Físico afirma que cooperação é a melhor forma de ser sustentável

Reprodução/ Carlos Grevi

Sociedade unidada pode reduzir impactos causados pelo aquecimento global

Uma palavra está se tornando cada vez mais comum quando o assunto é aquecimento global: sustentabilidade. O tema vem sendo tratado como uma forma simples e eficaz de reduzir os danos causados pelo homem ao meio ambiente. Mas, a questão é mais complexa do que parece. O homem não é sustentável como a natureza e precisa se conscientizar que simples atitudes do cotidiano são extremamente importantes nesse processo.

Estudioso em questões ligadas à emissão de gases, poluição e efeito estufa, com pesquisas realizadas em Campos, o físico da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Marcelo Silva Sthel, teve três artigos publicados em revistas científicas de diferentes países sobre a importância da conscientização do homem no processo do meio ambiente, além da publicação do livro “A ciência do aquecimento global” escrito em conjunto com o físico Josiel Costa Creton.

Para o físico, o uso dos recursos tecnológicos é extremamente necessário para reduzir os impactos do aquecimento global, mas o homem precisa entender que ele é o principal instrumento para essas soluções.

“O uso da tecnologia terá um papel importante na busca de novas fontes de energias renováveis, a busca de eficiente energético, ampliação da indústria da reciclagem. Além de técnicas para manejo controlado do uso da água, pesca e praticas de conservação do solo, isto são apenas exemplos, existem inúmeras tecnologias limpas, que certamente contribuíram muito neste processo. Mas só tecnologia não basta, teremos que criar novos paradigmas, entre eles o uso do pensamento sistêmico para enfrentarmos as questões ambientais, e termos uma visão de coletividade, onde a cooperação seja a palavra mágica”, disse Sthel acrescentado que para aplicar essas tecnologias o homem precisa reconhecer a seriedade das questões ambientais e ampliar a consciência para tornar possível o uso delas.

Marcelo Sthel criou um modelo geométrico, em forma de triângulo, com três vertentes: energia, economia e ecologia, as quais o físico acredita serem as mais importantes áreas ligadas ao homem. Para o físico, se as três faces conseguirem ficar equilibradas a sociedade só terá vantagens.

Um relatório publicado em setembro deste ano, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) - órgão ligado o ONU, aponta que existe a certeza de que 95% que as atividades humanas estão colaborando para mudanças climáticas.

Marcelo Sthel acredita que a cooperação seja o principal meio de enfrentar e solucionar parte dos problemas de forma eficaz. “O individuo tem papel importante neste processo, pois é ele que deve se convencer que o espírito da coletividade é fundamental para melhorar sua própria vida, pois se todos colaborarem, a divisão do trabalho se torna mais equilibrada”, afirmou o físico, fazendo questão de frisar que ele não defende nenhuma bandeira comunista ou socialista, as ideias dele são apenas voltadas a questões ambientais.

Ele deu exemplos de resultados eficazes a partir da cooperação. “Na sociedade humana existem inúmeros casos de sucesso, como: cooperativas agrícolas, condomínios, associações profissionais e de bairros, etc. Trabalhando em conjunto somos mais eficientes. Isto não seria diferente nas complexas questões ambientais, onde teremos que partilhar recursos naturais numa sociedade extremamente consumista que necessita cada vez mais destes recursos para sobreviver, aliado a isto, ainda temos um crescimento populacional acelerado o que vai demandar mais recursos naturais”, afirmou Sthel.

Os processos de cooperação humana sempre foram essenciais para a sobrevivência da espécie. Segundo estudos, a crise climática só tem a se agravar com o tempo e, quanto antes a consciência de coletividade for instaurada no homem, a sociedade sofrerá menos os impactos causados por ela.

“Nossos antepassados utilizaram a cooperação em momentos de mudanças climáticas naturais bruscas, nesta adaptação a cooperação foi fundamental para o processo civilizatório chegar ate aqui. O homem esta aqui muito mais pelas dificuldades que enfrentou com espécie do que pelas facilidades. Acredito que as soluções dos problemas são feitos de forma conjunta. Vamos mudar o mundo pela cabeça, pela cooperação humana", finalizou Sthel.