segunda-feira, 31 de julho de 2017

Sete universitários já foram presos neste ano no ES por tráfico de drogas, diz polícia

Meia tonelada de maconha foi apreendida com o estudante Bruno Martins de Oliveira, em Cariacica (Foto: Wagner Martins/ TV Gazeta)
A traídos pelo lucro fácil e apostando em um público consumidor restrito, jovens estudantes têm se infiltrado em faculdades particulares da Grande Vitória para vender drogas. Alguns deles, financiados pelo próprio tráfico. Só neste ano, sete universitários foram presos na região suspeitos de associação criminosa e de usar o espaço acadêmico para comercializar entorpecentes.
As informações são da Polícia Civil. Coincidência ou não, o fato é que em abril, maio e julho deste ano, quatro dos estudantes presos frequentavam o curso de direito.
Para o delegado Augusto Giorno, adjunto da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (Deten), essa aproximação com a faculdade e com esse curso, especificamente, é intencional.
“O ambiente estudantil ajuda a ter proximidade com clientes e a frequentar festas onde podem vender os entorpecentes. Além disso, as faculdades particulares têm pessoas de poder aquisitivo maior, que poderão pagar pela droga. Já a escolha do curso é a busca pelo conhecimento sobre as leis, como funciona a estrutura jurídica”, acredita o delegado.

Pônei

Era com o dinheiro alto recebido no tráfico de drogas que o jovem Bruno Viana da Cruz, de 22 anos, financiava a faculdade de direito. “Pônei”, como era conhecido, foi preso em maio, em Vila Velha.
De acordo com a Polícia Civil, a venda de drogas garantia ao universitário um lucro de R$ 10 mil mensais. Em depoimento à polícia, o jovem confirmou que custeava a faculdade com o que ganhava no tráfico.
Outro caso que chamou a atenção da polícia foi do estudante do segundo período de direito, Bruno Fernandes de Morais, de 20 anos, que encontrou no tráfico a oportunidade de sustentar o próprio vício. Ele foi preso em uma casa de alto padrão, em Manguinhos, na Serra, onde morava, no dia 27 deste mês.
Em depoimento, ele afirmou que vender drogas era uma forma de sustentar o vício, não de lucrar, pois possui condições para manter a faculdade. “Ele fazia festas em casa para manter os clientes e conquistar outros novos. Era a oportunidade perfeita de ganhar dinheiro e ainda manter o vício”, ressaltou Giorno. Uma das maiores apreensões de drogas deste ano foi feita com outro estudante de direito. Bruno Martins de Oliveira, de 23 anos, guardava em casa meia tonelada de maconha.
A droga veio do Paraguai e seria distribuída na Grande Vitória. Segundo a polícia, a faculdade de Bruno era patrocinada pelo tráfico.

Delegado já estuda fazer parceria com faculdades

A sedução da possibilidade de ganhar dinheiro fácil e rápido não pegou apenas jovens estudantes de direito. Universitários de outros cursos também foram presos neste ano envolvidos com tráfico de drogas.
Para tentar impedir o tráfico dentro das faculdades, a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (Deten) já estuda uma parceria com as instituições de ensino da Grande Vitória.
“Não tem nada certo ainda, estamos estudando essa possibilidade. Mas já entramos em contato com algumas faculdades para levantar informações”, revela o delegado Augusto Giorno.
O professor da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Thiago Fabres de Carvalho, defende que somente com a legalização das drogas a oportunidade de mercado – e de lucro exorbitante desejado por quem faz o comércio de drogas – deve diminuir.
“O tráfico é atrativo porque é altamente lucrativo. Nunca houve uma sociedade livre de drogas. Legalizar significa controlar, ao contrário do que afirma o discurso conservador dominante”

Casos

9 de janeiro
Uma operação prendeu Bárbara dos Reis Rodrigues, que se autointitula “Baronesa” do tráfico, e o universitário Rafael Afonso Marinho, 25. Ele cursava Administração em uma faculdade da Serra e era patrocinado pelo tráfico para vender drogas na faculdade. Cumpre pena no Centro de Detenção Provisória da Serra.
9 de abril
Estudante de Direito Pedro Henrique Barbosa Pinto, 26, foi preso por roubar 150 armas do Fórum da Serra. O armamento seria vendido, ou alugado, para traficantes. Ele está no Centro de Detenção Provisória de Viana II.
22 de maio Bruno Viana da Cruz, 22, foi preso em Vila Velha, com 135 quilos de maconha. Com o lucro de R$ 10 mil com o tráfico, ele bancava o curso de Direito. Bruno cumpre pena no CDP II, em Viana.
13 de julho
Meia tonelada de maconha foi apreendida na casa de Bruno Martins de Oliveira, 23, estudante de Direito. O caso aconteceu em São Geraldo II, Cariacica.
18 de julho
No 2º período de Direito, Bruno Fernandes de Morais, 20, traficava na faculdade como forma de bancar o próprio vício. Foi preso em uma casa de alto padrão, em Manguinhos, Serra. Está na Penitenciária Estadual de Vila Velha II.
25 de julho
Estudante de Educação Física, Ronnie Claiton da Silva, 26, foi preso acusado de tráfico, na Serra. Ele usava os Correios para trazer LSD ao Estado.
27 de julho
Daniel Mariano Vieira da Silva, 22, estudante de Administração, foi preso por vender haxixe e skank. Está no Centro de Triagem de Viana.

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