quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Pedreiros são encontrados em condições de trabalho escravo, no ES


Segundo o Ministério do Trabalho, eles estavam sem carteira assinada.
Responsável pela obra negou exploração.

Do G1 ES com informações da TV Gazeta *
Banheiro e cozinha não apresentavam condições de higiene, em obra do Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Banheiro e cozinha não apresentavam condições de higiene, em obra do Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Sete homens foram encontrados em condições de trabalho escravo, em uma obra na Praia de Itaparica, em Vila Velha, na Grande Vitória, nesta quinta-feira (20), segundo o Ministério do Trabalho. Os pedreiros, que são da Bahia e se mudaram para o Espírito Santo para trabalhar, atuavam em condições precárias e sem documentação assinada. O responsável pela obra Cássio Vinícius Bastos, confirmou a ausência de registro formal, mas negou qualquer tipo de exploração. Segundo o MT, os responsáveis pela obra foram notificados e devem comparecer ao órgão na segunda-feira (24).
O pedreiro Lenildo do Carmo Jesus, de 41 anos, disse que saiu da Bahia há dois meses para trabalhar na obra e que não sabia que passaria tantas dificuldades. "Eu passo fome, tenho que comer restos de comida", contou.
Dormindo no local da obra, em um colchão encontrado no lixo, e sem carteira assinada,  Lenildo também disse que tem as despesas descontadas do salário, que nem ele sabe quanto é. "No começo, o combinado era R$ 6,5 mil, mas depois ele (o responsável pela obras) disse era só R$ 5 mil. No final das contas me deu R$ 3 mil, descontando todos os gastos que eu tive. Eu questionei esses gastos, e ele falou que eu gastava dinheiro a toa", contou
Pedreiro dormia em colchonete encontrado no lixo, segundo ele, no Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Pedreiro dormia em colchonete encontrado no lixo,
segundo ele (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Outro trabalhador que contou que também se sentiu enganado com a proposta foi o jovem de 18 anos Rafael Ribeiro de Jesus, que também deixou a Bahia em busca de melhores condições de vida. "Ele (o responsável pela obra) disse que nós teríamos direito à alimentação, mas estamos passando fome. Eu ganho R$ 70 por dia e sem carteira assinada. Vou pegar minhas coisas e tentar voltar pra minha casa", desabafou.
O responsável pela construção, Cássio Vinícius Bastos, admitiu que os homens trabalhavam sem carteira assinada, mas negou o trabalho escravo. Segundo ele, o pedreiro Lanildo dormia no local da obra pois havia pedido um favor.
"Isso é muita confusão para nada. A obra ainda não começou, mas todos os rapazes que trabalham nela moram na Grande Vitória. A cama foi encontrada porque um trabalhador disse que morava longe, e preferiu dormir aqui. O único erro é que eles estão trabalhando sem carteira assinada. Quanto à alimentação, estou pagando apenas a diária, logo, o gasto da comida fica por conta deles", disse.

Bastos ainda explicou que repudia qualquer tipo de exploração. "Eu jamais faria isso, porque eu fui já um empregado, acho isso um absurdo", declarou.
Ministério do Trabalho
Porém, para o Ministério do Trabalho, as condições do local caracterizam a situação de escravidão. "Os trabalhadores morando no local de favor ou não, a remuneração e as condições de trabalho inadequadas, a falta de fornecimento de roupa de cama, falta de água, e a ausência do registro, por si só já caracterizam trabalho escravo", explicou o auditor fiscal do trabalho Klinger Moreira
Ele ainda informou que tanto a empresa que executa a obra quanto a dona do imóvel foram notificados e terão que pagar tudo o que devem aos trabalhadores. "Nós vamos fazer os cálculos recisórios e a empresa vai ter que arcar com isso", finalizou o auditor fiscal.

Além do salário, os pedreiros vão receber todos os direitos de um trabalhador: décimo terceiro e férias proporcionais ao tempo trabalhado, bem como aviso prévio. o dono do imóvel e o responsável pela obra serão autuados, e o caso será encaminhado ao Ministério Público do Trabalho.
* Com colaboração de Eliana Gorritt, da TV Gazeta

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