Gerson Gonçalo / Carlos Grevi
Homens teriam ameaçado de morte cerca de 50 famílias caso retornassem às casas
Há cinco anos morando em Campos, uma família nunca imaginou que viveria uma situação tão desesperadora. Vindas do Rio de Janeiro, mãe e duas filhas alegam ter sido expulsas pelo tráfico de drogas de uma casa do Conjunto Habitacional do Parque Eldorado, construído pelo Governo do Estado. Outras 50 famílias também teriam passado pelo mesmo problema.
O drama das três começou em agosto de 2013, quando a mãe com as duas filhas foram despejadas de uma casa no Jóquei Clube, porque não conseguiram pagar o aluguel. A renda da família vinha de um comércio, também alugado, mas que teve de ser fechado.
No mesmo momento da notícia de despejo, a mãe, de 34 anos, que terá a identidade preservada por questões de segurança, recebeu a notícia de que a filha de 12 anos que, na ocasião, fazia curso para Guarda Mirim na Fundação da Infância e Juventude, através do Programa Desafio, teria sido agredida por quatro adolescentes que também faziam o curso.
“Com esta ameaça resolvi procurar a Promotoria da Infância e Juventude. O Conselho Tutelar mandou que eu escolhesse entre fechar o meu comércio ou perder a guarda das minhas filhas, então preferi deixar o comércio, que foi onde a proprietária da casa, pediu que eu saísse”, contou a mulher.
Na última quinta-feira (20/02), a família recebeu a chave e resolveu limpar o imóvel. Mas segundo a mulher, no momento que fazia a limpeza, dois homens em uma moto chegaram questionando de qual facção criminosa a família seria. Mediante a informação de que ela não pertenceria a nenhuma facção, os homens a teriam obrigado a sair do local e a ameaçaram de morte, caso voltasse. Na sexta-feira (21/02), ela foi internada para uma cirurgia na barriga.
No sábado (22/02), o pai da mulher resolveu ir visitar a casa e verificou que os vidros da janela e da porta estavam quebrados. “Eu estava no hospital, quando meu pai me deu a notícia, e ainda sem acreditar, perguntei a ele como isso tinha acontecido se as chaves da casa estavam comigo. Então ele me disse que arrombaram a casa”, disse, ressaltando que alguns pertences da família também foram roubados pelos invasores.
A Secretaria de Família e Assistência Social informou que a denúncia do Ministério Público Estadual foi protocolada na tarde desta quinta-feira (27/02) e a Secretaria está avaliando o melhor local para abrigar a família.
A equipe de reportagem também entrou em contato com o tenente coronel Antônio Carlos Sabino, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, que negou ter recebido qualquer denúncia sobre o assunto. “Não recebemos nenhum tipo de denúncia deste caso. As famílias que foram expulsas de sua moradia podem vir ao Batalhão para conversarmos e procurar uma solução. A população deve temer aos traficantes e não a Polícia Militar, que só tem o intuito de ajudá-la”, esclareceu Sabino.
Em contato com a Secretaria Estadual de Habitação, a equipe do Site Ururau só conseguiu a informação de que após a entrega das chaves foi feito um levantamento de todos os moradores do Conjunto Habitacional, onde nenhum morador apresentou esse tipo de denúncia. Outras informações não foram repassadas, já que a Secretaria só volta a funcionar na quinta-feira (06/03), após o Carnaval.
ENTREGA DAS CASASA Secretaria de Habitação, por meio da Companhia Estadual de Habitação (da Cehab), entregou no dia 28 de janeiro, as 138 casas que integram o Conjunto Habitacional Parque Eldorado, em Guarus. Os imóveis têm 31 metros quadrados, sendo cinco unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais com 41 metros quadrados.
Segundo a Cehab, o investimento total foi de R$ 6.052.621,60, no âmbito do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (PAC/FNHIS), sendo R$ 2.962.330,09 como contrapartida do Estado.
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