sábado, 28 de fevereiro de 2015

Justiça do RJ decreta prisão dos PMs acusados de matar jovem no Sumaré


Denúncia do Ministério Público foi aceita e prisão preventiva decretada.
Câmeras da viatura registraram a ação dos dois policiais.

Do G1 Rio
GNews - PMs Sumaré (Foto: globonews)Vídeo registrado pelas câmeras da viatura mostram diálogos que deixam claro o crime cometido pelos dois PMs (Foto: globonews)

A juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar, aceitou a denúncia do Ministério Público e decretou a prisão preventiva dos policiais militares Fábio Magalhães Ferreira e Vinícius Lima Vieira. Ambos sequestraram três garotos no Centro do Rio e mataram um deles em um matagal ao lado da Estrada do Sumaré em junho do ano passado.
Em seu despacho, a magistrada destacou que os crimes cometidos pelos dois PMS são “de natureza gravíssima”. Ela considerou ser indispensável que ambos aguardem julgamento presos pois “uma vez em liberdade, poderão os acusados tomar providências no sentido de inviabilizar a repetição das provas em sede judicial, especialmente intimidando-as, podendo incutir-lhes medo, para dizer o mínimo”.
Um dos garotos que sobreviveu à ação dos dois PMs contou em depoimento que fingiu-se de morto para escapar. O outro garoto, que foi poupado dos tiros, foi severamente ameaçado pela dupla policial. As ameaças constam no vídeo registrado pelas câmeras da viatura.
PMs suspeitos de matar menor no Sumaré chegam para depor na Divisão de Homicídios, no Rio, que investiga o caso, nesta terça-feira (22). O delegado Rivaldo Barbosa considera crucial esses depoimentos para esclarecer pontos que ainda continuam obscuros nes (Foto: Gabirel Barreira/G1)Dupla chegou a negar o crime 
(Foto: Gabirel Barreira/G1)
“Vou passar no seu box lá, quero te vê trabalhando. Se não tive trabalhando lá, vou em Linópolis te buscar”, disse o cabo Vinícius ao menor. O cabo Fábio ratificou a ameaça afirmando que “se tiver alguma fofoca ali na Uruguaiana de que tu veio aqui em cima com a gente, a gente vai atrás de tu. Escutou? Vai fingir que nada aconteceu”.
A ação
No dia 11 de junho de 2014, os policiais realizavam um patrulhamento na Avenida Presidente Vargas, uma das principais do Centro, onde procuravam por dois menores de idade que estariam cometendo assaltos na região. Encontraram primeiro um, dirigiram por mais um tempo e acharam o segundo. Guardas municipais que estavam próximos à cena trouxeram outra pessoa, um jovem de camisa preta.
Eles, então, decidiram que levariam os três "lá para cima", referindo-se ao Morro do Sumaré, no Parque Nacional da Tijuca, Zona Norte. Às 10h20, eles param pela primeira vez e provocam os jovens, seguindo com o carro para um pouco mais à frente. Às 10h27, um dos homens sai do carro e leva o jovem de camisa preta, deixando os outros dois menores, acusados de cometer assaltos, na caçamba da viatura. Eles são chamados no rádio do carro, mas ninguém responde. Às 10h32, o vídeo é interrompido, com a câmera voltando a funcionar apenas dez minutos depois.Nesse meio tempo, os policiais haviam matado Matheus de Souza, de 14 anos, e atirado duas vezes contra outro menor, de 15 anos. O rapaz, que sobreviveu aos disparos, contou que só escapou porque se fingiu de morto, após ter sido baleado nas costas e na perna.
O promotor de Justiça Homero Freitas acredita que, ao cometer o crime, os policiais tinham certeza da impunidade: "Eles não contavam que o outro jovem que levou os tiros permanecessem vivos. Eles tinham certeza que ninguém saberia de nada", avalia o promotor.

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