quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dia Internacional de Combate á Homofobia Preconceito em debate


Dia Internacional de Combate à Homofobia: preconceito em debate

Fotos: Mauro de Souza
Ausência de leis que tipifiquem o crime é fator que gera impunidade

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A homofobia existe em diversos graus e em todas as sociedades. Todos os dias em vários países, indivíduos são perseguidos, violentamente atacados ou mesmo mortos devido à sua orientação sexual. Nesta quinta-feira (17/05), data em que se comemora o Dia Internacional de Combate à Homofobia, a equipe do Site Ururau conversou com a delegada titular da 146ª Delegacia Legal (Guarus), Madeleine Farias Rangel, que comentou que este tipo de crime tem crescido a cada ano no município de Campos.
“Apesar das circunstâncias apontarem que crimes praticados contra homossexuais são de cunho homofóbico, infelizmente não podemos fazer muita coisa nesses casos, pois não existe lei específica para esses crimes. Em virtude da ausência legislativa, somos obrigados a qualificar esses casos como difamação, às vezes como injúria”, explicou a delegada, acrescentando que nessas ocorrências a homofobia fica adequada num crime de menor potencial ofensivo, por não haver uma legislação específica para tal caso.
Inúmeros casos já foram computados somente na 146ª, de acordo com a delegada. “Aqui nós já registramos até casos de tentativa de homicídio envolvendo casos de homofobia. E isso é uma situação grave e séria que precisa de reprimenda”.
Homossexual assumida, Caroline Araújo Cordeiro, 18 anos, disse que sempre foi muito discriminada pela sua condição sexual. Segundo ela, o pior preconceito sempre veio das pessoas mais próximas.
“Parei de estudar porque não aguentava mais as piadinhas e brincadeiras maldosas. Sempre sofri com isso, não pelos colegas, mais pelos meus pais não me aceitarem do jeito que sou. Hoje em dia as coisas são bem diferentes, e apesar de não concordarem com o homossexualismo, minha família me respeita”, mencionou Caroline.
A jovem revelou que além do bullying, foi violentamente espancada na rua pelo fato de ser lésbica. De acordo com ela, o pior preconceito é do próprio homossexual que não se assume e acha que batendo irá resolver o problema.
“O homofóbico é o gay que tem vergonha da sua própria orientação sexual. E isso me espanta muito, assim como me espanta o negro que tem vergonha e nojo da cor da sua pele. Nós só queremos respeito e não aceitação”, falou. 
Quer seja explícita, quer não, a violência homofóbica causa um enorme sofrimento para suas vítimas. 

“O que a gente percebe é que esse número vem crescendo, a intolerância à diferença vem aumentando de modo geral. Tivemos um caso de um homicídio de um cidadão homoafetivo. Porém ainda não sabemos se este caso trata-se de um crime relacionado à homofobia ou não. Mais as evidências indicam que sim. Há essa intolerância e isso vem causando transtornos à sociedade”, comentou a delegada titular da 146ª.
“Nós desejamos que o congresso ponha essa questão em pauta e venha efetivamente a tratar com seriedade do assunto, pois o judiciário como um todo fica engessado, porque nós ainda não temos como tratar de forma severa essa questão, e a gente fica tentando remédios paliativos para enquadrar a conduta em um fato ou outro.” Concluiu a delegada.
A homofobia vai além das ruas. Ela também está presente em instituições e outros estabelecimentos públicos e privados.
Atualmente cursando o 1º período do curso de Logística Empresarial, a estudante e transexual, Patrícia Perozzi, 27 anos, acredita que o preconceito existirá sempre, principalmente em lugares fora do ambiente “gay”.
“Esta é a minha segunda graduação. Cursei Direito durante um tempo e percebi que os futuros judiciários não estavam preparados para lidar com o que é diferente. Na época ainda não tinha iniciado minha transformação e era chamada pelo meu nome de batismo, Emerson Tavares Martins. Agora no curso de Logística, vejo que algumas pessoas ainda relutam e tem medo de se aproximar de mim. Mas graças a Deus esses indivíduos são a minoria”, relatou Paty, como gosta de ser chamada.
Mesmo sabendo das dificuldades e preconceitos que iria sofrer dentro e fora da instituição, a estudante não desistiu de cursar uma faculdade.  “Sempre tive vontade de cursar uma universidade, e aqui em Campos acho que sou a única trans, mas mesmo assim nunca deixei a minha aparência e nem minha condição sexual atrapalhar meus planos. Vejo muita gente, que por medo, desistem dos seus sonhos e acabam se frustrando. Eu não sou uma dessas,” afirmou.
Kelly Maria - Estagiária

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