quinta-feira, 18 de maio de 2017

Procurador preso após denúncias da JBS; Janot fala sobre prisão


18/05/2017 12h56 | Foto: reprodução
Angelo Goulart Villela, citado na delação do frigorífico JBS como beneficiário de propina para repassar informações confidenciais da Operação Greenfield, que investiga fraudes em fundos de pensão e de cuja força-tarefa ele fazia parte, é um dos procuradores eleitorais que foram à tribuna do Congresso Nacional defender o projeto de 10 Medidas Contra a Corrupção em junho de 2016. Ele chegou a ser incluído em um grupo do Ministério Público Federal que tinha o objetivo de defender a proposta.
Janot diz que prisão de procurador tem gosto amargo, mas era necessária
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira tem um “gosto amargo” para o Ministério Público (MP). Isso porque um dos presos foi o procurador da República Ângelo Goulart Villela, suspeito de atrapalhar as investigações da Operação Greenfield e de repassar informações ao empresário Joesley Batista, do grupo J&F, ao qual pertencem o frigorífico JBS e a marca Friboi. Foi o próprio Janot quem pediu a prisão de Villela.
“A meu pedido, o ministro Edson Fachin determinou a prisão preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela e do advogado Willer Tomaz. A medida está embasada em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada. As prisões preventivas de ambos foram por mim pedidas com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas”, escreveu Janot em mensagem encaminhada aos procuradores da República.
Vilella foi preso por agentes da PF e dois procuradores regionais da República. Eles apareceram no apartamento do investigado por volta das 6h. Apreenderam documentos e equipamentos eletrônicas e deixaram o local por volta das 9h30. Além de ser preso, Villela também foi afastado de suas funções no MPF e exonerado do cargo de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE). Janot ainda o afastou da força-tarefa da Operação Greenfield, que investigava Joesley por desvios em fundos de pensão.
“O membro e o citado advogado são investigados por tentativa de interferir nas investigações da referida operação, que envolve o Grupo J&F, e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração premiada de Joesley Batista. A responsabilidade criminal do procurador e dos demais suspeitos atingidos pela operação de hoje será demonstrada no curso do processo perante os juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e legais”, escreveu Janot.
“O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo para a nossa Instituição”, disse Janot em outro ponto da mensagem encaminhada aos procuradores. Ele destacou que o cargo de procurador-geral da República impõe a tomada de decisões difíceis, como foi o caso do pedido de prisão. Segundo Janot, nesses momentos é preciso cumprir de forma irrestrita a Constituição.
“Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em vários Estados da Federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição”, avaliou Janot.
Fonte: O Globo

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