segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Vídeos mostram participação de policiais em esquema de aborto no Rio


Policiais militares, bombeiros e uma policial civil faziam parte do esquema.
Médico preso fazia abortos há mais de 50 anos, segundo investigações.

Do G1 Rio
O RJTV mostrou, nesta segunda-feira (20), imagens de vídeos feitos pela Polícia Civil que mostram a colaboração de policiais e outros agentes públicos com o esquema de abortos desarticulado na última semana, na Operação Herodes.
As primeiras imagens são de uma clínica clandestina na rua da proclamação, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, chefiada por Iracema Ferreira Piske.
O Sargento da PM Eduardo Jose Correa, de camisa vermelha, desce do carro prata que, segundo a polícia, pertence Batalhão da Maré. Ele estava lá para apurar uma denúncia.
Após conversar com seguranças, um dos policiais entra na clínica e chama o Subtenente Armando Marques, da Polícia Militar, acusado de ser o chefe de segurança da clínica.
Segundo a investigação, Eduardo Correa, que está foragido, apresentou um relatório afirmando que a clínica estava fechada.

Na sequência, chega o policial civil Cláudio Brandão Rodrigues. O inspetor foi enviado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) também para apurar uma denúncia, mas era mais um integrante do grupo, segundo a denúncia.

Na clínica de Bonsucesso, um dos sete núcleos da máfia do aborto no rio, foram encontradas fichas de mais de dois mil procedimentos que teriam rendido, segundo a polícia, R$ 2,71 milhões. Parte desse dinheiro era usada para pagar propinas.

Numa gravação feita com autorização da justiça, ela conversa com a sargento Letícia Queiroz Xavier, do Corpo de Bombeiros, acusada de agenciar pacientes. A sargento Letícia é apontada também como uma das responsáveis por fornecer medicamentos de uso controlado, comprados ilegalmente ou desviados de hospitais públicos. Esses remédios foram encontrados em todas as clínicas fechadas pela polícia.

Caso Jandira
Em Bonsucesso, também trabalhava Rosemere Aparecida Ferreira que levou o esquema para Campo Grande. Ela foi presa acusada de envolvimento na morte de Jandira dos santos cruz, de vinte e sete anos, que teve o corpo carbonizado depois de fazer um aborto.

Em Campo Grande, os investigadores descobriram que para continuarem funcionando, as clínicas mudavam de endereço. Mas a corregedoria conseguiu flagrar o esquema na casa de uma policial civil: Sheila da Silva Pires.

“Encontramos duas mulheres na sua cama”, diz um policial a ela.  Elas foram encontradas na cama de Sheila ainda anestesiadas.
Sete médicos e um falso médico foram presos preventivamente. Três médicos ainda estão foragidos. Ainda segundo as investigações, o médico Aloisio Soares Guimarães, chefe do esquema em Copacabana, fazia abortos há mais de cinquenta anos. Nessa gravação, de acordo com os investigadores, Aloísio conversa com o neto sobre o pagamento de propina a policiais. “Acho que no máximo, R$ 20 mil, eu vou. Porque para mim isso é nada. Em maio, eu ganhei R$ 300 mil”, conta ele ao neto.
Respostas
O Corpo de Bombeiros afirma que abre um Inquérito Policial Militar (IPM) assim que recebe documentação oficial da Policia Civil que gere indícios de que houve crime militar. Essa documentação ainda não chegou.
A Polícia Militar afirma que um Inquérito Policial Militar (IPM) está sendo instaurado para investigar o caso.
Já a Polícia Civil afirma que o inquérito é da Corregedoria Interna da Polícia Civil (COINPOL) que investiga a conduta criminal e administrativa dos policiais. Ao término do inquérito a sindicância será encaminhada à Corregedoria Geral Unificada (CGU) que decidirá pela expulsão dos agentes.

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