segunda-feira, 11 de junho de 2012

Arnaldo Viana pode ser candidato


Arnaldo candidato com ou sem Rosinha

Liberado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no último dia 24, para concorrer à eleição majoritária de Campos em outubro, o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) foi incluído numa lista, exatamente uma semana depois, enviada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), composta de administradores públicos com contas rejeitadas. Se o presidente do TCE foi uma indicação pessoal e polêmica do ex-governador Anthony Garotinho (PR), desafeto assumido de Arnaldo,  o presidente do TRE já adiantou a tendência de tornar inelegíveis todos os citados na lista. Ainda assim, Vianna acredita que conseguirá se candidatar, embora admita não estar fechado à possibilidade de apoiar outros nomes da oposição. Ele não poupa críticas ao casal Garotinho, que disse viver “no mundo da fantasia, como em uma peça de teatro”. Mesmo com ressalvas ao anúncio de que a prefeita desistiu de tentar se reeleger, Arnaldo aposta: “com Rosinha ou sem Rosinha, vamos ver que esse favoritismo (dos governistas) é uma grande ilusão”.
(Foto de Silésio Corrêa)
(Foto de Silésio Corrêa)
Folha da Manhã – Nas eleições de 2008, para prefeito, e de 2010, à Câmara Federal, embora tenha levado as campanhas até o fim, seus votos acabaram não computados. Mesmo que consiga o registro da candidatura, por que o eleitor que optar por você pode esperar, dessa vez, ter seu voto reconhecido?
Arnaldo Vianna – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já deixou claro que estou elegível e posso disputar o pleito deste ano. Como já mostramos ao TSE, vamos explicar ao TRE que existem equívocos e que não há qualquer tipo de impedimento. E o desespero no grupo governista é que, dessa vez, quem vive situação complicada é a prefeita, que está no poder só por uma liminar, não foi julgada e pode ser barrada pela Justiça.
Folha – O presidente do TRE, desembargador Luiz Zveiter, já antecipou a tendência de considerar inelegíveis todos os nomes da lista encaminhada no último dia 31, pelo TCE. Por que acreditar que, com seis contas reprovadas, você possa ser uma exceção?
Arnaldo – Como o meu advogado já explicou, há mais de 20 anos o TSE entende que atraso na prestação de contas, se não há irregularidade insanável, não há inelegibilidade. É apenas o grupo governista e seus mais de 30 advogados que tentam espalhar boatos sobre a minha situação. Quem se informar nos próprios tribunais vai descobrir que, para o desespero de alguns, estou elegível.
Folha – Não vê nada de estranho no presidente do TRE antecipar a decisão sobre uma lista que, por sua vez, foi também antecipada pelo presidente do TCE?
Arnaldo – Prefiro acreditar que não há qualquer tipo de manobra. Confio no Justiça e tenho certeza de que vamos mostrar no Rio o que já provamos em Brasília.
Folha – Especificamente sobre o presidente do TCE, Jonas Lopes de Carvalho Júnior, que encaminhou a lista ao TRE, outro ex-prefeito de Campos nela incluído, Sérgio Mendes (PPS), disse: “O alvo, todos sabem, é Arnaldo Vianna. Ou alguém acredita que é coincidência que o TCE tenha feito e enviado essa lista, apenas uma semana depois do TSE ter liberado a candidatura de Arnaldo a prefeito de Campos?”. Concorda?
Arnaldo – O presidente do TCE é um grande amigo do deputado Garotinho. Isso é um fato. Mas como disse antes, prefiro acreditar que não existe qualquer tipo de manobra para me prejudicar.
Folha – Sérgio Mendes também questionou a motivação política de Jonas Lopes no envio da lista, já que ele chegou ao TCE numa indicação pessoal do então governador Garotinho, que foi à época questionada na mídia e na Justiça. E você?
Arnaldo – Lembro que na época a Alerj colaborou para a posse relâmpago ao aprovar uma emenda à Constituição do Estado. A mudança conferiu ao então governador Garotinho o direito de indicar três dos sete conselheiros do TCE. Antes, só podia nomear dois. A alteração foi considerada flagrantemente inconstitucional pelo presidente da OAB. São fatos que geraram muita polêmica naquela época.
Folha – Em entrevista publicada na Folha do último domingo, o presidente do PR em Campos, Wladimir Garotinho, insistiu em repetir o discurso do pai, dizendo que sua vitória por 5 a 1 no TSE tinha sido uma derrota, no sentido de decretar sua inelegibilidade. Como esta versão foi exatamente o contrário do informado pela própria assessoria do TSE, de que maneira reagir a essa tentativa de inversão?
