segunda-feira, 5 de agosto de 2013

CASOS DE ESTRUPO CRESCEM EM TODA REGIÃO

Estupro: ISP aponta crescimento de casos em Campos e Região

Este ano foram registrados 94 casos na área de atuação do 8º BPM
 Mauro de Souza

Este ano foram registrados 94 casos na área de atuação do 8º BPM

Um crime que deixa traumas para o resto da vida. A vítima de estupro, principalmente quando é criança, precisa de apoio familiar e acompanhamento psicológico para que no futuro não se torne um agressor. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP) só nos cinco primeiros meses deste ano foram registrados 94 casos na área de atuação do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), 50 ocorrências a mais que no mesmo período do ano passado quando foram registrados 44 casos.
Um caso de violência sexual que chocou a população foi o da menina Gabrielle, em Rio das Ostras. A criança chegou a ficar desaparecida durante cinco dias e foi encontrada morta em uma casa em construção, no bairro Âncora, onde ela morava com a família. O laudo apontou que a vítima morreu após ser estuprada. A causa da morte foi hemorragia na cavidade abdominal, causada pelo estupro e agressão.
Esta semana um homem foi detido no município de São João da Barra, suspeito de abusar sexualmente de duas crianças, uma de cinco e outra de seis anos. As menores teriam confirmado o crime e contaram que o homem ofereceu pipoca para atraí-las até sua residência. 
A psicóloga, Edmara Carvalho Cavalcante, trabalha na área há mais de 15 anos e já acompanhou vários casos de abusos sexuais. Segundo a especialista de acordo com a faixa etária a vítima enxerga o estupro de forma diferente.
“Tem que levar em conta a idade da vítima, e perceber como é a percepção dela sobre os fatos. Quando o abuso é cometido em uma criança pequena, ela acaba carregando mais o que os adultos vivenciam da situação. É lógico que a criança consegue distinguir que machuca, que causa dor e fica assustada. Já quando a vítima tem mais entendimento fica mais complicado. Em todos os casos é necessário acompanhamento psicológico, mas neste específico, as vezes, também é necessário uma parceria com um psiquiatra. Se não tiver esse acompanhamento a vítima pode se transformar em um futuro agressor ou violador”, disse.
A psicóloga alerta que a vítima pode não ter tendência para ser um abusador, mas pode adotar comportamentos estranhos. “Geralmente tem dificuldade de criar vínculos, mas o principal é a falta de confiança no outro”, comentou.
Outro fator notório é que na maioria dos casos, abusador e vítima são pessoas próximas. O agressor tem ligação com a família ou a vítima, ou tem o mesmo vínculo familiar e, por isso, os responsáveis devem ficar atentos aos menores.
“As crianças apresentam sinais o tempo todo e o cuidador deve se alertar a isso. A criança pode voltar a fazer xixi na cama, passar a ter comportamento regredido ou comportamento erotizado para a idade, ir mal na escola e falta de apetite. Os pais de hoje em dia não estão tendo muito tempo para ser pais, e a escola acaba fazendo esse papel, pois olha com outros olhos”, explicou.
A especialista orienta como os pais devem conversar sobre esse tabu dentro de casa. “É necessário esse diálogo com as crianças, é importante explicar que é preciso contar quando alguém mexe no corpo delas. Contar que os abusadores não são só homens, também existem muitas mulheres que praticam esse crime. E estimular a denúncia caso aconteça. Quebrar esse mito para que elas não fiquem presas a conceitos e orientar para que contem a alguém da família que ela tenha confiança”, finalizou.
AGORA É LEI
A presidenta Dilma Rousseff sancionou integralmente na última quinta-feira (1°/08), sem vetos, a lei que obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestar atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual. O projeto que deu origem à lei foi aprovado pelo Senado no começo de julho.
De acordo com a lei, a vítima de violência sexual deverá receber no hospital o amparo psicológico necessário e o encaminhamento para o órgão de medicina legal e o devido registro de boletim de ocorrência. Os profissionais de saúde que fizerem o atendimento deverão facilitar o registro policial e repassar informações que podem ser úteis para a identificação do agressor e para a comprovação da violência sexual.
O atendimento a vítimas de violência deve incluir o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. A lei também determina a preservação do material coletado no exame médico-legal.


Fonte: DORLANY DEL ESPOSTI

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