quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Comissão da Verdade diz que Camilo Cola financiou a ditadura


Nome do deputado federal é citado como 'grande contribuinte'.
Relatório responsabiliza 377 pessoas pela violação de direitos humanos.

Juliana BorgesDo G1 ES
O nome do deputado federal Camilo Cola (PMDB) aparece no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), entregue nesta quarta-feira (11) à presidente Dilma Rousseff. Ao todo, o documento responsabilizou 377 pessoas pela violação de direitos humanos durante a ditadura. Camilo Cola é citado no relatório como "grande contribuinte" no financiamento do regime ditatorial. Desde a manhã desta quinta-feira (11) até o início desta tarde, o G1 tentou falar com cinco números diferentes de assessores do deputado, mas nenhuma ligação foi atendida.
O nome de Cola, que além de deputado federal é fundador da Viação Itapemirim, aparece na página 323 do Volume II do relatório. De acordo com o documento, um ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social prestou depoimento a membros da CNV e expôs o financiamento, em nível nacional, do aparelho de repressão, tortura e assassinato do regime ditatorial.
"Camilo Cola, dono da Viação Itapemirim e deputado capixaba pela Arena, foi também um grande contribuinte, cumprindo a tarefa de arrecadar recursos em outras empresas [...]. Favores estatais para a viabilização de negócios foram concedidos aos mais ativos financiadores da estrutura da repressão", diz o trecho.
Comissão da Verdade
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade foi entregue nesta quarta-feira (10), em cerimônia oficial no Palácio do Planalto, à presidenta Dilma Rousseff. Dividido em três volumes, o relatório é o resultado de dois anos e sete meses de trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada pela lei 12528/2011.
Instalada em maio de 2012, a CNV foi criada para apurar e esclarecer - indicando as circunstâncias e a autoria - as graves violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 (o período entre as duas últimas constituições democráticas brasileiras) com o objetivo de efetivar o direito à memória e a verdade histórica, e promover a reconciliação nacional.
Para isso, a CNV adotou preceitos internacionais e delimitou que as graves violações de direitos humanos são as cometidas por agentes do Estado, a seu serviço ou com a conivência/aquiescência estatal, contra cidadãos brasileiros ou estrangeiros.
São graves violações de direitos humanos: as prisões sem base legal, a tortura e as mortes dela decorrentes, as violências sexuais, as execuções e as ocultações de cadáveres e desaparecimentos forçados. Praticadas de forma massiva e sistemática contra a população, essas violações tornam-se crime contra a humanidade.
Ao longo de sua existência, os membros da CNV colheram 1121 depoimentos, 132 deles de agentes públicos, realizou 80 audiências e sessões públicas pelo país, percorrendo o Brasil de norte a sul, visitando 20 unidades da federação (somadas audiências, diligências e depoimentos).

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