segunda-feira, 28 de março de 2016

Famílias do ES cobram auxílio prometido pela Samarco


Ariele RuiDa TV Gazeta
Das 34 famílias do Norte do Espírito Santo que foram cadastradas pela mineradora Samarco para receber o cartão de benefício da empresa, apenas sete haviam conseguido o auxílio até esta segunda-feira (28).
Produtores rurais contam que não conseguem vender nada, por causa da contaminação pela lama de rejeitos de minérios, que veio do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais.
A Samarco informou que continua fazendo cadastro de pescadores no estado e que para realizar a entrega dos cartões, a empresa faz um cruzamento de informações das pessoas afetadas e conta com apoio das prefeituras e associações. Segundo a empresa, nem todos os cadastrados se encaixam nos critérios exigidos.
Há quase quatro meses, a bomba de irrigação da lavoura do produtor rural Antonio Cordeiro está desligada. Com a chegada da lama de rejeitos de minério ao Rio Doce, a água não pode mais ser usada para molhar a plantação
Por causa da última cheia do rio, que aconteceu em janeiro deste ano, a água inundou as plantações e, junto, veio a lama de rejeitos de minério, que afetou a produção. “Perdi tudo por causa disso. Destruiu pouca coisa, mas ninguém quer, porque é da beira do Rio Doce”, falou Cordeiro.
Mesmo com a perda, ele contou que não conseguiu o auxílio da Samarco. “Hoje, eu recebi uma ligação e me falaram que eu não tenho direito, porque analisaram o cadastro e falaram que a lama não atingiu nada meu. Como não atingiu? Tem muita coisa perdida. Cacau, cana, banana foram perdidos tudo. Havia 1,8 mil mudas de cacau e tudo se queimou”, disse o produtor.
Em Areal, comunidade que fica próximo à foz do Rio Doce, em Linhares, várias famílias dependiam do rio para tirar o sustento. Segundo os moradores, a lama poluiu a água vinda, inclusive, de poços artesianos.
“A água ficou assim porque estamos perto do rio. Usamos para cozinhar, tomar banho, lavar roupa, louça. Para beber, a Samarco dá, mas até quando? Ela prometeu que ia colocar o poço ali para a gente, mas até hoje não decidiu”, falou a dona de casa Nilcilene Martins.
A bomba de captação no local está pronta, junto à caixa d'água de 5 mil litros, mas não funciona. Moradores cadastrados para receber o benefício contam que precisam do dinheiro para sobreviver.
“Tenho conta para vencer na próxima semana e eu sou obrigado a pegar dinheiro emprestado com vizinho para poder cobrir, para não sujar meu nome”, disse o desempregado José Souza de Barcelos.

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