sábado, 8 de setembro de 2012

CRESCE CASO DE HIV ENTRE JOVEM E ADOLESCENTE


Cresce contaminação pelo HIV entre jovens e adolescentes

Carlos Grevi/Divulgação
Campos diagnosticou 15 casos em adolescentes entre 15 e 19 anos

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Apesar do acesso às informações, ao conhecimento e a facilidade para se prevenir de todas as doenças sexualmente transmissíveis estarem cada vez mais disponíveis, jovens e adolescentes continuam se contaminando e tendo que conviver para o resto de suas vidas com o vírus da AIDS.
De acordo com a coordenadora do Programa Municipal DST/AIDS e Hepatites virais, Rozângela, 25 adolescentes de 12 a 19 anos de idade, incluindo crianças que já nasceram portadoras do vírus e jovens que procuraram o programa.
No ano de 2011, foram realizados 1.310 testes de AIDS, sendo 1.071 feitos por adolescentes do sexo feminino e apenas 131 pelo sexo masculino. Este ano até o mês de junho, já foram feitos 583 exames, sendo 481 pelo sexo feminino e 58 pelo sexo masculino. 
Os dados divulgados em comparação ao ano anterior mostram que os adolescentes estão cada vez mais se colocando em risco. Entre a faixa etária de 13 a 14 anos, foi confirmado um caso no ano de 2011 e um caso até junho deste ano. Já entre adolescentes de 15 a 19 anos, o ano passado registrou 15 casos positivos e até junho deste ano já foram confirmados quatro casos. 
“É importante destacar que nessa faixa etária, os adolescentes estão procurando o serviço de saúde em busca do diagnóstico com relação às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), HIV e AIDS. Essa atitude demonstra que eles possuem um nível de consciência para cuidar da saúde, seja pela questão da necessidade, medo de ter se colocado numa situação de risco ou indicação médica. Há uma procura grande dessa faixa etária”, disse Rozângela.
A coordenadora ressaltou ainda que, o programa descentraliza a distribuição de preservativos por todo o município em locais como Carvão, Ururaí, Terra Prometida, Ciep Nilo Pessanha, sem contar as Unidades Básicas de Saúde (UBS). Toda a população, incluindo os adolescentes podem adquirir as camisinhas por meio do dispenser, ou seja, podem chegar ao local, sem precisar pedir e se identificar, adquirindo a quantidade desejada.
“Podemos perceber que não há uma diminuição de casos, mas até o momento temos certa estabilidade. Em parceria com a Secretaria de Educação, realizamos palestras e oficinas nas escolas com o objetivo de conscientizar esses adolescentes e trabalhar a questão educativa para mudar o comportamento deles e oferecer um grau de conhecimento maior sobre a contaminação e prevenção da doença. No CTA também, as palestras e oficinas são feitas diariamente, através de um trabalho informativo nos laboratórios, além do tratamento oferecido”, explicou Rozângela.

