quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Mãe de menino morto em tiroteio em Manguinhos passa mal no enterro


'Meu filho, acorda! Meu filho, acorda!', repetia, muito abalada.
Christian Andrade, de 13 anos, foi baleado durante ação da polícia.

Lívia TorresDo G1 Rio
O corpo do jovem Christian Soares Andrade, de 13 anos, morto em troca de tiros durante operação policial em Manguinhos, Zona Norte do Rio, começou a ser velado no início da tarde desta terça-feira (8), no Cemitério do Caju, na Zona Portuária, onde foi enterrado por volta das 16h40.
Muito abalada, a mãe dele passou mal e teve que ser carregada por parentes. Já sentada, Janaína repetia: "Meu filho, acorda! Meu filho, acorda!".
Ônibus de moradores chegaram ao cemitério por volta das 16h. Amigos e parentes estão revoltados com a morte do menino e dizem que ele jogava futebol momentos antes de ser atingido.
Morte em tiroteio
A troca de tiros ocorreu durante operação de policiais da Coordenadoria de Operações Especiais (Core) da Polícia Civil e da Divisão de Homicídios, com apoio de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos. Eles buscavam quatro suspeitos de assassinar o policial militar Clayton Alves Fagner Dias, de 26 anos, que trabalhava na UPP, em 28 de abril, na Ilha do Governador, Subúrbio do Rio. Policiais disseram que foram atacados por criminosos ao chegar na comunidade.
Cristian Andrade, de 13 anos, foi baleado durante uma operação na Favela de Manguinhos (Foto: Arquivo pessoal)Cristian Andrade tinha 13 anos
(Foto: Arquivo pessoal)
O delegado Rivaldo Barbosa, diretor da DH, afirmou que ainda não é possível identificar se o tiro que matou o adolescente partiu da arma de policiais militares, de policiais civis ou de traficantes.
“A gente está entendendo a dinâmica do evento, mas a gente não tem como dizer, agora, se o tiro partiu dos policiais militares, dos policias civis ou dos traficantes, afirmou o delegado.
“Nós nos dividimos e os policiais da Core foram para um lado com os policiais da Divisão de Homicídios e outra parte da Divisão de Homicídios com os policiais da UPP. Houve uma nova troca de tiros onde havia policiais civis e policiais militares e do outro os traficantes. E no meio, lamentavelmente, o Cristian veio a falecer com um tiro no abdômen”, destacou Rivaldo.
Reconstituição
Agentes da DH colhem informações necessárias para poder realizar, segundo o delegado, uma reconstituição do crime.
“Estamos, nesse momento, pegando todas as informações e colhendo todos os depoimentos para em um futuro bem próximo fazer uma reprodução simulada para que possamos categoricamente definir de onde partiu o tiro”, afirmou Rivaldo, pela manhã.
De acordo com o delegado, 14 policiais civis que participaram da ação já foram ouvidos e policiais da UPP que participaram da ação e representantes da associação de moradores estavam sendo ouvidos nesta quarta. Todas as armas usadas pelos policiais já foram identificadas e vão ser apreendidas. Segundo a polícia, o menino de 13 anos tinha quatro passagens pela polícia, sendo duas por roubo e duas por furto.
Imagens mostram revolta
Imagens exibidas pelo RJTV mostraram cenas momentos após a morte do adolescente. Revoltados, eles cercaram policiais militares aos gritos de "justiça". Um deles chama os policiais de "assassinos". Vias da região foram fechadas em protesto. Na chegada de reforço policial, é possível ouvir muitos tiros, que causaram correria e gritos dos moradores (veja no vídeo).
Segundo parentes e amigos, Cristian era um jovem estudioso e participava de projetos sociais na comunidade. Jorge da Silva, tio do rapaz, disse que soube por outros moradores da região que o sobrinho estava jogando futebol no momento do tiroteio entre policiais e traficantes. A Anistia Internacional cobrou, em nota, a investigação do crime, causado por essa "lógica de guerra". O menino tinha quatro passagens pela polícia.

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