sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O TEMPO MUDA NA REGIÃO

Chuva ameniza calor mas não resolve problema do setor agrícola

Especialista explica motivos da longa estiagem na região
Vagner Basilio / Carlos Grevi

Especialista explica motivos da longa estiagem na região

Depois de mais de 40 dias sem chuva e calor intenso, a população campista amanheceu nesta sexta-feira (11/01), com leve queda de temperatura e uma chuva que durou quase toda a manhã.
Segundo o secretário municipal de agricultura, Eduardo Crespo a expectativa é de que as chuvas que caem na região serrana de Campos, no Imbé, e em Santa Maria Madalena, aumentem o volume da Lagoa Feia. Como ela abastece o canal das flechas, os produtores da Baixada Campista, próximos ao canal, terão a água de volta para irrigar a lavoura e abastecimento do rebanho.


“Esperamos também o aumento do volume do Rio Paraíba, que na última medição estava com a cota de 5,70 centímetros. Com a elevação do rio, as comportas podem ser abertas e com isso acontece o aumento da vazão dos canais”, explicou Eduardo Crespo.
MOTIVO DA AUSÊNCIA DE CHUVAS
De acordo com o professor e pesquisador da Universidade Federal do Norte Fluminense (Uenf), José Carlos Mendonça, que também faz parte do Laboratório de Engenharia Agrícola (LEAG) da instituição, o dia 15 de dezembro foi o último dia que choveu na região, e foram apenas 6mm de água.
“Chuva significativa mesmo foi registrada no dia 20 de novembro com 29,2mm. Depois não choveu o suficiente. Segundo o Normal Climatológico, que é uma média feita durante 30 anos que indica o volume de chuva, aponta que no mês de dezembro o ideal são 157,8mm, mas em dezembro do ano passado foram registrados apenas 14,4mm”, explicou.
Segundo Mendonça, o país está com o clima sob o efeito do fenômeno climático La Ninha, onde as chuvas se concentram no sul do país e o sudeste e nordeste passam por seca.
“Existem dois fatos que são válidos. O primeiro é que o núcleo de baixa pressão no oceano atraindo ou estacionando as nuvens no sul. E a outra é que mais acima existe uma zona de alta pressão do atlântico sul, que injeta o vento nordeste no sudeste do país, isso faz com que bloqueie as massas e frentes frias que vem da Antártica”, ressaltou.
O pesquisador explicou ainda que desde o início desta semana os campos de pressão alteraram o clima e se formou a zona de convergência do atlântico sul, que cria um canal de umidade entre a Amazônia e o sudeste do país. Essa zona está posicionada no litoral norte de São Paulo e na região sul do Rio de Janeiro.
“Foi emitido um alerta de chuvas fortes até domingo para essas regiões, e elas podem chegar também a região serrana e metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. Depois essa zona deve se desfazer”, informou.
MUDANÇA CLIMÁTICA
Segundo o pesquisador, o clima passa por ciclos de sete e dez anos, com períodos quentes, frios e de chuvas intensas.
“No verão de 2008 e 2009 a região de Campos passou por enchentes, uma fase muito úmida do efeito El Niño, que causa o aquecimento da água do oceano pacífico. Já no mês de janeiro de 2010 foi registrado o mês mais seco, num período de 55 dias sem chuva”, citou.
As regiões que mais sofrem com a seca são o Norte e o Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, principalmente os municípios de Campos, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e Quissamã, que estão mais próximos do litoral.
Mendonça disse ainda que a Região Norte do Estado tem tendência a aumentar o nível de aridez do solo. “O índice de aridez é que classifica o clima de uma região. Aqui a tendência é verão chuvoso e inverno seco. Em 80 anos de analise registramos uma tendência a subir a aridez nos períodos de seca, é como se aqui estivesse ficando mais árido”, disse.
VOLTA DA CHUVA
Segundo o professor Valdo Marques, do Laboratório de Meteorologia da UENF (LAMET), há possibilidade de que o regime normal de chuvas comece ainda neste mês de janeiro.
“No período de 1960 a 2000, segundo um relatório que elaboramos na época, a chuva diminuiu em torno de 30% na região de Campos. Mas, nos anos 2000 a 2011, não se registrou grande deficiência hídrica na região. Assim, esta seca de agora se insere naquilo que os meteorologistas chamam de ‘Variabilidade Climática Inter-Anual’”, afirmou.



Dorlany Del Esposti

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