terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Corpo de rapaz morto em tiroteio é trocado em IML do RJ


Pai diz que recebeu corpo carbonizado e filho morreu baleado.
Corpo chegou a ser levado para cemitério e precisou retornar para o IML.

Janaína CarvalhoDo G1 Rio
Alisson Santos da Silva morreu em troca de tiros (Foto: Arquivo Pessoal/)Alisson Santos da Silva morreu em troca de tiros
(Foto: Arquivo Pessoal)
Além da dor de enterrar um filho aos 23 anos, os pais de Alisson Santos da Silva, morto durante uma troca de tiros com a polícia na sexta-feira (16), em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, precisou enfrentar o drama de levar para o cemitério um corpo que não era o do rapaz. Segundo o motorista Ilton Vargas da Silva, 44 anos, pai de Alisson, no lugar do filho o Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu entregou para a família um corpo carbonizado de um indigente, como mostrou o jornal "O Dia" nesta segunda-feira (19).

“É inadmissível uma pessoa falecer na madrugada de sexta e no domingo estar em completa decomposição. Sabia que não era ele, mas insistiram e disseram que eu estava enganado”, explicou o motorista Ilton Vargas da Silva, 44 anos, que peregrinou pelo IML durante todo o final de semana.

De acordo com Ilton, no sábado o IML pediu os documentos de Alisson para comparar as digitais e apenas no domingo deixaram a família ver o corpo. O enterro estava marcado para as 14h de domingo, mas precisou ser adiado. “Quando cheguei no cemitério todo mundo afirmou que realmente não era ele”, disse Ilton.

Somente no final da tarde o corpo de Alisson foi encontrado, mas o enterro não pode ser realizado com o caixão aberto. “O corpo ficou fora da geladeira, pois estava com defeito. Quando chegaram com o corpo do meu filho ele estava totalmente deformado. Do jeito que tirei o cadáver lá, enterrei. Nem pude abrir o caixão para dar um beijo e me despedir”, disse o motorista, destacando que o corpo ficou três dias fora da geladeira.

O sepultamento só aconteceu no final da tarde, depois que o corpo correto chegou ao cemitério e os parentes retornaram ao local. “Independentemente de qualquer coisa errada que ele tenha feito, somos a família e merecíamos o respeito de poder enterrar o corpo do meu filho com dignidade. Ele saiu daquele lugar podre. O rosto dele parecia uma bola de futebol”, afirmou o pai, ressaltando que o jovem levou um tiro na axila, o que não inviabilizaria um enterro com caixão aberto.

De acordo com o diretor do Posto Regional de Polícia Técnico Científica (PRPTC) de Nova Iguaçu, Angelo Silvares Gonçalves, uma sindicância foi instaurada para apurar a troca dos corpos.

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