segunda-feira, 22 de maio de 2017

Que fim levou o caso do helicóptero apreendido com cocaína no ES?

Foto: Divulgação Polícia Militar
As quatro pessoas presas em flagrante ao pousar um helicóptero em uma fazenda de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína estão soltas desde abril de 2014 e respondem pelo crime em liberdade. O flagrante ocorreu em novembro de 2013 no distrito de São Domingos, a 20 quilômetros do centro de Afonso Cláudio.
O piloto da aeronave, Rogério Almeida Antunes, o copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior e outras duas pessoas acusadas de serem os interceptadores da droga, Everaldo Lopes Souza e Robson Ferreira Dias, cumpriram cinco meses de prisão em regime fechado.
O helicóptero pertencia à empresa Limeira Agropecuária, cujo dono é o ex-deputado estadual e atual secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Gustavo Perrella, cargo atrelado ao Ministério do Esporte. Perrella alegou à Justiça que o piloto Rogério utilizou o helicóptero sem sua autorização. O secretário foi inocentado.
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O VÍDEO DO FLAGRANTE


A aeronave utilizada para o transporte da droga, chegou a ser cedida pela Justiça Federal em janeiro de 2014 para o Governo do Estado, a pedido do governador da época, Renato Casagrande (PSB). No entanto, foi devolvida a Perrella em agosto. Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o modelo R66 da Robinson Helicopter, de prefixo PRGZP, pertence desde junho de 2016 à empresa Lar & Construção Empreendimento Imobiliário.
O mesmo helicóptero foi flagrado em setembro de 2016 fazendo manobras arriscadas sobre banhistas no Lago de Furnas, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais.
Os 445 quilos de cocaína apreendidos foram destruídos pela Polícia Federal, que guardou apenas parte da droga para o arquivamento, caso seja necessário fazer a contraprova do material. Além de parte da droga, o único item apreendido durante a ação da Polícia Federal que permanece sobre o poder da Justiça é um GPS aeronáutico utilizado pela aeronave, já que o instrumento, devidamente periciado, pode ajudar os investigadores a identificar as rotas por onde as drogas foram transportadas.
IRREGULARIDADES NA AÇÃO POLICIAL GERARAM A SOLTURA DOS ACUSADOS
Segundo consta nos autos do processo, a defesa sustentou que a prisão dos quatro suspeitos aconteceu de forma irregular, já que não havia mandados de prisão ou de busca e apreensão para que os agentes da Superintendência de Polícia Federal do Espírito Santo realizassem a operação em Afonso Cláudio.
No ato da prisão, os agentes teriam justificado que estavam investigando um esquema de compra de terrenos de forma ilícita na região e que, ao avistar o pouso do helicóptero, fizeram a abordagem. Posteriormente, o procurador da república Fernando Lavieri denunciou em janeiro de 2014, de que foram omitidas informações capturadas por meio de escutas telefônicas clandestinas realizadas por investigadores da Polícia Federal de São Paulo, que se debruçava sobre um trajeto internacional de tráfico de drogas. Cientes dos horários e locais de pouso para a entrega da droga, a Polícia Federal teria chegado até a fazenda no interior do Espírito Santo.
Diante da nova informação, a defesa dos réus pediu a nulidade da ação penal e que mais tarde fundamentou o alvará de soltura dos quatro presos envolvidos no caso. O processo ainda tramita na Seção Judiciária do Espírito Santo (SJES), da Justiça Federal. Na última sexta-feira (19) a ação foi movimentada, segundo o portal da SJES, e os envolvidos foram intimados para que o juiz possa dar a sentença.
Entre os desfechos possíveis para o caso, o processo pode ser remitido para outros Estados (onde se investiga o trajeto internacional de drogas que gerou as informações para a prisão em Afonso Cláudio), a nulidade da ação ou a definição da sentença dos acusados.

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