Carlos Grevi
Professor universitário Mazô Athayde Júnior é autor de livro com 500 exercícios
Quem ainda não tem dúvidas sobre como escrever corretamente após o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que atire a primeira pedra. As novas regras, que começaram a vigorar em 2009, serão obrigatórias a partir de janeiro de 2016. Muita gente se descabela. Alguns questionam o motivo das mudanças. Já o professor universitário campista Mazô Athayde Júnior acha que as regras são simples e vieram para facilitar.
“Apesar do período de transição, acredito que, para os que têm dúvidas, é necessário superar os obstáculos, estudar e dominar as regras. Não tenho dúvidas de que elas vieram para tornar nossa ortografia mais simples”, comenta o professor, observando que a mudança acontece não apenas no Brasil, mas em todas as nações que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (PLP). “Em Portugal, por exemplo, antes do Acordo, eles escreviam directo, Egipto. Hoje a grafia é como a daqui do Brasil: direto e Egito. Lá, eles não utilizam o trema. Por isso, o trema deixará de ser utilizado aqui no país”, explica.
Com base nas novas regras, o alfabeto brasileiro, que tinha 23 letras, recebe o acréscimo de três: K, W e Y. Também ocorrerão mudanças em algumas regras de acentuação. As dúvidas mais frequentes são a acentuação de palavras paroxítonas com ditongo aberto e o uso do hífen.
Desde que as mudanças foram anunciadas pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mazô elaborou várias questões sobre o assunto para trabalhar com seus alunos. “Minha intenção inicial era apenas elaborar questões que facilitassem o aprendizado deles”. O resultado foi tão favorável que o professor resolveu lançar um livro, Acordo ortográfico – 500 Exercícios, todos com gabarito e comentários. Trata-se de uma obra inédita, que pode ajudar muita gente a perceber que a língua portuguesa não é nenhum monstro.
Principais mudanças do Novo Acordo Ortográfico
TREMA
Deixa de existir. Se você escrevia conseqüência, agora passe a escrever consequência.
ACENTUAÇÃO
Ditongos de palavras paroxítonas – ei e oi: deixaram de existir os acentos nos ditongos abertos de palavras paroxítonas. Ex: moreia, europeia, paranoia, centopeia, joia, estreia
Hiato: deixaram de existir os acentos circunflexos. Se antes você escrevia vôo, enjôo, vêem, lêem, agora passa a escrever voo, enjoo, veem, leem.
Letra U e I tônico: estas vogais deixam de ser acentuadas nas sílabas que, qui, gue e gui de verbos como apaziguar, averiguar e obliquar. Também perdem os acentos as palavras paroxítonas com a letra I ou U tônicas precedidas por ditongos. Ex: feiura, baiuca.
Acento diferencial: os acentos usados para distinguir duas palavras iguais com significados diferentes deixam de existir nos seguintes casos: para e pelo (não existe mais pára e pêlo). Mas há exceções. O acento diferencial permanece em pode (verbo no presente) e pôde (verbo no passado) e pôr (verbo) e por (preposição).
ALFABETO
O alfabeto brasileiro ganha mais três letras (K, W e Y), passando de 23 para 26 letras.
HÍFEN
* Usa-se sempre diante de palavra iniciada por h. Ex: anti-higiênico, co-herdeiro, sobre-humano, super-homem. A exceção é a palavra subumano.
* Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Ex: aeroespacial, antiaéreo, anteontem, coautor, autoescola, infraestrutura, plurianual, semiaberto. Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coordenar, cooperar, etc.
* Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Ex: anteprojeto, autopeça, coprodução, seminovo, microcomputador.
* O hífen sempre será usado com o prefixo vice. Ex: vice-rei, vice-versa.
* Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Ex: antirrábico, antirrugas, contrassenso, contrarregra, biorritmo, ultrassom, minissaia, semirreta. A exceção é guarda-roupa.
* Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Ex: anti-ibérico, anti-inflamatório, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus.
* Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Ex: inter-racial, super-resistente, hiper-requintado, inter-regional.
* Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r. Ex: sub-região, sub-raça.
* Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal. Ex: circum-navegação, pan-americano.
* Atenção: nos demais casos não se usa o hífen. Ex: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
* Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Ex: hiperacidez, hiperativo, superamigo, interestadual, superaquecimento.
* Usa-se sempre o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró. Ex: alem-mar, ex-aluno, ex-prefeito, pré-vestibular, recém-casado, sem-terra.
* Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani; Açu, guaçu e mirim.
* Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos. Ex: Ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
* Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Ex: girassol, mandachuva, paraquedas, pontapé.
(fonte: Michaelis)
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