domingo, 5 de março de 2017

Plano de matar família em São Gonçalo era para tirar a irmã bastarda do caminho

A família foi morta na madrugada desta sexta-feira
A família foi morta na madrugada desta sexta-feira Foto: Reprodução / Facebook

A insatisfação e o ódio por ter que dividir R$ 7 milhões de herança com a irmã bastarda teriam sido o motivo para Simone Resende planejar o assassinato dela e de seus parentes, em São Gonçalo, no mês passado. Amigos das vítimas revelam que a irmã dela, Soraya Resende, morta com o marido e a filha, e reconhecida por pessoas de fora da família como adotada, era na verdade filha de sangue do pai de ambas, Arildo Vieira de Resende. Ele deixou o patrimônio de R$ 7 milhões que virou alvo da disputa.
Soraya seria fruto de um caso extraconjugal de Arildo. Ele era casado com Yonne Cardoso de Resende, que apesar da traição aceitou registrar e criar a menina como se fosse sua filha. Na época, o casal já tinha Simone, que nasceu antes mesmo de Arildo e Yonne se casarem.
Soraya, seu marido, Wagner Salgado, e a filha do casal, Geovanna, foram mortos a tiros. Dois filhos de Simone estão presos, suspeitos de participação no crime. Ela, apontada pela polícia como mandante, está foragida.
Simone nunca teve afeto por parte da irmã. Elas eram opostas: Soraya é descrita como uma pessoa simples e sem luxos; já Simone, muito vaidosa e ostentadora. As brigas entre as duas se tornaram mais frequentes após o casamento de Soraya com Wagner. A partir daí, começaram os questionamentos sobre o destino de alguns bens deixados por Arildo. Muitos teriam sido vendidos, mas Soraya não recebera nada, por isso ela brigava na Justiça para reivindicar o seu direito de herdeira.
Em uma discussão, Simone teria revelado que a irmã não era filha de Yonne. Em postagens no Facebook, ela chamava Soraya de bastarda. Numa delas, em junho de 2016, atacou: “Quem te pariu nem na sua cara quis olhar”. O comentário foi feito após Soraya postar uma foto com o pai.
Soraya ao lado do pai, em postagem no Facebook
Soraya ao lado do pai, em postagem no Facebook Foto: reprodução
Apegada aos sobrinhos
Apesar do clima de guerra entre as irmãs, Soraya era bastante apegada aos filhos de Simone, os gêmeos Matheus e Lucas, presos como suspeitos do crime. Era a tia quem cuidava dos meninos quando ainda eram crianças. O primeiro chegou a morar com Soraya e Wagner por um tempo. Por isso, o envolvimento dele nas mortes chocou ainda mais os amigos e parentes do casal.
Na última semana, em depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), Matheus revelou que foi ele quem atirou em sua prima, Geovanna, de 10 anos. O rapaz contou ainda que, em seguida, disparou na cama onde dormiam Soraya e Wagner. Antes, de acordo com o seu relato, Gabriel Botrel de Araújo Miranda, que está foragido, já havia atirado no casal.
Equipes da polícia em frente ao prédio no dia da tragédia
Equipes da polícia em frente ao prédio no dia da tragédia Foto: fábio Guimarães / 17.02.2017
Assustados, vizinhos querem se mudar
Yonne não foi localizada pelo EXTRA. No prédio onde mora, no Barro Vermelho, em São Gonçalo, a senhora de 80 anos não tem sido vista. Foi lá, onde Soraya também vivia com o marido e a filha, que ocorreu o crime. Assustados, vizinhos querem deixar o local. Um já mudou.
O prédio faz parte do patrimônio de Arildo, que era disputado pelas irmãs. Os aluguéis dos apartamentos eram divididos entre Yonne e as filhas. A idosa teria sido levada para morar no prédio por Soraya, na tentativa de diminuir a influência de Simone sobre a mãe. Wagner, que era advogado, administrava o condomínio.
Na última semana, uma amiga de Simone foi à Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo e contou ter sido coagida a mentir em depoimento, afirmando que dormiu na casa da acusada na noite do crime. Assim, Simone provaria que não esteve com nenhum dos envolvidos no dia.

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