Saudade e dor. Estes são os principais sentimentos descritos por amigos e familiares dos 12 adolescentes mortos no massacre promovido por Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, na Escola Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. O crime completa cinco anos nesta quinta-feira (7) e as lembranças daquela manhã de horror ainda parecem muito vivas para quem convivia com as vítimas.
“Todo dia eu penso nela. Não adianta. Não tem jeito”, desabafa Tainá Bispo, de 23 anos. Ela é irmã de Milena dos Santos Nascimento, que tinha 15 anos quando foi morta.
Tainá conta que na manhã em que o crime ocorreu ela acordou indisposta, mas foi convencida justamente por Milena a ir para a escola. As duas e a irmã caçula, Helena, estudavam na Tasso da Silveira.
“Era um dia normal. Mas eu não queria ir. Mas minhas outras duas irmãs estudavam lá. Cheguei a pedir para ficar em casa. Mas a minha mãe falava que ou ia uma para a escola ou não ia nenhuma. A Milena insistiu muito. Fomos. Ela adorava fazer teatro e nesse dia tinha aula”, lembrou a jovem.
Tainá estudava no mesmo andar que Milena, em uma sala bem próxima de onde Wellington começou os ataques. Ela recorda dos sons dos tiros e destaca que sua turma foi salva pelo professor.
“Da primeira sala, ao lado da nossa, ouvimos alguns barulhos, que não identificamos imediatamente como tiros. O professor saiu e logo voltou muito assustado. Mandou todos abaixarem e se escondeu também”, contou.
Após o tiroteio, Tainá foi encaminhada para fora do prédio, onde encontrou Helena. A notícia de que a irmã do meio havia morrido foi dada por Brenda Tavares, melhor amiga dela, que só sobreviveu porque se fingiu de morta.
“Ela disse: ‘Tainá, a Milena morreu’. Ela tinha uma mecha de cabelo na mão e disse que era dela”, contou Tainá.
Manhã difícil de esquecer
Kelly Guedes perdeu a irmã Géssica Guedes Pereira, que era dez anos mais nova que ela, no massacre. A casa da família fica perto da Escola Tasso da Silveira e ela relembra que foi acordada, em meio a grande confusão, com o anúncio de que uma tragédia havia acontecido com a caçula.
Kelly Guedes perdeu a irmã Géssica Guedes Pereira, que era dez anos mais nova que ela, no massacre. A casa da família fica perto da Escola Tasso da Silveira e ela relembra que foi acordada, em meio a grande confusão, com o anúncio de que uma tragédia havia acontecido com a caçula.
“Acordei com o barulho do helicóptero e uma pessoa batendo aos murros no portão, com alguém dizendo que a minha irmã tinha sido sequestrada. Eu desci correndo as escadas e fui correndo com roupa de dormir pela rua. Quando cheguei na porta da escola, estavam saindo corpos, todo mundo gritando”, relembra Kelly, com a voz um pouco embargada.
Baleada na cabeça, Géssica foi levada ainda com vida para o Hospital Albert Schweitzer. Depois, foi transferida para o Hospital de Saracuruna, onde morreu. Kelly diz ter dificuldades de entrar no Albert Schweitzer até hoje e afirma que, após a morte da irmã, sua nunca mais voltou a ser a mesma.
“Eu era a irmã mais velha. Minha mãe viajava e eu cuidava dela. No começo, eu tinha uma revolta. No meu modo de pensar, aquele lugar não tinha mais que existir e todos que estavam lá tinham que ser punidos, porque deixaram aquilo acontecer. Porque eu achava que era um erro. Ela foi para a escola e foi morta lá. Fiquei muito revoltada”, desabafou.
“Eu era a irmã mais velha. Minha mãe viajava e eu cuidava dela. No começo, eu tinha uma revolta. No meu modo de pensar, aquele lugar não tinha mais que existir e todos que estavam lá tinham que ser punidos, porque deixaram aquilo acontecer. Porque eu achava que era um erro. Ela foi para a escola e foi morta lá. Fiquei muito revoltada”, desabafou.
