A Anistia Internacional divulgou nota pedindo que as circunstâncias das cinco mortes ocorridas na operação da Polícia Federal nesta segunda-feira (4) sejam investigadas de forma ampla, imparcial e independente. A PF realizou operação na manhã desta segunda na Favela de Acari, na Zona Norte do Rio, com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil do Rio. Segunda a polícia, cinco suspeitos morreram no confronto. Por causa da operação, mais de 700 alunos da rede municipal ficaram sem aulas.
De acordo com a Polícia Federal, a ação tinha como objetivo cumprir o mandado de prisão de um homem de 51 anos condenado pela 2ª Vara Federal Criminal a 8 anos de prisão, por tráfico de drogas. Os policiais localizaram a casa do procurado, mas ele não foi encontrado. Foram apreendidos um fuzil, quatro pistolas, uma granada e drogas.
“É muito preocupante que o número de pessoas mortas em operações policiais no Rio de Janeiro venha subindo significativamente desde 2013. Só no ano de 2015 foram cerca de 600 pessoas vítimas de homicídio decorrente de intervenção policial. A poucos meses dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro mostra que continua com uma política de segurança pública extremamente letal, especialmente em territórios de favelas e periferias”, disse Atila Roque, diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil.
Por volta das 6h, agentes teriam sido recebidos a tiros e revidaram. Houve tiroteio e os cinco homens foram mortos. Armas foram apreendidas, a perícia foi feita no local e o caso foi encaminhado para a 39ª DP (Pavuna).
saiba mais
Ainda de acordo com a Polícia Federal, a ação teve o apoio da Core porque o local é considerado "perigoso". De acordo com o delegado da Core Fabricio de Oliveira, a operação foi bem sucedida mesmo não tendo efetuado a prisão do acusado.
Um documento da Anistia Internacional divulgado em agosto de 2015 e publicado pelo G1, denunciava 9 casos de execuções extrajudiciais em 10 mortes investigadas em ações da PM, todas na comunidade da Zona Norte. Naqueles casos, as vítimas não estariam armadas e não teriam trocado tiros com a polícia, segundo a Anistia.
Moradores que estiveram na delegacia nesta segunda (4) afirmaram que houve abusos dos agentes durante a operação e ao menos uma moradora teria sido baleada acidentalmente.
"Não dão satisfação [aos moradores], prenderam meu sobrinho e não sei nem o que aconteceu. Estamos atrás de advogado para dizer o que aconteceu para a família até porque ele é analfabeto e não pode assinar [o termo circunstanciado]. Meu sobrinho está machucado no rosto e dizem que ele caiu. Antes de vir para cá ele não tinha corte nenhum no rosto. Tem morador baleado na perna, só os moradores sabem a covardia que é lá dentro", afirmou uma auxiliar de serviços gerais moradora da comunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário