terça-feira, 21 de agosto de 2012

CAMPOS ATRÁS DE SÃO FRANCISCO



Hoje, a Folha inicia uma série de reportagens comparando o resultado do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb-2011) de Campos, que ficou em último lugar no estado do Rio, com outras cidades da Região Norte Fluminense. A primeira comparação foi com o município de São Francisco de Itabapoana (SFI), que obteve o índice de 4,3, conforme publicou o Ministério da Educação (MEC), enquanto Campos atingiu apenas 3,6 nos anos iniciais (1º ao 5º ano). Segundo a secretária de Educação de SFI, Alba Valéria da Silva Morais, o avanço dos números ainda não é o ideal. Já para a secretária de Educação de Campos, Joilza Rangel, embora o município tenha apresentado o pior Ideb do estado, os números aumentaram se comparados à pesquisa realizada em 2009.

O Ideb é projetado pelo MEC a cada dois anos, com base nos resultados da Prova Brasil, onde são realizadas provas de Língua Portuguesa e Matemática. Além disso, a pesquisa leva em consideração a frequência em sala de aula, as taxas de aprovação e o índice de reprovação da instituição.

Para pesquisadores da área de Educação, Campos, em comparação com SFI, deveria ter obtido um resultado melhor, uma vez que se trata do maior município do interior do estado e seu orçamento é maior que o da cidade vizinha. Segundo o professor Rodrigo Rosselini, de modo geral, o estado do Rio apresentou um avanço, mas a nível nacional continua abaixo do esperado. “Acredito que em Campos existam vários fatores que contribuíram  para o resultado e um deles é a inexistência de uma eleição direta para diretores, que é feita por indicação e, muitas vezes, o critério utilizado não é técnico. Acredito também que as trocas das gestões do poder público possam ter influencia-do no baixo índice”.

A coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) em Campos, Christini Marcelino, disse que o sindicato não se surpreendeu com o resultado. “No nosso município há uma falta de investimentos para a educação. O governo municipal deveria valorizar mais os profissionais, dar uma estrutura melhor às escolas, além de convocar mais concursados”, opinou.

SFI: resultado obtido ainda não é o ideal

A secretária de Educação de SFI, Alba Valéria, ressaltou que o avanço do índice foi considerável, mas ainda não é o ideal. Ela atestou o reflexo do bom trabalho dos professores, de toda equipe das escolas e dos pais que participam e acompanham o desempenho dos filhos. “Desde que assumimos a secretaria, demos continuidade ao que já estava sendo realizado e que estava dando resultados positivos. O que temos que rever é o nosso Plano de Cargos e Salários, que já está ficando um pouco ultrapassado”, disse ela, ao lembrar que o Ideb, alcançado em 2011, foi de 4,3 no município, enquanto a meta projetada pelo MEC foi de 4,4.

Ainda de acordo com Alba, as escolas municipais dos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) das localidades de Imburi, Gargaú, Praça João Pessoa, Estreito e Barra de Itabapoana alcançaram a meta projetada.

Secretária diz que município avançou

De acordo com Joilza, Campos avançou 12,5% no primeiro segmento do ensino fundamental, de acordo com os resultados do Ideb 2011, e no se-gundo segmento registrou ex-pansão de 10%. De 2009 para 2011, o Ideb avançou de 3,3 pa-ra 3,6 nas séries iniciais do ensino fundamental, e nos anos finais, de 3,1 para 3,4 pontos.

— Este avanço foi registrado com a superação de quadro de abandono herdado em 2009, com a rede física sucateada, com a ausência de um programa de livro didático, entre outras limitações. Tivemos também a herança deixada pela transferência de 10 mil alunos do governo estadual para o município, número superior, por exemplo, ao total de estudantes dos municípios de Quissamã e São João da Barra — informou.

A secretária disse que mais de 190 escolas foram reformadas e 11 novas unidades entregues, como escolas e creches modelos. “Foi adotado um Programa do Livro Didático, unificando o aprendizado; foi implantado o Plano de Cargos e Salários para os professores, entre outras melhorias, que resultaram no avanço das notas de uma rede municipal que tem 60 mil alunos, 5 mil professores e mais de 240 unidades”, destacou Joilza.
Mário Sérgio Júnior

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