Vidas alteradas
Ao longo deste cinco anos, Kelly enfrentou vários problemas de saúde, mas ela acredita que o pior é a saudade. Ela diz que o filho a mantém em pé.
“Eu tenho um filho de sete anos, que na época tinha dois. E eu tenho que explicar tudo para ele. Às vezes, tenho medo de mandá-lo para a escola. Tenho medo que aconteça algo com ele. Tem dias que estou sorrindo, mas meu coração está apertado e dolorido”, contou.
Ao longo deste cinco anos, Kelly enfrentou vários problemas de saúde, mas ela acredita que o pior é a saudade. Ela diz que o filho a mantém em pé.
“Eu tenho um filho de sete anos, que na época tinha dois. E eu tenho que explicar tudo para ele. Às vezes, tenho medo de mandá-lo para a escola. Tenho medo que aconteça algo com ele. Tem dias que estou sorrindo, mas meu coração está apertado e dolorido”, contou.
Tainá também teve a vida alterada após o massacre de Realengo. Ela continuou na escola, porque a irmã desejou voltar. Mas as lembranças daquela manhã de 7 de abril de 2011 a perseguiam. As duas irmãs acabaram saindo da Tasso da Silveira.
“É dolorido porque, quando você lembra, revê tudo. É doído. As pessoas dizem que o tempo vai curar a dor, mas ela só aumenta” assevera Tainá Bispo.
Pouco tempo após a morte de Milena, a família ganhou mais um integrante: Davi, um irmãozinho para Tainá e Helena. O nascimento da criança as ajudou a continuar caminhando, mesmo com a dor.
“Quando a Milena morreu, minha vontade de viver morreu com ela. Mas quando o Davi nasceu, surgiu uma nova esperança”, revelou a jovem.
“É dolorido porque, quando você lembra, revê tudo. É doído. As pessoas dizem que o tempo vai curar a dor, mas ela só aumenta” assevera Tainá Bispo.
Pouco tempo após a morte de Milena, a família ganhou mais um integrante: Davi, um irmãozinho para Tainá e Helena. O nascimento da criança as ajudou a continuar caminhando, mesmo com a dor.
“Quando a Milena morreu, minha vontade de viver morreu com ela. Mas quando o Davi nasceu, surgiu uma nova esperança”, revelou a jovem.
União e luta
As famílias de todas as vítimas do massacre na Escola Tasso da Silveira formaram a“Associação dos Anjos de Realengo”, que promove ações contra o bullying e combate a violência nas escolas. O objetivo da luta é evitar a formação de outros jovens que, assim como Wellington, resolvam vingar os assédios morais com um ato tão violento. O autor do massacre havia sido aluno da Tasso da Silveira, onde teria sido vítima de bullying, suposta motivação atribuída para que ele planejasse o massacre.
O símbolo do grupo é uma fita verde, que simboliza a esperança em um futuro melhor nas escolas, onde outras famílias não precisem passar anos guardando as lembranças de um crime.
“Eu não vou esquecer a minha irmã. Mas também não quero mais chorar. A sensação que tenho é a de que apenas vejo os dias passar. Mas eu quero seguir em frente, quero tocar a minha vida”, afirmou Kelly.
As famílias de todas as vítimas do massacre na Escola Tasso da Silveira formaram a“Associação dos Anjos de Realengo”, que promove ações contra o bullying e combate a violência nas escolas. O objetivo da luta é evitar a formação de outros jovens que, assim como Wellington, resolvam vingar os assédios morais com um ato tão violento. O autor do massacre havia sido aluno da Tasso da Silveira, onde teria sido vítima de bullying, suposta motivação atribuída para que ele planejasse o massacre.
O símbolo do grupo é uma fita verde, que simboliza a esperança em um futuro melhor nas escolas, onde outras famílias não precisem passar anos guardando as lembranças de um crime.
“Eu não vou esquecer a minha irmã. Mas também não quero mais chorar. A sensação que tenho é a de que apenas vejo os dias passar. Mas eu quero seguir em frente, quero tocar a minha vida”, afirmou Kelly.
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