Vagner Basilio
Advogado diz que réu estava em Macaé no dia do crime
Parentes, amigos e pessoas solidárias se reuniram em frente ao fórum de Conceição de Macabu, nesta quarta-feira (26/06), para acompanhar mais um capítulo do desenrolar de um crime que chocou a população do município.
Cristiano Maurício de Castro (Pindoco) é acusado de matar a ex-sogra, Amariza Alves dos Santos Moraes, de 59 anos, a ex-cunhada, Simone dos Santos, de 39 e o filho dela, Marcelo dos Santos da Silva, de 17, na noite do dia 02 de março. Apesar de ser atingida com um tiro na cabeça a ex-mulher de Cristiano, Cátia dos Santos, sobreviveu.
A irmã da sobrevivente, Cristiane dos Santos, foi a primeira a chegar ao local do crime, a casa onde cresceu e foi criada, onde há pelo menos 30 anos a família se reunia com frequência. Ela contou que conhecidos foram buscá-la em casa, dizendo que alguma coisa tinha acontecido com sua família. Ao chegar no imóvel ela encontrou o corpo da irmã mais velha embaixo da mesa da cozinha. No quarto, a mãe já sem vida. No banheiro da suíte, ao lado do vaso estava o corpo do jovem sobrinho e a irmã, que mesmo atingida por um tiro na cabeça teve lucidez para apontar o autor da barbárie. Por detrás das cortinas, os dois filhos de Cátia se escondiam da fúria do atirador.
Patrícia dos Santos, irmã de Cristiane e Cátia, contou que mora em Macaé e ficou sabendo da tragédia, que mudaria para sempre a vida de sua família, cerca de uma hora e meia depois. E que foi com a ajuda do marido e de amigos que chegou ao local.
"Primeiro a Cris me ligou e ela gritava muito, eu não entendia nada. Depois outra pessoa me ligou dizendo que tinham matado minha família toda e que era pra eu correr pra Macabu. Nem sei no que pensei na hora, eu tinha falado com a Cris, sabia que ela estava bem e só. Uma amiga entrou em contato e nós viemos. Quando cheguei a casa estava lacrada com a polícia na frente, e o rabecão. O corpo da minha mãe foi encontrado com as mãos sobre o peito e meu sobrinho apanhou muito. Tinha cortes no rosto que também estava muito roxo", contou muito abalada.
No dia 23 de maio foi realizada a primeira audiência onde Cátia e Cristiane foram ouvidas. Nesta quarta-feira somente testemunhas de defesa de Cristiano foram convocadas. A ex-mulher, do primeiro casamento e com a qual teve dois filhos. A mãe de uma mulher com quem ele teria um envolvimento, um ex-funcionário e um policial militar. A linha a seguir será a de confirmar que o réu não estaria em Conceição de Macabu no dia do crime.
"Agora começa a fase de confronto de provas orais. As provas já foram tomadas em depoimento pela acusação e agora começa a fase de depoimento das provas arroladas pela defesa. Acredito que estas são mais coerentes, fortes e em número maior que as de acusação, tendo em vista que somente duas testemunhas arroladas pela acusação foram mais enfáticas em arrolar ao Cristiano a autoria dos homicídios", disse o advogado de defesa Vitor Meireles Gonçalves, que acrescentou ainda que a próxima audiência deverá acontecer na comarca de Macaé e que as testemunhas citadas no processo deverão comprovar que ele não estava em Conceição de Macabu no dia do crime, quando esteve durante todo o dia em Macaé fazendo entrega, com notas fiscais, e tendo ainda ajudado um vizinho em uma mudança.
"Eu acredito que a inocência do Cristiano agora vai começar a aparecer, porque a fofoca foi o que pairou até agora na Comarca. Agora que será separado realmente o joio do trigo e a população vai saber com base em provas que não foi o Cristiano, que a prisão do Cristiano foi feita com base numa busca de resposta para a sociedade, que vai saber agora que o Cristiano não foi o autor dos homicídios", disse o advogado acrescentando ainda que as características do crime tem semelhança com as práticas de grupos de extermínio, onde as vítimas foram atingidas por disparos em pontos fatais, peito e cabeça.
Para a família das vítimas resta o protesto e a busca por respostas e justiça. "Nós somos reféns desse assassino. Até hoje temos medo de ficar em casa, à noite a gente sempre fecha tudo cedo e qualquer barulho assusta. Nós morremos com nossa mãe, nossa irmã e nosso sobrinho, mas quem ele mais queria que morresse ficou viva para fazer justiça".
Cátia dos Santos esteve no fórum, mas passou mal quando o suspeito dos crimes chegou. Segundo a irmã ela ficou muito agitada temendo que o filho visse o pai ou vice e versa. Eles não se veem desde que o crime aconteceu.
Cristiano Maurício de Castro retornou após o término da audiência para a Cadeia Pública de Campos, onde está a disposição da Justiça.
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