Thiago Macedo
Por causa dos bons resultados, município se tornou exemplo para o mundo
Para cada real investido em imunização, economiza-se 4 reais na cura de doenças. Esta estatística é conhecida em todo o mundo, mas em Campos vem sendo levada muito a sério desde 2009. Desde então, ano após ano, a Prefeitura tem ampliado a oferta de vacinas para crianças e adolescentes, a ponto de o programa de vacinação pública do município já ser considerado o mais completo do Brasil. Se é impossível calcular quanto vale uma vida humana, os números indicam que Campos segue no caminho certo.
A primeira vacina implantada pela prefeita Rosinha Garotinho foi a Prevenar, que protege crianças de até 1 ano contra meningite, pneumonia e outras 11 doenças respiratórias. Cada dose, que chega a custar R$ 500 a dose nos laboratórios particulares, agora é oferecida de graça. E cada criança precisa tomar três doses. Segundo o superintendente de Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, Charbell Kury, a Prevenar teve um grande impacto na diminuição de casos de pneumonia, uma das principais causas de mortalidade pós-neonatal (crianças entre 1 mês e 1 ano).
Em 2010, a Prefeitura de Campos passou a oferecer também a vacina contra hepatite A para crianças de 1 a 2 anos de idade. A cobertura foi tão eficaz que, desde abril de 2013, não foi registrada nenhuma notificação. “O vírus está sumindo”, garante Charbell, que divide o crédito com os programas de saneamento, como o Bairro Legal, o Meu Bairro é Show e o Morar Feliz.
Em 2011, foi a vez da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV). Destina-se a meninas de 11 a 15 anos, que, desta forma, protegem-se contra futuras doenças, como o câncer de colo de útero. De acordo com o superintendente de Saúde Coletiva, foi necessário montar uma estratégia especial para conscientizar os pais: muitos achavam que, tomando a vacina, a filha não era mais virgem ou veria na prevenção contra o HPV um sinal verde para iniciar sua vida sexual. Mas a vacina emplacou; tanto que, recentemente, o Ministério da Saúde passou a incluí-la no calendário nacional de vacinação. A Prefeitura de Campos, então, vai ampliar sua ação, passando a vacinar também os meninos de 12 e 13 anos.
A recepcionista Luciana Coelho de Abreu, 30 anos, conhece bem o drama das doenças infantis. Sua filha, Liz, de 2 anos e 7 meses, pegou catapora pouco antes de ser vacinada. “O corpinho dela ficou cheio de feridas e ela teve febre alta. Daí o quadro se agravou e eu entrei em desespero. Graças a Deus deu tudo certo, mas se ela tivesse tomado a dose antes nada disso tinha acontecido”, reconhece.
O bom resultado do programa de imunização adotado em Campos tem merecido a atenção de especialistas de todo o mundo. Em novembro do ano passado, Charbell representou o município no VIII Congresso Mundial de Doenças Infecciosas Pediátricas na África do Sul. No próximo mês de abril, deve fazer uma palestra na China. Em agosto, estará no Congresso Mundial de HPV em Seattle (EUA). A terra do chuvisco se tornou a terra da saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário