Militar, de 22 anos, ficou ferido no braço e conseguiu fugir.
Em depoimento à polícia, soldado disse que foi surpreendido por tiros.
O colega de farda, um soldado de 22 anos, que estava com o policial militar Ítalo Bruno PereiraRocha, quando foram alvo dos tiros na Serra, na Grande Vitória, informou em depoimento, nesta terça-feira (2), que os dois foram ao bairro para encontrar duas jovens conhecidas do soldado Ítalo. Ele disse à polícia que foram surpreendidos pelos tiros na rua onde acontecia uma festa.
Ítalo Bruno, de 25 anos, foi executado a tiros e pedradas na noite de domingo (30). Outro PM estava com Ítalo e foi baleado no braço. Câmeras de videomonitoramento instaladas no bairro Jardim Carapina registraram o momento do crime. Sete suspeitos de terem participado do crime foram detidos em flagrante. Ítalo foi enterrado na manhã desta terça-feira (1), na cidade de São Mateus, no Norte do Espírito Santo.
O policial ferido prestou depoimento ao delegado José Lopes, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
“Ele informou que receberam os disparos ainda dentro do carro. O soldado Ítalo arrancou com o veículo e acabou batendo, por isso tiveram que fugir a pé. O carona, que sobreviveu, pulou muros de casas e conseguiu escapar. Já o soldado Ítalo correu para a rua e foi perseguido, sendo atingido por um tiro que o fez cair na rua, sendo alcançado pelos suspeitos”, descreveu.
O militar que escapou reconheceu quatro dos sete acusados. A arma dele foi encaminhada para a perícia. Ele a teria usado para revidar os disparos, segundo José Lopes.
Um revólver calibre 38 foi recolhido no veículo de Ítalo, porém a polícia vai verificar se a arma pertencia a ele.
Fora essas duas armas, nenhuma outra foi encontrada com os acusados, nem a pistola ponto 40 que deveria estar em poder de Ítalo. O colega que sobreviveu disse que desconhecia a existência do revólver, fato que será averiguado.
Investigação
Apesar da prisão dos sete suspeitos muitas dúvidas sobre o crime permanecem. De acordo com o delegado José Lopes, o caso chama a atenção não apenas pela barbárie com que a vítima foi morta.
Apesar da prisão dos sete suspeitos muitas dúvidas sobre o crime permanecem. De acordo com o delegado José Lopes, o caso chama a atenção não apenas pela barbárie com que a vítima foi morta.
“As supostas jovens com quem os militares iriam se encontrar ainda não foram localizadas para prestarem depoimento. Eles vinham de um churrasco, na Serra, e conheciam bem a área. Causa certa curiosidade o fato de serem policiais que atuavam naquela região, conheciam os pontos críticos, estavam apenas em dois e não estavam de serviço, irem ao local onde há presença de gangues de traficantes que eles combatem e naquele horário, em pleno domingo”, questiona José Lopes.
O secretário Estadual de Segurança Pública, André Garcia, disse que as investigações sobre o caso ainda vão continuar. A polícia acredita na participação de outras pessoas envolvidas no crime. Porém, ele não quis revelar quantos criminosos ainda estão sendo procurados. “Podem ser detidos a qualquer momento”, destacou.
saiba mais
Garcia frisou que o perfil dos suspeitos é de pessoas muito perigosas. “O que nos importava era tirar esse grupo de circulação porque, pelo perfil apresentado nesse episódio, a sociedade corria muito risco com essas pessoas na rua”, disse Garcia.
O delegado José Lopes informou que a hipótese de vingança, citada em redes sociais, está descartada.
“Eles declararam que não reconheceram os militares. Eles descreveram que os PMs chegaram atirando, com o carro em alta velocidade, guiado pelo soldado Ítalo, e por isso atiraram”.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), todos os suspeitos foram presos em flagrante porque havia provas suficientes. "Todos têm indícios de autoria e materialidade suficientes para serem autuados em flagrante, sendo inclusive reconhecidos pelo PM sobrevivente", destacou.
As investigações serão conduzidas pela Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) da Serra.
Cortejo
Dezenas de pessoas participaram do cortejo em homenagem ao policial militar. Muitos policiais acompanharam a cerimônia.
Dezenas de pessoas participaram do cortejo em homenagem ao policial militar. Muitos policiais acompanharam a cerimônia.
O corpo do soldado foi enterrado na manhã desta terça-feira (2), no Cemitério Aviação, em São Mateus, Norte do Espírito Santo.
A mãe do policial morto, Gil Pereira Rocha, fez um desabafo: “Foi uma covardia, foi ‘animal’ o que fizeram com ele. Eu queria justiça. Um cara apronta um lance desse, o que acontece? Daqui a um mês, dois meses, está solto. Sabe o que vai acontecer? Vai matar outro. É uma bola de neve, ninguém resolve nada”, disse a mãe da vítima.
De Guriri, o cortejo seguiu para São Mateus. No cemitério, um oficial também desabafou. “Não vamos deixar manchar seu nome, Ítalo”, disse.
Os amigos militares arrancaram a identificação dos coletes e colocaram sobre o caixão. O policial foi enterrado sob aplausos e discursos emocionados. Ítalo nasceu em Pedro Canário, entrou para a PM há três anos e foi morar na Serra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário