso eles sumiram, o contato ficou muito difícil, os telefones deles passaram a constar como inexistentes. Quem fazia contato comigo era o filho mais novo da mulher, que disse que ia cuidar da parte de documentação e financiamento", falou a vítima.
No fim de fevereiro, a estudante recebeu uma ligação do dono do apartamento, falando que estava preocupada porque o corretor estava com a escritura original do imóvel. Ele também disse que desconhecia o depósito de R$ 20 mil.
"Meu contato com o dono sempre tinha sido por meio dos supostos corretores, nunca direto. Ficamos atrás deles para conseguir a escritura e depois de algum tempo devolveram, mas nada do dinheiro. O rapaz que estava cuidando do financiamento sempre desconversava, falando que eu não tinha pagado nada a ele. Quando o financiamento saiu, passei a fazer contato apenas com o dono do imóvel. Contratei um advogado e denunciei o caso à polícia para ver se consigo meu dinheiro de volta."
O advogado dela, Renato Del Silva Augusto, explicou que assumiu a parte cível do caso e já entrou com um pedido para que a cliente consiga o dinheiro de volta. "Eu pedi que o juiz faça o bloqueio da conta onde ela depositou o sinal de pagamento. É uma pequena chance que ela tem para conseguir o dinheiro de volta", explicou.
Outro caso
O caso da outra vítima, a comerciante, foi bem parecido e aconteceu na mesma época. Os dois supostos corretores foram indicados pelo mesmo porteiro. Mãe e filho mostraram o apartamento de uma senhora, também no Centro de Vitória, e percebendo o interesse da vítima, mediram uma entrada de R$ 25 mil.
O caso da outra vítima, a comerciante, foi bem parecido e aconteceu na mesma época. Os dois supostos corretores foram indicados pelo mesmo porteiro. Mãe e filho mostraram o apartamento de uma senhora, também no Centro de Vitória, e percebendo o interesse da vítima, mediram uma entrada de R$ 25 mil.
"Eu disse que não tinha todo esse dinheiro naquele momento, então dei R$ 15 mil e dois cheques. Depois disso, mãe e filho sumiram, e o contato passou a ser com o outro filho, sobre o financiamento. Alguns meses depois fiquei sabendo que a dona do apartamento não tinha recebido a minha entrada", contou.
A comerciante levou o caso para a polícia, mas também fez investigações pessoais e descobriu que os dois supostos corretores abriram um comércio de venda de cachorros-quentes em Vila Velha. "Isso foi, possivelmente, com dinheiro de golpes. Eu cheguei a ir lá uma vez e vi a esposa de um dos golpistas trabalhando. Já registrei o meu caso na polícia, espero que eu consiga meu dinheiro de volta com a ajuda da Justiça."
"Eles sabem muito bem como o sistema funciona. Fico chateada com essa sensação de impunidade. Estou passando por uma barra, eu sonhava em sair do aluguel, mas agora continuo no aluguel e ainda com menos R$ 25 mil", finalizou, indignada.
A reportagem tentou contato com os supostos corretores, por telefone, durante cinco dias, mas o do filho estava sempre com sinal de desligado e o da mãe levava a uma mensagem de número inexistente.
Conselho de Corretores
O G1 entrou em contato com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo(Creci-ES) e de acordo com o setor jurídico, os supostos corretores que atenderam as mulheres não possuem registro. Além disso,o Conselho já recebeu denúncias contra eles.
O G1 entrou em contato com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo(Creci-ES) e de acordo com o setor jurídico, os supostos corretores que atenderam as mulheres não possuem registro. Além disso,o Conselho já recebeu denúncias contra eles.
Em caso de denúncia, essas pessoas são penalizadas apenas quando há flagrante. É emitido um auto de infração e também multa, que é estabelecida pela Comissão de Ética no Creci.
Na página do Conselho há um canal para fazer denúncias, tanto de maneira anônima quanto identificada. A dica é sempre verificar junto ao Creci se o corretor de imóveis é registrado e, assim, evitar golpes.
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