domingo, 28 de junho de 2015

Casos de agressões domésticas crescem e causam preocupação


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Delegada titular da Deam/Campos, Ana Paula Carvalho relata aumento nas ocorrências de agressões domésticas em Campos, em um ano

Kelly Maria

A titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam), em Campos, Ana Paula Carvalho, esteve recentemente participando do Programa Em Cima da Hora, apresentado pelo secretário municipal de Governo, Anthony Garotinho, na Rádio Educativa FM. Dentre os inúmeros assuntos abordados, a delegada falou sobre as agressões domésticas, cujos números de registros têm crescido a cada dia no município.

No último dia 6, a Deam/Campos completou um ano e, segundo Ana Paula, até o momento já são 668 registros de ocorrências feitos na delegacia. Entretanto, embora cada vez mais mulheres resolvam registrar queixa contra seus companheiros agressores, a cada 100 vítimas que chegam à unidade, metade desiste no meio do caminho em prosseguir com a denúncia. "Estamos falando de uma coisa muito real e não de teoria e que acontece todos os dias nas residências das pessoas. Alguns casos são registrados e outros nem chegam à delegacia, ou quando chegam, não seguem adiante", disse Garotinho. 

Mais coragem para denunciar

Ana Paula destacou o encorajamento das vítimas. "Na prática, hoje a gente não vê aquele medo que as mulheres tinham em ir à delegacia denunciar os agressores. Mas, em alguns casos, a pessoa chega para registrar a ocorrência e na hora de fazer o exame de corpo de delito, não vai, ou porque se arrepende ou perdoou o companheiro. Então o problema fica com a gente, já que se a vítima não vai nem ao IML (Instituto Médico Legal), não conseguimos terminar o inquérito, pois não temos a prova material", lamentou a delegada.

Outro ponto discorrido durante a entrevista foi relacionada à Lei 11.340/06, a chamada Lei Maria da Penha, que segundo a delegada, vem funcionando muito bem em Campos. "De 2008 a 2015 já tivemos 13 mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça, por renovação de crimes ou descumprimento de medida protetiva, e isso é um número elevado, visto que o judiciário tem certo receio em expedir mandados em crimes cuja pena não é tão elevada, como por exemplo, a lesão corporal, onde a pena é de três anos", ressaltou.

Participação dos ouvintes 

Ouvintes também participaram do programa enviando perguntas à delegada, dentre elas, se a Lei Maria da Penha também atua do lado contrário, ou seja, quando a vítima é o homem e a mulher é a agressora, por exemplo. "A lei é de proteção à mulher, mas ela é uma lei instrumental e não traz crimes. Vou te dar um exemplo, o crime de lesão corporal está aonde, no Código Penal Brasileiro. Então, não importa se a vítima é homem ou mulher, o crime é o mesmo. O que acontece com o homem é que ele não terá os mecanismos de proteção dados à mulher como, ordem de afastamento e proibir a agressora de se afastar dele e dos filhos", detalhou a titular da Deam/Campos.

Ao final do programa, Garotinho deixou uma mensagem de paz, conscientizando a população que, embora seja a favor da união entre os casais, é melhor a separação do que viver brigando, ou até mesmo, se agredindo. "O bom mesmo seria se as pessoas procurassem conversar mantendo o bom relacionamento dentro de casa, mas caso haja um desentendimento, é melhor separar do que viver discutindo", concluiu o apresentador.

Na mesma linha de pensamento do secretário, a delegada também deixou uma mensagem aos ouvintes. "É importante estar falando e conscientizando as pessoas quanto a isso. Faço minhas as suas palavras (de Garotinho) e que os companheiros pensem antes de sair agredindo suas mulheres, ou filhos ou qualquer pessoa da família, porque existe lei para esses crimes e ela funciona, podendo levar o agressor à prisão", alertou Ana Paula. O Programa Em Cima da Hora vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h pela Educativa FM (107,5 MHz) e, ao lado do radialista Julio César Tinoco, Garotinho aborda assuntos relevantes e de interesse do município.
 

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