quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PEDREIRO DENUNCIA DIFICULDADE PARA REALIZAÇÃO DE CIRURGIA EM SJB


Segundo ele, a Prefeitura alega falta de convênio com hospitais de Campos
 Carlos Grevi

Segundo ele, a Prefeitura alega falta de convênio com hospitais de Campos

“A saúde de São João da Barra está péssima, a gente não tem pra onde correr porque a Prefeitura não decide nada”, essa é a declaração da esposa de Carlos Almeida, 53 anos, que por conta de problemas na coluna, está tentando há cerca de cinco meses a liberação de uma cirurgia junto à Prefeitura do município. Segundo Marilinda Conceição Almeida, todos os exames pré-operatórios estão em mãos, mas o órgão público alega que não tem verba para liberar a cirurgia que é de emergência.
O caso é grave. Por conta de problemas na coluna como deslocamento da vértebra, artrose e hérnia de disco, o pedreiro está sem a mínima condição de andar ou mesmo de se sentar para fazer refeições porque ele não aguenta a intensidade das dores. "Há dois meses ele ainda conseguia se locomover com um andador que recebeu de doação, mas hoje o único movimento que ele faz é se virar para o lado para se alimentar, ainda assim com muita dificuldade", diz Marilinda Almeida.
Em nota, a Comunicação de São João da Barra informou que no caso específico de Carlos Almeida não havia sido dada entrada por sua esposa no setor de Núcleo e Avaliação desta Secretaria de Saúde, e que "até segunda-feira (02/09), haverá uma previsão do agendamento para este paciente".
Carlos, que sempre teve uma vida ativa, trabalhando como pedreiro conta como se sente diante dessa situação. “Isso está me apavorando. Estou preso numa cama esse tempo todo sem poder me levantar pra fazer nada. E tudo isso por conta de uma cirurgia que a Prefeitura poderia liberar porque tem dinheiro”, expõe.
De acordo com a esposa dele, em meados de abril deste ano foi entregue na Policlínica Municipal de São João da Barra, o pedido para o exame de ressonância magnética. Ela conta que o pedido ficou 15 dias no local e não foi realizado o encaminhamento para nenhum hospital conveniado em Campos. 
“Nós entregamos o encaminhamento e do jeito que entregamos ele ficou, ninguém fez nada. Como a gente não podia ficar esperando, meu genro que teve que ir lá e buscar o encaminhamento para pagarmos o exame”, conta.
Ainda segundo ela, a ressonância magnética foi realizada na Santa Casa de Misericórdia de Campos e custou R$ 380. Marilinda conta que o filho deles teve que vender o carro para arcar com os custos do exame. “Meu filho teve que vender o carro dele pra gente poder fazer o exame e comprar os remédios e tentar pagar a cirurgia”. 
Depois do resultado da ressonância ficou comprovado que o caso dele era de cirurgia emergencial. Ele ainda chegou a voltar nos postos de emergência por conta das dores. “Na emergência, os médicos falam que o caso dele não é de internação, nem de pronto socorro, é de cirurgia, mas infelizmente nós não conseguimos e com isso o tempo está passando e o caso dele é agravante”.
Com o exame em mãos, ela ainda tentou levar o marido ao ortopedista no hospital municipal, mas não foi atendida porque os médicos estavam em greve. “A gente foi ao hospital para consulta com ortopedista, mas o médico não quis nos atender porque ele estava com os pagamentos atrasados, um grande absurdo”.
Sobre a cirurgia, Marilinda acrescenta que se for feita em uma rede particular não ficará por menos de R$ 20 mil e que se for preciso ela venderá o imóvel. “Vendemos o carro, mas não foi o suficiente. Se a gente não conseguir do jeito que está indo, o único recurso que eu tenho é vender minha casa para tirar meu marido da cama”.
A esposa de Carlos se diz indignada com a situação que o marido está passando. “Que situação é essa de São João da Barra dizer que não tem convênio com hospital nenhum. Como que fica um ser humano em cima da cama que já vai para cinco meses nesse estado aqui sem ajuda nenhuma? A ajuda que nós temos aqui é de vizinhos de parentes. Que saúde é essa, que Prefeitura é essa? Uma Prefeitura que é rica, na hora de festas e mais festas tem e na hora da saúde não tem condições de fazer? É revolta total”, finaliza.
