quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Comandante da PM preso no Rio é suspeito de superfaturamento


Dayzer Corpas Maciel foi preso por envolvimento com tráfico nesta quinta.
Loja de ferragens da família vendia materiais para o BPM, diz Seseg.

Guilherme BritoDo G1 Rio
O comandante do 17º BPM (Ilha do Governador), tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel, preso com mais 15 PMs nesta quinta-feira (9) por envolvimento no sequestro de traficantes na Ilha do Governador em março deste ano, também deve ser processado por improbidade administrativa. Segundo Fábio Galvão, subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança (Seseg), o material utilizado nas reformas feitas no batalhão era comprado em uma loja de ferragens que pertencia a familiares do tenente-coronel.
(Veja a lista completa de PMs presos na operação no fim desta reportagem.)
"Um fato interessante nas investigações contra o comandante é que ele comprava material de construção para obras do batalhão em uma loja de ferragens na Ilha do Governador que pertencia a esposa dele e um cunhado", contou o subsecretário.
 Ainda de acordo com Fábio Galvão, durante a prisão do tenente-coronel na Operação Ave de Rapina, que capturou ao todo 16 PMs, foram apreendidas notas fiscais que comprovavam a relação entre a loja de ferragens e os gastos do 17º BPM. Em uma das notas, uma mensagem escrita indicava que havia superfaturamento nas compras.
"Muita coisa foi apreendida que prova a compra de materiais de construção nesta loja. Em várias notas, tinha escrito a palavra 17º BPM. Em uma delas, inclusive, havia uma mensagem dizendo para majorar o valor da nota fiscal", explicou ele.
O subsecretário não especificou como funcionava o esquema, mas disse que, na casa de Dayzer Corpas Maciel, os agentes apreenderam R$ 14 mil em espécie. A relação entre a loja e os gastos do batalhão deve gerar uma nova investigação por parte da inteligência da Seseg e da Auditoria Militar do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério Público.
Apesar das denúncias que recaíram sobre os policiais do 17º BPM, além da descoberta de irregularidades em outros batalhões, o secretário de segurança José Mariano Beltrame permanece irredutível quanto à manutenção do comandante-geral da PM no cargo. Até segunda ordem, o coronel Luiz Cláudio Castro pemanecerá no cargo.
"Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém, mas também não vamos tomar decisões antes do juízo", declarou ele, dizendo que nenhuma das investigações apontou envolvimento do comandante nas irregularidades.
Esquema de propina
Além do sequestro de traficantes em março deste ano, os 16 policiais militares presos na Operação Ave de Rapina, incluindo o tenente coronel Dayzer Corpas Maciel e o 1º tenente do batalhão Vitor da Encarnação, também têm envolvimento com a cobrança de propinas do transporte alternativo na região da Ilha do Governador.
"Não sabemos quanto exatamente era cobrado, nem quanto era o faturamento total. No entanto, sabemos que o dia de pagamento era sexta-feira e que o dinheiro era dividido entre os PMs que estavam na rua e os que estavam no comando do batalhão", explicou Fábio Gusmão.
Além de cobrar pela circulação de vans na Ilha, os policiais militares também coletavam dinheiro do tráfico de drogas nas comunidades da região para fazer vista grossa. "O que nós vimos é que não existia ação contra o tráfico na área da Ilha do Governador. Em nenhuma comunidade da ilha o 17º BPM coibia a ação de traficantes", explicou.
Veja a lista de presos na operação:
- Tenente Dayzer Corpas Maciel
- Tenente Vítor Mendes da Encarnação
- Subtenente José Luiz Ferreira da Penha
- Sargente Rogério Veiga
- Sargento Francisco Zilvano Fonteles
- Sargento Honorato José da Silva
- Sargento Saint’clair de Araújo da Silva
- Sargento Marco André Lopes da Silva
- Sargente Erickson Barros Pieroni
- Sargento Roosevelt De Guimarães Carvalho Júnior
- Sargento Alexandre Peres Querino
- Sargento Márcio da Silva Figueiredo
- Cabo Saelton Lúcio de Medeiros
- Cabo Luís Carlos da Penha Júnior
- Cabo Luiz Felipe Pereira Martins
- Soldado Henrique dos Anjos Henaut

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