domingo, 27 de novembro de 2016

Desaparecimento de médico do ES faz 2 anos e esposa crê em morte


Guilherme SillvaDe A Gazeta
Médico sumiu depois de participar de evento (Foto: Carlos Alberto Silva/ A Gazeta)Médico sumiu depois de participar de evento
(Foto: Carlos Alberto Silva/ A Gazeta)
Dois anos após o desaparecimento do médico capixaba Roberto Gomes, que sumiu depois de ir a São Paulo, no dia 26 de novembro de 2014, a esposa dele, Nildete Gomes confessou ter a sensação de que o marido está morto.
Ela disse que “se deu alta da terapia”, que vai doar os pertences do médico para uma instituição e que no próximo dia 27 de novembro vai fazer uma celebração em nome dele, na Comunidade Santa Helena, em Vitória.
Roberto Gomes desapareceu aos 67 anos, depois de uma viagem que fez de Vitória a São Paulo, para lançar a segunda edição de um livro de que é co-autor.
O evento aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na ocasião, ele deu entrevista para a TV Assembleia sobre câncer de mama. No dia 28 de novembro, Roberto ligou para a mulher e disse que a passagem de volta para Vitória estava comprada para sábado à noite, mas que ele anteciparia para sábado de manhã. Desde então, ele nunca mais manteve contato.
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“Enquanto na morte o luto progride, no desaparecimento isso não acontece. É como uma história inacabada. A cada chamada telefônica, especialmente com um DDD de outro estado e número desconhecido, tenho um episódio de taquicardia. Por outro lado, acredito que todos nós temos, no fundo, vontade de sobreviver, então nos agarramos com força ao que sobrou da tempestade. No meu caso em particular, além do grande apoio dos filhos, dos amigos, a ternura pelos netos, meus próprios projetos me fizeram lutar para me manter no prumo e no rumo. O apoio terapêutico no começo foi muito importante, mas me dei ‘alta’, e sei que posso seguir com minhas próprias pernas”, falou Nildete.
A esposa do médico contou que havia começado a estudar artes três anos antes do desaparecimento de Roberto. O entusiasmo dele com o trabalho, na época, foi o que não a deixou desanimar, segundo ela.
“Estou preparando trabalhos para duas exposições no Rio, uma coletiva em março e uma individual no final do ano. A individual tem profunda influência do acontecimento e chama-se 'Poesia do Chão', onde abordo os acontecimentos do chão em si, assim como o estar no chão, como sinônimo do sofrimento emocional, e a perda do chão como símbolo de perda das referências”, relatou.
Nildete disse que nunca mais teve notícias do marido. Chegou a receber algumas fotos, mas não eram dele. Desde a primeira semana do desaparecimento, Nildete tem a sensação de que Roberto está morto.
“Outras pessoas em Vitória criam suas próprias fantasias, dizendo que a gente sabe onde ele está. Gostaria de reafirmar que qualquer pessoa que tiver qualquer notícia que nos leve até ele será muito bem recompensada financeiramente. Não estipulamos valores porque uma pessoa amada não tem preço”, destacou.
Nildete pretende fazer um bazar a doar o dinheiro arrecadado com a venda de todas as coisas do marido. “Faremos a doação de todos os objetos dele – roupas, relógios, livros, objetos de arte e decoração, discos – para uma instituição. Provavelmente, será um bazar em dezembro”, disse.
Câmeras de hotel registram médico antes de desaparecimento em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)Câmeras de hotel registram médico antes de desaparecimento em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)

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