Mauro de Souza- Arquivo/ Gerson Gonçalo
Campos é referência no Brasil por imunização na rede pública
Seguindo o exemplo de Campos, o Ministério da Saúde lançou a campanha de vacinação gratuita contra o papilomavirus humano, o HPV, para toda rede pública a partir de março deste ano.
O município de Campos foi um dos pioneiros em implantar a vacina gratuitamente no ano de 2009 para meninas com faixa etária entre 9 e 13 anos. Uma das responsáveis por implantar esse projeto, a ginecologista e obstetra Cândida Barcelos, contou que a ideia de disponibilizar gratuitamente a vacina surgiu da necessidade de prevenção a diversas doenças, principalmente o câncer de colo de útero.
“Nós temos câncer de colo em torno de 20 mil novos casos no Brasil por ano, com índice em torno de quatro a cinco mil mortes por ano e não tinham medidas preventivas eficazes, pra se fazer um controle desse câncer de colo, que é um câncer altamente previnível, principalmente depois da vacina. Então quando houve essa oportunidade de oferecer a nível de serviço público a vacinação, principalmente na faixa etária das adolescentes, cresceu dentro do coração da gente essa vontade de fazer isso a nível de serviço público", contou Dra. Cândida que na época da implementação do projeto estava a frente da diretoria de programas especiais do Centro de Atendimento da Mulher.
O projeto de vacinação gratuita na rede municipal surgiu através de trabalhos científicos mundiais, onde países desenvolvidos apontam um resultado positivo. “Os países desenvolvidos de terceiro mundo têm o maior índice de prevenção de câncer de colo e eles optaram por fazer vacina como prevenção primária. E quando você joga numa tabela estatística, nós no Brasil não conseguimos atingir nem o mínimo necessário para prevenção de câncer de colo, mesmo com todas as campanhas e etc”, afirmou Cândida ressaltando que esse índice varia de estado, perfil e região.
Para distribuir as vacinas em toda rede pública, o Ministério da Saúde (MS) investiu R$ 465 milhões na aquisição de 15 milhões de doses da vacina para 2014. Segundo o MS, essa quantidade é suficiente para vacinar cinco milhões de meninas com idade entre 11 a 13 anos.
Para Cândida, o benefício de uma vacinação de prevenção desse tipo é maior e mais importante que o custo. “As limitações iniciais foram o preço, o custo da vacina que era muito alto na época, porém se você joga numa escala de custo benefício, mesmo ela cara, o benefício que ela traria com o tempo é bem maior”, observou Dra. Cândida.
E acrescentou: “Foi um passo muito importante, coisas que já estavam sendo cobradas do Brasil há muitos anos, a nível de vacinação nacional, porque se sabe que a maneira mais eficaz de se controlar o câncer de colo do útero é com vacina”.
Acredita-se que no Brasil, 60 a 70% de mulheres com idade entre 20 a 25 anos já tiveram contato com algum tipo de HPV, principalmente por ser uma doença sexualmente transmissível. O índice nos homens é de 50%. “Iniciou a vida sexual é quase que impossível você não ter contato com algum tipo”, destacou a médica.
O principal foco de prevenção contra o HPV são as mulheres já que o câncer de colo de útero tem 100% de participação do vírus. O que não significa que toda mulher que tiver o vírus irá desenvolver o câncer. “Nem todo HPV vai evoluir para câncer de colo, que isso fique bem claro”, esclarece Cândida, informando que os homens também desenvolvem doenças, como o câncer de pênis, por conta do vírus.
Como a cidade de Campos saiu à frente, as doses que o município irá receber para vacinar as meninas, serão direcionadas também aos meninos com a mesma faixa etária, de 11 a 13 anos. “Na hora que o Ministério da Saúde chegar com as vacinas, Campos vai começar a vacinar os meninos. A vacina será a mesma dose e idade que o Ministério irá fazer. A vacinação será realizada nas escolas e em postos de referência”, afirmou o Charbel Cury, superintendente de Saúde Coletiva da secretaria de Saúde de Campos, ressaltando que o objetivo é imunizar 24 mil pré-adolescentes entre meninas e meninos.
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