quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Policiamento é reforçado no entorno de conjunto habitacional reintegrado


Terreno do 'Minha Casa, Minha Vida' no Rio foi desocupado nesta quarta.
Ocupantes deixaram moradias em Guadalupe sem resistência.

Do G1 Rio
A PM informou que reforçou o policiamento comunidades no entorno conjunto habitacional de Guadalupe, no Subúrbio do Rio, após a reintegração de posse no local nesta quarta-feira (19), como mostrou o RJTV.
Os blindados do Bope PM tiveram dificuldade para acessar o local, devido a barricadas montadas por traficantes, ao ocupar favelas vizinhas ao conjunto pela manhã. Apesar dos obstáculos, a reintegração de posse do conjunto habitacional do "Minha Casa, Minha Vida", o Residencial Guadalupe, ocorreu de forma tranquila. A desocupação começou por volta das 9h desta quarta-feira (19). O local, um condomínio com 11 prédios, foi invadido no dia 9 de novembro por cerca de 200 famílias, segundo informações do Tribunal de Justiça (TJ-RJ).

Policiais do 41° BPM (Irajá) auxiliaram os oficiais de Justiça durante a notificação de cumprimento de ordem judicial e o Comando de Operações Especiais (COE) dava suporte no entorno do local. Alguns invasores reclamaram de agressões de policiais. A PM nega.

"Desde o início, o comandante do 41º BPM vem conversando com os moradores. A ação começou e permanece tranquila. Temos um caminhão ajudando a retirar os pertences dos moradores. A maior parte do efetivo policial está concentrada no entorno do conjunto habitacional e a menor parte entrou para ajudar o oficial de justiça”, disse o coronel Cláudio Costa, Relações Públicas da PM.
A reintegração tinha gerado expectativa porque desde o dia da invasão, imagens do Globocop mostraram um homem armado de fuzil no condomínio e um carro em chamas em um terreno que margeia a Estrada do Camboatá, que fica no entorno do conjunto invadido. Além disso, a construtora responsável afirmou que a invasão do conjunto habitacional foi acompanhada de homens armados.
Senhora passa mal, durante desocupação de Condomínio em Guadalupe (Foto: Janaína Carvalho)Senhora passa mal durante desocupação em
Guadalupe (Foto: Janaína Carvalho/G1)
Aos 63 anos, Célia Araújo precisou ser levada para o Hospital de Campanha dos Bombeiros, na Avenida Brasil. Hipertensa e diabética, ela teve uma queda brusca de pressão durante a desocupação. Obedecendo à determinação da Justiça, o Corpo de Bombeiros deu apoio à ação de reintegração de posse.
A Prefeitura, por sua vez, ofereceu caminhões para fazer o transporte de móveis das pessoas que deixaram o local. Nem todas, porém, têm para aonde ir. "Agora, estou na rua", resumiu um senhor ao RJTV enquanto deixava o condomínio.
Procurada pelo G1, a assessoria do prefeito Eduardo Paes disse, por telefone, que os ocupantes dos prédios não foram cadastrados em programas sociais nem receberam assistência direta no local, mas foram orientados sobre como se inscrever no programa "Minha Casa, Minha Vida" e informados sobre endereços de abrigos. No entanto, de acordo com a prefeitura, ninguém teria aceitado ir para abrigos municipais.
A prefeitura também informou que, para participar dos programas habitacionais do município, o interessado deve preencher um formulário de inscrição, que pode ser encontrado neste link, ou procurar pessoalmente o Centro de Atendimento da Secretaria de Habitação, que fica na Praça Pio X, nº 119, Térreo, Candelária, no Centro do Rio. Os telefones do Centro são: 2976-7434 e 2976-7446.
A assessoria do prefeito disse ainda que a ação de reintegração de posse foi acompanhada por guardais municipais, agentes da Cet-Rio e uma equipe de 15 funcionários da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.
Moradora carrega colchão durante desocupação (Foto: Janaina Carvalho/ G1)Moradora carrega colchão durante desocupação em Guadalupe (Foto: Janaina Carvalho/ G1)


