Uma equipe do Samu foi intimidada por criminosos no bairro Primeiro de Maio, em Vila Velha, na tarde de domingo (19), e precisou deixar o local onde atenderia um homem com câncer de pâncreas que estava passando mal. O caso aconteceu por volta das 14h30.
A equipe era formada por um técnico de enfermagem e um motorista socorrista. De acordo com o motorista, de 41 anos, os dois tinham acabado de chegar em frente à casa do paciente para atendê-lo, quando quatro criminosos armados apontaram as armas na direção da ambulância e do técnico, que conversava com um familiar do doente. A ambulância do Samu teve que sair do bairro sem fazer o socorro.
Quando a equipe estava deixando a rua, os bandidos ainda correram atrás da ambulância com as armas apontadas para o veículo.
"Foi assustador. Nunca tinha passado isso. Eles não falaram nada, mas apontaram as armas como se fossem atirar. Só consegui chamar o técnico para dentro do carro e voltei de ré, entrando em uma rua lateral. Os criminosos ainda correram para alcançar a ambulância", contou o motorista, que não foi identificado por segurança.
E essa não foi a única ameaça sofrida por essa equipe. Na ponte que separa os bairros Primeiro de Maio e Santa Rita, outros dois criminosos armados mandaram a ambulância parar. O motorista, no entanto, não obedeceu às ordens dos bandidos e acelerou com a ambulância.
"Não sabia o que fazer. Na hora, só segui o carro, não parei. Não sei como eles não atiraram. É muito triste ter que deixar o paciente, mas não tínhamos segurança para fazer nosso trabalho", desabafou o profissional.
A ocorrência foi registrada na 17ª Delegacia de Polícia, em São Torquato, Vila Velha.
Ciodes
A equipe do Samu vítima da ameaça de bandidos acionou a Guarda Municipal de Vila Velha. Segundo a Prefeitura de Vila Velha, por se tratar de um chamado que envolvia homens armados, a Guarda entrou em contato com o Ciodes 190.
A equipe do Samu vítima da ameaça de bandidos acionou a Guarda Municipal de Vila Velha. Segundo a Prefeitura de Vila Velha, por se tratar de um chamado que envolvia homens armados, a Guarda entrou em contato com o Ciodes 190.
Mesmo com o acionamento, nenhuma tropa das Forças de Segurança foi enviada ao bairro. A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) disse que o planejamento operacional de segurança está sob os cuidados das Forças de Segurança, mas a Força-Tarefa Conjunta Capixaba afirmou que não enviou militares porque não recebeu nenhuma demanda do Ciodes.
"Assim, não nos foi solicitado envio de tropas ao local. Informamos ainda que o policiamento ostensivo continua sob responsabilidade dos órgãos de segurança pública. E que esses órgãos de segurança pública entram em contato com a Força-Tarefa Conjunta, que continua disponível para enviar tropas para atender a demandas compatíveis", destacou o Exército em nota.
A Sesp disse que o caso será apurado pela direção do Ciodes.
Insegurança
Mesmo antes da greve dos policias militares do Espírito Santo, o trabalho de técnicos e auxiliares de enfermagem já era marcado pelo medo nos bairros mais perigosos do Estado.
Mesmo antes da greve dos policias militares do Espírito Santo, o trabalho de técnicos e auxiliares de enfermagem já era marcado pelo medo nos bairros mais perigosos do Estado.
É o que afirma o presidente do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Espírito Santo (Sintae/ES), Osmano Amaral Cândido.
"Sem dúvida, esse sentimento de insegurança ficou maior nas últimas semanas. Mas nossas equipes já foram ameaçadas antes também em bairros violentos. São constantes as ameaças e a falta de segurança dos profissionais", desabafa o líder sindical.
Sobre a situação específica em Vila Velha, a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) disse que o planejamento operacional de segurança está sob os cuidados das Forças de Segurança. Mas o órgão não comentou nada sobre a reclamação de insegurança vivida pelos profissionais da saúde, antes mesmo da paralisação da PM.
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