sexta-feira, 24 de maio de 2013

TRAGÉDIA EM MACABU:AUDIÊNIA REÚNE TESTEMUNHAS, SOBREVIVENTE E RÉU



Sobrevivente e acusado se encontram dois meses após crime que vitimou três pessoas da mesma família
 Vagner Basilio / Arquivo

Sobrevivente e acusado se encontram dois meses após crime que vitimou três pessoas da mesma família

Dois meses depois da tragédia que comoveu o município de Conceição de Macabu, aconteceu nesta quinta-feira (23/05), no Fórum da cidade, a primeira oitiva do caso do marido acusado de tentar matar a ex-mulher e matar sua mãe, irmã e sobrinho, no dia três de março deste ano.
Na ocasião, Cristiano Maurício de Castro, conhecido como Pindoco, teria entrado na casa da ex-companheira, arrombando o portão e a janela da casa localizada na Rua José Luiz Sardinha, no bairro Vila Nova, utilizando um machado. Ele teria matado a ex-sogra, Mariza Alves dos Santos Moraes, 59 anos, sua ex-cunhada, Simone dos Santos, 39 anos e o sobrinho da ex-mulher e filho de Simone, Marcelo dos Santos da Silva, de 17 anos.
Cátia, ex-mulher de Cristiano estava na casa no momento do crime e foi atingida na cabeça. Ela sobreviveu, assim como seus dois filhos que teriam se escondido atrás das cortinas do quarto onde as irmãs foram alvejadas.
Familiares, amigos e populares se aglomeraram nas ruas do entorno do Fórum, localizado na Rua Fued Antônio, no Centro de Conceição de Macabu para prestar solidariedade à família das vítimas. Patrícia dos Santos, irmã de Cátia contou com exclusividade ao Site Ururau, que a irmã não estaria morando na cidade. Com um projétil ainda alojado na cabeça, Cátia tem dificuldades de locomoção e passa por tratamento com fisioterapeutas para se livrar das sequelas do corpo. Já para apagar as lembranças da tragédia, toda a família passa por tratamento psicológico.
Patrícia contou que antes da tragédia, a família era formada por cinco mulheres, todas nascidas e criadas em Conceição de Macabu. Com a ausência de Simone, e da mãe, Mariza, sua irmã Cristiane  teria assumido a guarda dos filhos da irmã e dividido com ela os cuidados de Cátia e seus dois filhos.
De acordo com Vitor Meireles, advogado de defesa de Pindoco, nesta primeira fase serão ouvidas apenas as testemunhas de acusação, no entanto, mesmo sem ser ouvido, Cristiano acompanha a oitiva das testemunhas.
“Hoje serão tomados os depoimentos das testemunhas de acusação. São sete testemunhas de acusação. Já as testemunhas de defesa, não houve tempo hábil para que fossem intimadas, então não haverá essa tomada de depoimentos hoje, muito menos a do réu que é o último ato dessa fase de instrução”, disse Vitor que acrescentou ainda que as testemunhas de defesa são de comarcas diferentes e que portanto devem ser ouvidas em lugares distintos, não sendo necessária a vinda dos mesmos à Conceição de Macabu, mas que isso dependeria ainda da decisão da Juíza que acompanha o caso em substituição a Juíza Titular.
O acusado que estava naCadeia Pública Dalton Crespo de Castro, em Campos, chegou ao Fórum por volta das 11h30. Durante o tempo da espera da chegada do acusado, Cátia e sua família, trajando camisas com fotos das vítimas, se mantiveram em uma casa ao lado do Fórum, de onde puderam ver a chegada de Pindoco, que desceu da viatura da Secretária de Administração Penitenciária (Seap), sob vaias e xingamentos da população.
Para preservar a vítima, uma viatura da Polícia Militar foi posicionada em frente a casa onde a mesma estava. Com muita dificuldade para andar, Cátia, que a todo momento manteve um terço em uma das mãos, entrou na viatura e com ajuda de uma cadeira de rodas, foi conduzida ao interior do Fórum.
A dona de casa Cristiane Maurício de Castro, de 36 anos, irmã de Pindoco falou à equipe do Site Ururauque não acredita que o irmão seja o autor do crime. Segundo ela, antes da separação todos viviam muito bem e Cristiano era muito atencioso com a esposa, o filho deles e também com o enteado.
“Eu não acredito que ele fez isso não, que ele matou essas três pessoas, por que a gente vivia muito bem, eu, a Cátia e eles. Eu morava nos fundos e eles moravam na frente. Eu sempre ajudei ela, ela sempre me ajudou. Eu acho que ele vai ser absolvido. Eu tenho certeza, por que eu tenho certeza que ele não fez isso”, disse Cristiane que acrescentou ainda que todos viviam bem até o episódio da água mineral em que Cristiano foi acusado de vender água da torneira com rótulo de uma marca de água mineral.
A irmã contou que logo depois do fato Cristiano saiu da cidade e que três dias depois a cunhada teria abandonado a casa, levando os filhos e voltando para a casa da mãe no bairro vizinho. Cristiane contou ainda que o crime teria acontecido cerca de uma semana depois, quando o irmão ainda estaria fora do município. 
De acordo com Patrícia, irmã de Cátia, os sobrinhos, dois meninos de nove e seis anos, o mais novo filho de Pindoco, teriam assistido toda a tragédia. As crianças teriam pedido pela vida da mãe e se escondido atrás de uma cortina. Com apoio psicológico, os meninos teriam contado todos os detalhes do crime em depoimento e a versão teria coincidido com a apresentada por Cátia, assim que a mesma recebeu autorização médica para tal.
De acordo com populares, no dia do crime, Cristiano teria matado a ex-sogra ainda sala enquanto a ex-mulher se escondeu no quarto com a irmã e os filhos. Marcelo teria entrado em luta corporal com Cristiano, removendo uma máscara que ele estaria usando para encobrir o rosto e sendo atingido por um tiro a queima roupa no peito. Logo depois Pindoco teria atirado contra Simone e Cátia que foi atingida por um disparo na cabeça.
QUATRO TESTEMUNHAS DEPUSERAM A audiência de instrução terminou por volta das 17h. Nem todas as testemunhas que estavam previstas foram ouvidas. De acusação depuseram Cátia e a irmã Cristiane, que foi a primeira pessoa a chegar ao local do crime. Já as testemunhas de defesa foram uma mulher apontada como amante do réu e um amigo dele.
Também estava previsto o depoimento dos dois filhos de Cátia, mas a psicóloga enviou uma carta para a juíza desautorizando a participação dos menores, pois poderia comprometer o tratamento. 
De acordo com Cristiane, as crianças ainda estão muito abaladas, não conseguem ficar sozinhas, nem se quer ir ao banheiro sozinhos. “Agradeço a população de Conceição. Hoje tenho sete crianças para criar, sendo os dois de Cátia, dois da Simone e os meus três filhos. Para isso recebo ajuda do meu padrasto e da população que me doa sacolões”, declarou Cristiane. 
Ainda segundo Cristiane, Cátia que teve a parte motora comprometida pelo tiro que a atingiu não está na cidade, tendo sido levada para um lugar de melhor acesso ao tratamento. O lugar não foi revelado por questões de segurança. 
Cristiano Maurício de Castro acompanhou a audiência e só deixou o fórum às 18h, numa viatura da Polícia Civil tendo em vista que a viatura da Seap — Secretaria de Administração Penitenciária deu defeito.  Ele não depôs, pois será o último a ser ouvido nesta fase de instrução. 

Daniela Abreu

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