'Vou ficar na rua mesmo', diz ex-ocupante
Juarez Ferreira, de 58 anos, contou que trabalhava como vigia e foi demitido quando invadiu o prédio. “Não tenho para onde ir, vou ficar na rua mesmo. Soube por vizinhos que tinha apartamento aqui e entreguei a minha casa. Arrisquei, achei que era uma coisa e foi outra”, lamentou Ferreira, que é pai de quatro filhos.
Reintegração de posse em Guadalupe, no Rio (Foto: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo)Reintegração de posse em Guadalupe, no Rio
(Foto:Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Por volta das 10h15, cem pessoas que estavam deixando os imóveis do conjunto habitacional reclamaram que nenhum tipo de assistência estava sendo dada aos moradores. "A gente quer o Conselho Tutelar, psicólogos, algum tipo de amparo. Quero saber das autoridades o que vai ser da gente. Não estamos tendo nenhum tipo de amparo", afirmou Davison Leandro, motorista de caminhão que está desempregado. A prefeitura informou ao G1 que há equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social acompanhando a reintegração.
Como mostrou o Bom Dia Rio, o efetivo empenhado não foi divulgado por questões estratégicas. Por volta das 6h45, policiais ocupavam uma área de mata nas proximidades do condomínio.
Às 6h55, agentes da Cet-Rio interditaram algumas ruas ao redor do conjunto habitacional. Com o fechamento da Rua Fernando Lobo, entre a Rua Pedra Rasa e a Estrada do Camboatá, o trânsito era desviado para a Estrada do Camboatá. Segundo o Centro de Operações, havia retenção na região. Um blindado da Polícia Militar estava na região para auxiliar os trabalhos.

Alunos sem aulas
Cerca de 2820 alunos da rede municipal ficaram sem aulas durante a manhã desta quarta em Guadalupe. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, as aulas foram afetadas em quatro escolas, uma creche e um Espaço de Desenvolvimento Infantil.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que, até as 10h20, todas as unidades da rede estavam funcionando normalmente.
Moradoras deixam conjunto habitacional em Guadalupe (Foto: Janaina Carvalho/ G1)Moradoras deixam conjunto habitacional em Guadalupe (Foto: Janaina Carvalho/ G1)

Morador leva pertences em carro de mão durante reintegração (Foto: Janaina Carvalho/ G1)Morador leva pertences em carro de mão durante
reintegração (Foto: Janaina Carvalho/ G1)
Reintegração de posse
O tenente-coronel Luiz Carlos, comandante do 41ºBPM (Irajá), responsável pelo policiamento da área, vêm negociando com as famílias e algumas começaram a deixar os apartamentos desde última sexta-feira (17). “Vamos fazer de tudo para proceder essa reintegração de posse da forma mais tranquila possível”, disse o coronel.
A Justiça determinou a reintegração de posse do local na quinta-feira (13). Na decisão, foi pedido o acompanhamento do Samu, Corpo de Bombeiros, Conselho Tutelar e Secretaria de Assistência Social do município.
Na quinta-feira, após a Justiça determinar a reintegração de posse do conjunto habitacional, o comandante interino da Polícia Militar do Rio, Íbis Silva Pereira, se reuniu com executivos da Caixa Econômica Federal para discutir a desocupação. Participaram da reunião também agentes das polícias civil e federal, já que a Caixa é uma das instituições lesadas com a invasão, e da prefeitura do Rio, parceira do projeto do condomínio do "Minha Casa, Minha Vida" em questão.
Área é considerada violenta
O conjunto habitacional fica ao lado da favela Gogó da Ema, em Guadalupe. A área é considerada violenta, onde traficantes costumam instalar barricadas para dificultar as operações da polícia. Na terça-feira (11), um homem com um fuzil foi flagrado caminhando dentro do condomínio. Um grupo de moradores também abriu uma passagem no muro que divide o condomínio de um terreno onde existem vários barracos.
As famílias contempladas pelo "Minha Casa, Minha Vida", que têm renda de até três salários mínimos, receberiam as chaves em dezembro. Mas a construtora BR4, responsável pela obra, admite que deve ser estabelecido um novo prazo de entrega. Em nota, a empresa informou que as obras foram finalizadas e o condomínio está em fase de legalização.
A Secretaria de Habitação do Rio de Janeiro informa que os donos dos apartamentos receberão os imóveis. O prefeito Eduardo Paes descartou a possibilidade de cadastrar os invasores em um programa social.

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