quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Propina para casamento de filha consta em ação que prendeu Cunha


Marco Antônio MartinsDo G1 Rio
Tradicional revéillon do Copacabana Palace é recordista de preço: entradas custam até R$3.630. (Foto: Divulgação)Copacabana Palace sediou casamento da filha de 
Eduardo Cunha (Foto: Divulgação)
Danielle Dytz da Cunha se casou com Ariel Doctorovich em 25 de junho de 2011, no Hotel Copacabana Palace, Zona Sul do Rio. Para os procuradores da Lava Jato, não há dúvidas de que a festa foi paga com dinheiro de propina recebida pelo pai da noiva, o ex-deputadoEduardo Cunha. Os fatos constam na ação que levou o ex-presidente da Câmara à prisão nesta quarta-feira (19).
A conclusão aconteceu após análise de documentos produzidos por uma Equipe Especial de Fiscalização da Receita Federal e encaminhada à força-tarefa da Lava Jato em julho deste ano. O documento mostra que a família Cunha pagou R$ 267 mil, em três vezes, pelo aluguel dos salões (incluindo a diária para as núpcias do casal), a contratação de coquetel e jantar, além de buffet de apoio, ponto de bar e os serviços de segurança patrimonial.
Em setembro, o Fantástico já havia informado que o MPF investiga origem de dinheiro que pagou casamento da filha de Cunha.
Todas as informações foram passadas pela administração do Copacabana Palace à pedido dos procuradores da República. O hotel informou ainda a lista de fornecedores e outros prestadores de serviço do evento.
Com o serviço de fotografia foram gastos R$ 12,7 mil. Já para decorar o local para a festa foram gastos R$ 44,6 mil. Todos os pagamentos feitos aos prestadores foi em dinheiro. Em muitos dos depósitos não se identifica o depositante.
Aos prestadores,  a noiva pediu notas fiscais em nome da C3 Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda, de propriedade da família de Eduardo Cunha. Nenhum dos valores foi declarado no imposto de renda daquele ano.Também não foram identificados saques nas contas bancárias  de Danielle da Cunha que permitissem a ela efetuar os depósitos nas contas dos prestadores.
"Resta claro que o  dinheiro usado para o pagamento do casamento de  Danielle Dytz da Cunha era proveniente de crimes contra a administração pública praticados pelo seu pai, o ex-deputado federal Eduardo Cunha", explicaram os procuradores da Força-tarefa no pedido de prisão contra  Cunha.
Em nota divulgada por seus advogados, Cunha afirmou que a decisão de Moro que resultou na prisão é "absurda" e "sem nenhuma motivação". (veja íntegra da nota abaixo)
"Tendo em vista o mandado de prisão preventiva decretado hoje pela 13ª vara federal do Paraná, tenho a declarar o que se segue:
Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando-se dos argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal.
A referida ação cautelar do Supremo, que pedia minha prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretação de prisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem como de fatos atinentes à outros inquéritos que não estão sob sua jurisdição, não sendo ele juiz competente para deliberar.
Meus advogados tomarão as medidas cabíveis para enfrentar essa absurda decisão."

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