segunda-feira, 17 de julho de 2017

'Não estou com a minha família por medo', afirma jovem que diz ter sido agredido em delegacia de Niterói, RJ

Jovem diz ter sido agredido em delegacia do Rio (Foto: Cristina Boeckel / G1)A madrugada da última quinta-feira (13) era para ser de alegria para o estudante Andrei Apolônio, de 23 anos. Ele estava celebrando com colegas o fim do primeiro período da faculdade de Artes, na Universidade Federal Fluminense(UFF) quando teve o celular roubado, por volta das 4h. Ele conta que, ao tentar prestar queixa pela perda do aparelho na 81ªDP (Itaipu), foi agredido por um policial com tapas e socos que deixaram várias marcas no corpo e três dentes quebrados.
Na manhã desta segunda-feira (17), ele passou por um exame da arcada dentária no Instituto Médico-Legal ( IML), no Centro do Rio. Desde que as agressões aconteceram, ele está com medo de voltar para casa e sofrer represálias por ter denunciado o caso. Andrei está sendo amparado por uma ONG da cidade. "Minha mãe sabe o que aconteceu. Eu tenho medo de voltar para casa e colocar em risco a vida dos meus familiares. Não estou com a minha família por medo", explicou Andrei, que teve que sair de casa e está sendo mantido em um local reservado por medo de ameaças.Rapaz diz ter sido agredido por policial dentro de delegacia (Foto: Cristina Boeckel / G1)
O jovem conta que foi à delegacia em busca de um registro de ocorrência do roubo do telefone celular e foi mal recebido pelo policial, que se negou a fazer o registro. "Ele falou que por ser gay eu estaria querendo fazer ele trabalhar as 4h", contou o estudante.
Andrei conta que insistiu com o policial em fazer o registro porque estava com receio de esquecer um dos detalhes do roubo do aparelho.
"Eu disse que queria um B.O. ele me puxou para dentro e me disse que eu teria então um B.O.", destacou o estudante, que disse ter sido levado para uma sala dentro da delegacia.
Sentado dentro de uma sala, Andrei contou ao G1 que o policial começou a questionar a sua sexualidade e não fazer perguntas sobre a ocorrência. Ao dizer que não estava ali para fazer brincadeiras e sim para registrar um roubo, o jovem conta que começou a levar tapas.
"Ele começou a me dar tapas na orelha. Quanto mais eu pedia para ele parar, mais ele me batia. O colega dele estava desesperado, viu o que ele estava fazendo , mas só observou", explicou Andrei.
As agressões aconteciam com intervalos, nos quais o policial saía da sala, contou o estudante. Em uma dessas saídas, ele conseguiu fugir, mas foi buscado pelo agente no estacionamento.
Andrei conta que, a partir daí, as agressões começaram a ficar piores, com socos que deixaram várias marcas no rosto e corpo e três dentes quebrados.
"Ele me humilhou e me machucou de todas as formas", explicou.
Emocionado e com a fala prejudicada pelos dentes quebrados, Andrei contou que não é a primeira vez que passou por uma situação de homofobia, mas que jamais imaginou que sofreria uma agressão como essa. Por vergonha dos ferimentos na boca, ele tem evitado sorrir.
Felipe Carvalho, presidente do Grupo Diversidade Niterói, que está dando suporte ao jovem, conta que os casos de reclamação no atendimento em delegacias não são raros.

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