Ururau/Arquivo
População teme cooperar com a polícia e sofrer represálias de criminosos
Nas últimas semanas a população de Campos vem se sentindo insegura em decorrência dos números alarmantes de crimes contra a vida e da violência em geral que assombra a cidade. Até para denunciar a criminalidade e colaborar com a polícia os munícipes estão recuados, pois dos 27 casos de assassinatos ocorridos no mês passado, dois foram contra moradores que supostamente teriam se desentendido com traficantes, que para eles seriam pessoas delatoras, conhecidas na gíria popular como “X9”.
Na noite desta terça-feira (03/02), Jussara Fonseca da Silva, 51 anos, foi executada com dois tiros no interior da sua casa, na Rua 18 do conjunto habitacional popular do Parque Eldorado, em Guarus. Ela também seria mais uma vítima do tráfico, pois de acordo com a PM, os criminosos desconfiavam de que a mulher estaria denunciando as práticas ilícitas na comunidade do Sapo I.
Em janeiro foi registrado quase que um homicídio por dia e de acordo com o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente coronel Marcelo Freiman, os casos que ainda não conseguiram ser solucionados, teriam acontecido de forma premeditada e dentro de residências, o que segundo Freiman, dificultou a ação preventiva da polícia.
Foi o que aconteceu com o comerciante, Emilson dos Santos Mendes, 38 anos, que tinha um estabelecimento no Parque Guarus, onde residia e foi morto no local onde construía o segundo ponto comercial. Na oportunidade foi dito que o imóvel em construção estaria sendo usado pelo tráfico para embalagem de entorpecentes, o que teria feito com que a vítima procurasse a polícia, motivo pelo qual foi executada.
“Infelizmente em janeiro não conseguimos cumprir a meta e ficamos acima dela, coisa que não aconteceu em dezembro, onde ficamos abaixo da meta e registramos 23 homicídios. Mas, na maioria dos casos tivemos prisões em flagrantes de suspeitos envolvidos nesses crimes e contamos com a ajuda da população através do Disque Denúncia (22) 2723 1177 ou pelo 190”, ressaltou o comandante.
Perguntado sobre os crimes cometidos contra supostos denunciantes, o tenente coronel enfatizou a importância do sigilo e anonimato. “As pessoas precisam saber que o Disque Denúncia é anônimo, ninguém precisa se identificar. Outra coisa que eu aconselho é que ao fazer as denúncias, o cidadão saia de sua casa e a faça em outro ambiente, como no local de trabalho, por exemplo, e de preferência sem comentar com ninguém, nem mesmo com familiares”, recomendou.
No dia 14 de janeiro, a dona de casa Eliane de Souza Félix, 46 anos, foi executada quando trafegava de bicicleta pela Avenida Carmem Carneiro, próximo ao Parque Aeroporto, em Guarus. Na oportunidade, suspeitos de moto passaram e efetuaram vários tiros na direção dela, que não resistiu e morreu à margem da linha.
Segundo a Polícia Civil, a dona de casa foi assassinada porque colaborava com informações para a polícia no combate ao tráfico de drogas no Parque Aeroporto. Três criminosos pela prática do crime foram presos e já se encontram encarcerados.
Um motoboy também foi atingido por uma bala perdida durante o tiroteio. Ele conseguiu chegar de moto ao Hospital Geral de Guarus (HGG), sendo transferido para o HFM, onde continua internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Os assaltos, principalmente a transeuntes, também tem feito com que os munícipes se sintam intimidados e com medo de saírem de suas casas. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, somente no mês de dezembro do ano passado o município registrou cerca de 80 casos de roubos a transeuntes, sendo que a maioria deles, na área central.
POPULAÇÃO DIZ ESTAR ASSUSTADA E PEDE MAIS POLICIAMENTO
Cada vez mais assustada com a sensação de insegurança presente em todo lugar na cidade, a enfermeira Charlany Rosa, 26 anos, disse que está muito difícil de andar nas ruas e não se sentir amedrontada. Ela ainda contou que somente no bairro onde mora, no Parque Prazeres, em Guarus, já teria sido assaltada por três vezes.
Cada vez mais assustada com a sensação de insegurança presente em todo lugar na cidade, a enfermeira Charlany Rosa, 26 anos, disse que está muito difícil de andar nas ruas e não se sentir amedrontada. Ela ainda contou que somente no bairro onde mora, no Parque Prazeres, em Guarus, já teria sido assaltada por três vezes.
“Não vejo viaturas na rua, não vejo policiais fazendo patrulhamento, tudo isso só no meu bairro imagina em outros locais. Está complicado sair de casa e não saber se vai voltar sem o celular, sem o dinheiro das contas ou até mesmo com vida. O medo é tanto que até quando vocês (equipe Ururau) se aproximaram de mim eu me assustei”, brincou a enfermeira.
Morador do Parque Guarus, o comerciante Leandro Azevedo, 40 anos, concordou com a jovem e acrescentou que o policiamento tem de ser mais ofensivo, principalmente nos pontos críticos da cidade. “Eu não vejo segurança nas ruas com frequência e para você ter ideia, só saio de casa com o celular escondido”, confessou.
GUARUS TERÁ COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR
Por conta do alto índice de criminalidade na região de Guarus, será instalada até o final de fevereiro deste ano em Guarus, uma companhia que atuará de forma preventiva no combate a criminalidade na região.
Por conta do alto índice de criminalidade na região de Guarus, será instalada até o final de fevereiro deste ano em Guarus, uma companhia que atuará de forma preventiva no combate a criminalidade na região.
A 2ª Cia, que de acordo com anúncio feito pelo comandante, deverá ser fixada na área onde funcionava o 6º Comando de Policiamento de Área (CPA), no Parque Santa Rosa, será o canal de comunicação entre o comandante da companhia e o comando do 8º BPM.
“As informações que o comandante da Cia obter poderá chegar a mim de forma mais detalhada, de modo que podemos fazer um planejamento mais adequado para que possamos ver o que está acontecendo no local. Ele (comandante da companhia) vai estar muito próximo da comunidade e fará ações especificas como, por exemplo, na identificação de pessoas (criminosos) e isso facilitará as nossas ações e poderemos atender as demandas específicas da população”, explicou Freiman informando que a base em Guarus já está funcionando parcialmente.
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