Arnaldo – Eles são especialistas em desinformação. Querem levar o debate para esse campo das fofoquinhas e das especulações. Eles fogem de um debate sério com uma comparação entre o período em que governei, com cerca de R$ 2 bilhões em seis anos, e o atual governo, que teve cerca de R$ 8 bilhões em quatro anos. E o que estamos vendo em nossa cidade? Faltam remédios e itens básicos nos postos de saúde, médicos estão insatisfeitos, professores desmotivados, educação com péssimos resultados e servidores desrespeitados e revoltados com o reajuste de 5,1%. Tive um orçamento quatro vezes menor e encerrei o mandato com mais de 90% de aprovação. Por isso o grupo da prefeita inventa notícias para tentar me tirar da eleição.
Folha – O fato do TSE ter concluído que suas contas reprovadas pelo TCU eram sanáveis, não configurando, portanto, em problemas para sua candidatura a prefeito em outubro, mas ao mesmo tempo lhe impedindo de tomar posse da cadeira de deputado federal do PDT, pode ter servido para essa interpretação confusa? Frustrou por não poder assumir a vaga aberta pela ida de Brizola Neto ao ministério do Trabalho?
Arnaldo – Seria importante assumir a cadeira em Brasília e retomar projetos importantes que iniciei em meu mandato anterior. Em 2007, antes desse debate sobre a redistribuição dos royalties, participei de um grupo que criou a Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties. Hoje, infelizmente, não temos deputados de Campos que atuam em sintonia com os governos estadual e federal. Preferem uma política personalista que prejudica nossa cidade. Mas não fiquei frustrado. Sei que passamos por provações para depois assumir grandes missões.
Folha – O que achou do anúncio, primeiro no jornal O Diário, depois confirmado pela filha da prefeita, a deputada estadual Clarissa (PR), de que Rosinha desistiu de concorrer à própria reeleição?
Arnaldo – Esse casal vive no mundo da fantasia. Eles agem como se estivessem em uma peça de teatro.  Ao invés de representar o povo eles acham melhor representar para o povo. Porém, temos que aprender a ver além desse teatrinho. Quem se lembra da greve de fome do “primeiro-damo”? Para fugir das acusações e não responder nada, ele optou por aquela cena de humor pastelão.
Folha – Quando do anúncio da sua inclusão na lista do TCE, você disse: “Eu já fui julgado e liberado pela Justiça Eleitoral. E Rosinha? Será que o fato de estarem tão preocupados comigo e com a oposição não significa que já estão contando que a prefeita não poderá concorrer?” Acredita que isso pode ter sido a causa do anúncio de abandono, já que Rosinha ainda tem recursos por duas condenações, numa Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) e numa Ação de Impugnação de Mandato Eleitoral (Aime), para serem julgados, respectivamente, no TRE e no TSE?
Arnaldo – Eles anunciaram a suposta desistência no jornal O Diário, que é uma espécie de caderninho de anotações do Garotinho. Aquilo tudo foi produzido com muito cuidado e não existe esse papo de que a notícia vazou. Por isso, precisamos aprender a enxergar além do teatrinho. E, enxergando além, conseguimos ver que o grupo da prefeita está muito preocupado com a Justiça e tenta criar esse fato para confundir a população e se fazer de vítima. Vale lembrar que na última cassação, a prefeita desrespeitou a Justiça e transformou a sede da Prefeitura em um acampamento cor de rosa.
Folha – Se já estavam mesmo contando com a impossibilidade de Rosinha se candidatar, por problemas com a Justiça Eleitoral, acha que isso pode ter sido a causa da insistência em decretar sua inelegibilidade, mesmo às custas da inversão de uma decisão ao seu favor no TSE? Numa corrida à Prefeitura de Campos, com você e sem Rosinha, o favoritismo para o grupo de Garotinho se mantém?
Arnaldo – Eles têm percebido que o meu nome está crescendo, até nas pesquisas do instituto que possui um contrato com o governo. Isso gera um certo desespero. Tenho me preparado para debater com a prefeita Rosinha, que como eu volto a dizer, teve um orçamento quatro vezes maior do que o da minha gestão. Na hora que a eleição começar, com Rosinha ou sem Rosinha, vamos ver que esse favoritismo é uma grande ilusão. Eles têm propagandas fantasiosas, pesquisas questionáveis e aplausos que custam muito caro. Eu tenho ao meu lado exatamente quem faz a diferença: o povo.
Folha – Se não for mesmo Rosinha, qual alternativa do PR seria mais difícil de ser batida? Pudim, Chicão, Mauro Silva, alguma outra? Por quê?
