terça-feira, 25 de março de 2014

CAMPOS É A PRIMEIRA DO PAÍS A COLOCAR UM NANOSSATÉLITE EM ÓRBITA


Projeto Campos Sat é encabeçado pelo Clube de Astronomia Louis Cruls
 Carlos Grevi/ Revista

Projeto Campos Sat é encabeçado pelo Clube de Astronomia Louis Cruls

Praticamente sem nenhum alarde, Campos está prestes a se tornar a primeira cidade do Brasil a enviar para o espaço um satélite construído pela iniciativa privada. Até agora mantido em sigilo, o projeto é encabeçado pelo Clube de Astronomia Louis Cruls. Montado com tecnologia romena e apoio de uma empresa canadense, o equipamento será lançado em meados deste ano por um foguete indiano. 
Trata-se, na verdade, de um nanossatélite, um satélite de pequeno porte em formato de cubo, com 10 cm de aresta e peso inferior a 10 quilos. Ele vai orbitar o planeta Terra a 600 quilômetros de altura, enviando dados de variação de pressão e temperatura, além de informações sobre a cidade de Campos, que poderão ser captadas por radioamadores de todo o mundo.
“A gente já sabe como fazer, agora está na etapa da construção. Se tudo correr bem, em abril o satélite vai estar pronto”, prevê o físico Marcelo Oliveira, membro do Clube de Astronomia. Seis pessoas estão envolvidas diretamente no projeto, que tem o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que testará o equipamento em sua base de São José dos Campos (SP).
Devido ao baixo custo pelo tamanho reduzido, os nanossatélites são uma tendência mundial. Diversas equipes se dedicam à sua montagem. Mas a maior dificuldade está justamente em colocá-los em órbita: são raras as oportunidades, visto que poucos países detêm tecnologia para o lançamento de foguetes. Os campistas conseguiram vencer esta barreira e, se tudo correr bem, vão escrever seu nome na história do Brasil, que tem apenas três satélites desenvolvidos com tecnologia nacional: os Satélites de Coleta de Dados (SCD) 1, 2 e 3, colocados em órbita a partir de 1993. Outros três, da série BrasilSat, foram comprados pelo governo federal, mas montados fora do país. Nanossatélite, este será o primeiro.
“A área espacial é prioritária para qualquer nação. Precisamos ter pessoas capacitadas aqui. E os nanossatélites são estratégicos para incentivar os estudantes a investir nessa área. Será uma maneira de estarmos na vanguarda da pesquisa. E, quem sabe, esta não é a porta de entrada para termos um polo aeroespacial aqui na região? O país precisa disso”, comenta Marcelo Oliveira, destacando a importância de os governos e as instituições de ensino investirem mais na formação de profissionais nas áreas de engenharia, física e matemática.
Fundado em 1996, o Clube de Astronomia Louis Cruls coleciona façanhas. Já foi responsável pela descoberta de um asteroide e trouxe a Campos astronautas de todo o mundo (inclusive Edwin “Buzz” Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua). Sua estratégia é tirar a ciência dos laboratórios, levando-a às ruas e escolas – contando para isso com um planetário móvel. Anualmente, a instituição promove em Campos o Encontro Internacional de Astronomia e Astronáutica, cuja sétima edição será realizada entre os dias 10 e 12 de abril. Os interessados podem se inscrever pelo site www.astronomia.eventbrite.com.
DIMENSÃO REDUZIDA AJUDA LANÇAMENTO
Os satélites em miniatura têm dimensões reduzidas, o que facilita sua construção e lançamento: por serem mais leves (até 500 Kg), eles podem ser lançados a bordo de veículos menores e mais baratos e, algumas vezes, podem ser lançados em conjunto, pegando “carona” no lançamento de artefatos maiores. Relativamente novos, eles são divididos em quatro categorias: minissatélites (massa entre 100 kg e 500 kg), microssatélites (entre 10 kg e 100 kg), nanossatélites (entre 1 kg e 10 kg) e picossatélites (menores do que 1 kg).
O modelo que está sendo montado em Campos é do tipo Cube Sat. Por seu formato de cubo, com arestas de 10 cm, ele ocupa pouco espaço, podendo ser facilmente colocado a bordo de um foguete. Uma vez em órbita, o nanossatélite funciona com eletricidade gerada a partir de painéis solares.



Fonte: REVISTA URURA
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