sábado, 25 de fevereiro de 2017

Sem pagamento, PM admite efetivo ‘comedido’


24/02/2017 15h09 | Foto: Divulgação
Além de não contar com o reforço dos militares das Forças Armadas, que deixaram as ruas da cidade anteontem, o carnaval do Rio também deverá ter um efetivo policial reduzido. Devido à crise financeira, o governo do estado não tem conseguido fazer o pagamento das horas extras aos PMs. Segundo o porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, o Rio terá um policiamento “mais comedido” este ano em razão desses atrasos. Blaz disse que se trata de uma “economia de esforços”. O governador Luiz Fernando Pezão havia pedido à União a permanência dos militares até a semana que vem, mas a solicitação foi negada.
As horas extras são pagas por meio do Regime Adicional de Serviço (RAS), com o objetivo de reforçar o policiamento, geralmente, durante grandes eventos. Os valores devidos aos PMs estão atrasados desde agosto do ano passado. O RAS dos Jogos Olímpicos, por exemplo, ainda não recebido pelos policiais.
— Hoje não podemos comprometer a saúde física e mental da nossa tropa. Os policiais já vêm trabalhando em diversos grandes eventos, e temos conseguido garantir a segurança em todos eles, como nos Jogos Olímpicos e no réveillon. Porém, chegamos a um momento de alto nível de estresse da tropa. Procuramos hoje ser um pouco mais comedidos no emprego da tropa, mas sem perder sua eficácia. A missão tem que ser cumprida, mas com uma economia de esforços — disse o major. — Não é para a gente ficar empregando a tropa sem ter previsibilidade de pagamento de hora extra. Na maior parte dos estados do Brasil, paga-se hora extra para grandes eventos.
Blaz revelou ainda que a PM já montou um planejamento para garantir a segurança durante os dias de folia, sem contar com a presença das tropas federais. Os detalhes do esquema serão divulgados hoje. No ano passado, o esquema de policiamento no carnaval contou com 15.464 PMs, praticamente o mesmo efetivo de 2015.
— A saída das Forças Armadas era uma possibilidade real com a qual nós já lidávamos. Por isso, agora estamos implantando um planejamento que estava pronto. Ele vai acontecer normalmente. Tínhamos essas duas possibilidades — afirmou.
Os militares do Exército e da Marinha foram convocados por causa das manifestações de parentes de PMs na porta de batalhões do estado, que foram suspensas há dez dias.
Além das dificuldades enfrentadas pela PM, a Polícia Civil está em greve desde 17 de janeiro. Apenas casos graves vêm sendo registrados. Ontem, os agentes decidiram ampliar o movimento e deixaram de atender até mesmo às ocorrências de roubos e furtos de veículos, que vinham sendo feitas. Os policiais reivindicam o pagamento do 13° salário do ano passado, além da regularização das horas extras e premiações por cumprimento de metas. Nesta quinta-feira, por causa da paralisação, as delegacias estavam vazias. Na 12ª DP (Copacabana), apenas dez registros tinham sido feitos até as 17h — normalmente a unidade atende a cerca de 40 ocorrências por dia.
HOTELEIROS RECLAMAM
O setor hoteleiro está preocupado com a segurança na cidade e criticou a saída das tropas federais. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH), Alfredo Lopes, afirmou que o policiamento está “deficiente”. Ele esperava que os militares permanecessem nas ruas mesmo após o fim do movimento de parentes de PMs:
— A gente sabe como está a situação. Os assaltos são constantes, e o turista é alvo fácil. É complicado. Mesmo que não tivéssemos uma situação de greve e falta de pagamento, nossa situação seria de deficiência devido à falta de efetivo. Com um quadro desse, as Forças Armadas vão embora?
Fonte: Globo 

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