Arnaldo – Se para a prefeita já é complicado falar sobre um governo que ela não conhece, imagine para outra pessoa. Como disse o presidente da Câmara, Nelson Nahim, o prefeito de Campos é Garotinho. Qualquer pessoa que tente assumir esse papel terá que atuar como um ventríloquo. Como eu disse, estou preparado para debater com qualquer representante deste grupo. Mas seria bom mesmo debater com o próprio Garotinho. Será que Garotinho teria coragem de disputar e eleição? Em 2008, ele se escondeu. Será que agora vai ter coragem de aparecer e constatar que possui uma rejeição enorme em sua cidade? Ele deveria parar de usar as pessoas e assumir que dá as cartas e controla cada ato da prefeita, dos secretários e vereadores.
Folha – Assim como a desistência de Rosinha, surpreendeu o abandono da tentativa de reeleição à Câmara do vereador Marcos Bacellar? Com a saída dele para apoiar uma candidatura da base de apoio a Rosinha, de Diego Dias, do PSB, até que ponto isso fortalece os governistas e enfraquece a oposição, sobretudo a candidatura de Ilsan, que agora ficará sem os votos de Bacellar na nominata do PDT?
Arnaldo – O vereador Bacellar tomou uma decisão e deve ter os seus motivos. Mas acredito que ele não ficará ao lado do governo. Sobre a nominata do PDT, posso dizer que apesar de todo o esforço do governo para enfraquecê-la, vamos fortes para a eleição.
Folha – Independente das consequências, o próprio Bacellar já admitiu que a principal causa da sua decisão é a dificuldade que todos os candidatos de oposição terão, diante da força da máquina eleitoral dos Garotinho. Isso não parece confirmar as previsões de Wladimir, dos governistas conseguirem fazer de 22 até todos os 25 vereadores?
Arnaldo – É lógico que a máquina tem muito peso na eleição. Mas essa história de fazer a Câmara toda é mais uma ilusão do mundo cor de rosa. Será que a população vai querer a Câmara transformada em uma Escolinha do Professor Garotinho?
Folha – Em agosto último, Garotinho conseguiu que fosse aprovado, por unanimidade, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara Federal, o requerimento de informações sobre o processo contra você, que está da Procuradoria Geral da República, para apurar atos de corrupção e desvio de royalties do petróleo para contas no exterior, cujo valor seria de US$ 78 milhões. Você tem ou não contas no estrangeiro?
Arnaldo – Ainda como deputado, eu solicitei que a Câmara Federal fizesse uma ampla investigação. Essa investigação foi feita e tenho um documento comprovando que não existe conta alguma no exterior em meu nome. É mais uma invenção de um homem que perdeu a noção entre o real e o imaginário.
Folha – Você perdeu a eleição em 2008, mesmo com um mandato de deputado federal, com boa parte da máquina municipal simpática ao seu retorno, numa corrida em que se lançou como favorito. Como vencer agora, sem nenhum mandato e com a Prefeitura e o favoritismo na mão dos seus opositores?
Arnaldo – Aquela eleição foi atípica. Havia muita gente fazendo jogo duplo. Estavam ao meu lado e hoje estão no governo Rosinha. Além disso, passei por problemas de saúde. Dessa vez é diferente. Os amigos de verdade estão ao meu lado, estou com muita disposição e vamos mostrar que esse favoritismo é ilusório.
Folha – Consigam ou não se candidatar, o fato é que você e Rosinha, além de oriundos do mesmo grupo, têm enfrentado seguidos problemas com a Justiça, com ambos chegando a ser afastados da Prefeitura. Não chegou a hora, sobretudo na oposição aos Garotinho, de uma alternativa nova, da tão falada “terceira via”, na qual surgem Makhoul Moussalem (PT), Odete Rocha (PCdoB),  Andral Tavares Filho (PV) e Erik Schunk (Psol)? Se não conseguir se candidatar, apoiaria um desses ou outro nome?
Arnaldo – A vida é um grande aprendizado. Fui vereador, vice-prefeito, deputado e tenho a marca de ter sido o prefeito mais votado da história de Campos. Já ganhei, já perdi, indiquei sucessores, errei, acertei, me decepcionei. Tenho experiência para atuar em um momento de transição em nossa região. Ao contrário do Garotinho eu sei ouvir as pessoas e não sou vaidoso ao ponto de não aceitar que essas novas lideranças atuem ao meu lado nesse processo de transformação. Eu quero que a cidade deixe de ser a cidade de uma família e volte a ser uma cidade de todas as famílias. E se alguém tiver chances de vencer e deseje fazer isso, com certeza estarei ao lado dessa pessoa.fonte folha da manhã 

Nenhum comentário:

Postar um comentário