quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Seca castiga produtores rurais que registram perda de gados na região


SFI é o município mais afetado com a morte de cerca de mil cabeças de animais
 Cezar Ferreira / Carlos Grevi / Marcelo Esqueff

SFI é o município mais afetado com a morte de cerca de mil cabeças de animais

Que a agricultura é o setor mais prejudicado 
com
 a estiagem e seca que atinge as regiões Norte e Noroeste Fluminense isso ninguém tem dúvida. Entretanto é preciso ressaltar que, mesmo 
com
 algumas ações para minimizar o problema, os produtores rurais já registram a perda de cerca de mil cabeças de gado, além das perdas nas lavouras e na produção de leite.
De acordo com o coordenador Núcleo Regional da Defesa Agropecuária (NDA), Cláudio Vilela, a situação é crítica em todos os municípios, mas em São Francisco de Itabapoana o assunto é ainda mais grave e já é oficial a baixa no rebanho bovino, mas a causa não seria somente a falta de chuvas.
“Em São Francisco primeiro foi a lagarta, depois deu uma praga de várzea e agora veio a seca para agravar ainda mais a situação”, disse o coordenador que revelou ainda que a estimativa é de que cerca de mil cabeças de gado tenham sido perdidas.
Em São Fidélis, segundo Vilela, os produtores rurais estão buscando alternativas para a falta d’água para os animais. Aqueles que fornecem leite para a cooperativa estariam enviando baldes vazios para que retornem com água, não só para os animais, mas também para o uso doméstico. 
Ainda segundo Cláudio, os produtores estão tendo um custo alto para manter o rebanho, não só pela falta d’água, mas pelo alto custo da cana-de-açúcar, utilizada como ração e que em virtude da seca também tem custo de produção elevado.
A equipe do Site Ururau tentou contato, por telefone, com o secretário de Agricultura de São Francisco de Itabapoana, mas até a publicação desta matéria não obteve êxito.
Em Campos, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, José do Amaral explica que ainda não foi registrada perda no rebanho, mas que se a falta de chuva permanecer por mais um período de uma semana a 15 dias, isso será inevitável. 
“Estamos vivendo um percalço climático e a perda de animais é uma consequência, pois tem aquele gado que é mais fraquinho”, disse.
Na tarde de quarta-feira (24/09) uma equipe da Secretaria de Agricultura de Campos e produtores rurais resgataram uma vaca que estava atolada na lama formada pelo baixíssimo nível da água de um bebedouro na localidade do Espinho, Baixada Campista.
“Devido à estiagem prolongada, o Canal Columinho secou e a margem dele está cheia de lama, fazendo com que o gado fique atolado, podendo levá-lo à morte”, alerta Eduardo Crespo, esclarecendo que a Secretaria de Agricultura continua direcionando as máquinas para atender situações de emergência. 
“Mas esta é uma responsabilidade do Governo do Estado, que não faz manutenção nos canais, para que problema como este seja evitado”, ressaltou o secretário esclarecendo que a secretaria vem realizando desde janeiro deste ano a limpeza e manutenção de 30 quilômetros de canais na Baixada Campista e que estes trabalhos têm dado bons resultados, visto que muitos canais, principalmente, os secundários, estão sendo abastecidos pelas águas da Lagoa Feia.
Para os pequenos produtores da Região Norte do município, Eduardo esclareceu que a secretaria tem doado tratores e caminhões para socorrê-los no transporte de alimentos para os animais.
REDUÇÃO NA PRODUÇÃO DE LEITE
José do Amaral ressaltou que além do prejuízo na plantação, principalmente da cana-de-açúcar, a parte da pecuária já registrou perda entre 20% a 30% na produção leiteira e a incalculável perda de peso do gado de corte.
“Estamos passando por um longo período de seca, onde não chove há dois meses e com isso o lençol freático está baixando e as terras estão secando ainda mais e piorando a situação”, ressaltou José do Amaral acrescentando que para alimentar o rebanho, o produtor utiliza a cana-de-açúcar que também por causa da seca [baixa produção] não serve para ser enviada para as usinas e com isso já são duas perdas. 
O município de Campos tem atualmente cinco mil produtores rurais entre pequenos, médios e grandes.
MEDIDAS PARA MINIMIZAR O PROBLEMA
A prefeitura de Campos, através da Defesa Civil e da Secretaria de Agricultura, em parceria com a Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio (Coagro) e a Associação Fluminense Plantadores de Cana (Asflucan), está mantendo bombas nos canais Campos-Macaé, Coqueiros e Cambaíba, para irrigar áreas agrícolas e atender a demanda da agroindústria do município.
As cinco bombas estão trabalhando desde maio deste ano na indução de águas para canais secundários e terciários do município, mas vale ressaltar que o nível do Rio Paraíba do Sul na última terça-feira (23/09) era o mais baixo da história, 4.60 metros, desde que começou a ser monitorado em 1922.
Para melhorar o serviço, uma máquina escavadeira hidráulica foi colocada no rio com a finalidade abrir valas para canalizar água principalmente para o canal Coqueiros, na Baixada Campista, já que por causa do nível baixo no rio, as bombas estariam perdendo o volume de captação.
“A água ainda é insuficiente nos canais de irrigação, mas não temos muito que fazer. O jeito é esperar e rezar para chover”, disse José do Amaral. 
O subsecretário de Defesa Civil, major Edson Pessanha, que além das duas bombas que fazem o sérico para o canal Coqueiros, outras duas bombas também foram instaladas para jogar água para o canal Campos-Macaé, e uma no canal Cambaiba. As máquinas têm capacidade para captar até 1400 litros de água por segundo.
“O setor agrícola é um dos mais prejudicados com a seca que atinge a região, pois as lavouras, o gado de corte e leite são diretamente afetados, mas para mudar essa situação tem que chover nas cabeceiras do Paraíba, que são em Minas Gerais, São Paulo e no Rio de Janeiro”, disse Edson.
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Fonte: VALQUÍRIA AZEVEDO / DANIELA ABREU

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