NOTA DA PREFEITURA DE SÃO JOÃO DA BARRAEm relação ao caso do senhor Carlos de Almeida informamos que não foi dada entrada no setor de Núcleo e Avaliação desta Secretaria de Saúde, a solicitação para a Autorização de Internação Hospitalar (AIH) do referido paciente durante estes quatro meses. Portanto, não tínhamos como inserir no sistema de cirurgias, já que em nenhum momento houve a solicitação para tal. 
A esposa do paciente, a senhora Marialinda, procurou a secretaria apenas nesta segunda-feira, dia 26, mas como não portava a solicitação e os documentos do senhor Carlos, ficou combinado junto ao Núcleo que a mesma entregaria a documentação na manhã desta terça-feira (27), mas a mesma não compareceu. 
A Ouvidoria da Saúde soube do caso através de uma rádio local, às 13h10 e ao levantar o fato confirmou que realmente não havia nenhuma solicitação de cirurgia no sistema para este paciente. 
Logo após às 15h, a senhora Marialinda compareceu ao Núcleo e Avaliação com a solicitação e com os documentos do senhor Carlos de Almeida e após a confirmação de todos os dados, o setor fez contato com a regulação do Estado, onde foi informado que até segunda-feira (02/09), haverá uma previsão do agendamento para este paciente. Esclarecemos que este é um trâmite estadual que o município tem que seguir.
Sobre o não atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Campos, a Comunicação da Prefeitura de São João da Barra encaminhou nota ao Site Ururau alegando que o hospital suspendeu o atendimento aos munícipes de São João da Barra, mas que o Hospital Escola Álvaro Alvim está realizando atendimentos de alta complexidade. Confira a nota na íntegra:
"A Santa Casa de Misericórdia de Campos (SCMC) suspendeu o atendimento aos munícipes de São João da Barra em 03/06/13. A secretaria de Saúde esclarece, portanto, que a SCMC ainda não prestou contas devidamente de acordo com o que foi pactuado no termo de convênio com o município e para resolver o problema existem 02 soluções: a SCMC fazer a devolução dos recursos financeiros utilizados de forma indevida que foi de, aproximadamente, R$ 3.000.000,00, ou caso contrário, a Prefeitura vai abrir Tomada de Contas contra a SCMC para apurar os responsáveis pela utilização indevida dos recursos públicos.
A Prefeitura tem aporte orçamentário e financeiro para pagar a SCMC, mas está impedida até que a mesma regularize a prestação de contas dos recursos recebidos em 2012. 
É importante ressaltar que, nenhum munícipe de São João da Barra está sem atendimento, pois a Prefeitura está fazendo encaminhamentos para a Rede Estadual (regulados) e para particular. Além de contar com os convênios com a Santa Casa de São João da Barra para atendimentos de baixa e média complexidades e o Hospital Escola Álvaro Alvim para média e alta complexidades.
Inclusive, no dia 19/08 do corrente ano, aconteceu na Câmara Municipal de São João da Barra uma Audiência Pública solicitada pela própria Santa Casa para esclarecer os problemas da prestação de contas, mas na ocasião, a mesma não apresentou fatos novos, o que continua inviabilizando a continuidade do convênio".
REUNIÕES PREVISTAS PARA VOLTA DOS ATENDIMENTOS
Site Ururau também entrou em contato, por telefone, com a Santa Casa de Misericórdia de Campos que assumiu que há uma divergência entre a unidade e a Prefeitura de São João da Barra, mas informou que não é todo atendimento que foi suspenso. Alguns procedimentos estão sendo realizado, desde que liberado pelo Núcleo de São João da Barra.  
Sem informar o valor do convênio, disse ainda que estão marcadas duas reuniões e a expectativa é que o impasse seja resolvido. Na próxima quinta-feira (29/08), às 10h, acontecerá a primeira reunião com todas as partes.
Quanto à prestação de contas, o hospital disse que já foi faturado e auditado a parte de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e que as demais não aconteceram em função de um problema no sistema de informática da unidade hospitalar. 
A expectativa é de que o atendimento seja normalizado até o início de setembro, já que o convênio ainda está em vigor. 


Fonte: STELLA FREITAS

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