Além do tratamento e a assistência, não só os jovens acima de 18 anos, mas os portadores até aproximadamente 60 anos podem encontrar acolhimento também na Associação Irmãos da Solidariedade, uma Organização Não Governamental (ONG), fundada em 1988, pela assistente social Fátima de Castro. A instituição oferece as 32 pessoas residentes e cerca de 300 a 600 que são assistidas, resgate da autoestima, acompanhamento bio-psico-social, tratamento odontológico, terapias ocupacionais, atividades de lazer, entre outros tipos de assistência.
Segundo a assistente social da Associação Irmãos da Solidariedade, Vanessa Quintanilha, que faz parte da ONG há seis anos, as pessoas ainda possuem um pensamento restrito e atrasado que só homossexuais e profissionais do sexo são sujeitos as se contaminarem com o vírus da AIDS. Além disso, os jovens atualmente se preocupam mais com uma gravidez indesejada, do que contrair alguma doença sexualmente transmissível.
“Acredito que a cultura de hoje em dia, não é para prevenção. A prevenção da AIDS, como as outras doenças para o seu filho, tem que ser desde pequeno, pois assim você dá um limite a criança. Só que ele chega na fase jovem e tem milhares de opções e acaba não sabendo lidar com esse limite. O jovem de hoje tem muita informação. Vivemos num mundo globalizado, onde essas barreiras foram quebradas e o acesso a essas informações está cada vez mais facilitado, mas o que muda comportamento é a educação voltada para a prevenção, pois assim, se evita várias doenças. A educação tem que ser constante, só ter acesso à informação não adianta. Toda ação tem uma consequência, é preciso ter responsabilidade. Estamos diante de uma doença que não tem cura. O cuidado e a prevenção necessária foram banalizados, devido à facilidade de acesso ao tratamento e as medicações, já que é possível ter uma boa qualidade de vida possuindo a doença.”
Uma jovem de 23 anos que tem duas filhas e é assistida pela Associação, contraiu o vírus há cerca de um ano e nove meses, diferentemente de muitos outros jovens. Ela explicou que apesar de não aceitar a doença e ter que conviver com ela, acredita que através de sua história pode ajudar a alertar e ajudar aos outros a não cometerem um grande erro para o resto de suas vidas.
“Comecei a trabalhar com 13 anos e nunca gostei de bailes e de sair. Me casei quando tinha apenas 15 anos de idade e nesse casamento que durou três anos fui contaminada por ele e durante minha primeira gestação, descobri que tinha a doença HPV, que um tempo depois se transformou em câncer de colo do útero. Me separei, tive minha filha e um pouco antes de completar 18 anos, me envolvi em outro relacionamento, com um homem que na época tinha 45 anos. Mesmo morando com ele, tinha medo de deixar de usar o preservativo e correr o risco de transmitir minha doença. Parei de usar a camisinha por um mês e engravidei novamente. Quando estava com sete meses de gestação, fiz o exame de HIV e descobri que tinha AIDS. Além de mim, ele contaminou outras oito mulheres que matinha relação sem eu saber. Mas a minha filha, graças a Deus não possui o vírus. As duas piores doenças que existem para a sociedade, que são o câncer e a AIDS, eu tenho.” Relatou.
Os adolescentes que deixaram de se prevenir devidamente e possuem alguma desconfiança de terem contraído o vírus, devem procurar o CTA para a realização do teste, que é feito através de um exame de sangue. Existem dois tipos de exames, o convencional, que vai para análise laboratorial e o Teste Rápido de Diagnóstivo (TRD) que possui a mesma eficácia, mas leva apenas de 15 a 20 minutos para ficar pronto. Segundo a coordenadora do programa, o TRD obedece alguns critérios e é realizado em casos mais urgentes como em gestantes com mais de cinco meses de gestação, pessoas em alguma situação de risco, que estão com muita angústia ou já possuem características da doença. Os casos constatados positivos são tratados no ambulatório do CTA, onde eles recebem toda uma assistência e acompanhamento de uma equipe especializada, psicólogos e assistente social. 
“Realizamos reuniões com esses grupos para instruí-los sobre o relacionamento e integração social, fortalecendo suas vidas cotidianas para que possam seguir uma vida normal, estudando e trabalhando como qualquer outro jovem que não possui o vírus”, disse Rozângela que explicou que os jovens de hoje recebem e possui acesso fácil a informação, mas têm dificuldade de aplicarem o conhecimento na vida pessoal de cada um.
Apesar de toda essa facilidade hoje encontrada para o tratamento do vírus HIV, possibilitando uma maior qualidade de vida e uma rotina normal como a das pessoas que não são portadoras, a jovem afirma que o preconceito ainda é muito grande na sociedade e ressalta que além dos jovens só se interessarem por festas e pelo prazer, ficam ainda mais vulneráveis, por pensarem em só evitar apenas a gravidez.
“Nunca me imaginei nessa situação. A sociedade ainda é muito preconceitosa e posso falar, pois fui vítima no meu próprio parto. Cheguei até a rejeitar minha filha. Se pudesse voltar atrás confiaria menos. Tenho um lema para minha vida que diz assim: O que o amor me deu? Na frente seria as minhas filhas e atrás uma AIDS. Tirei a camisinha e não pensei em fazer o exame. Por mais que preveni, acabei adquirindo a doença. Enquanto muitos se contaminaram nas ruas, eu peguei o vírus em casa. Para mim, hoje a AIDS é normal e outra jovem mesmo já me disse que preferia ter uma doença a ter um filho. Antes de qualquer decisão é preciso estar seguro que o seu companheiro também não tem a doença. Faria tudo de novo só por um motivo: olhar nos olhos das minhas filhas e ouvir elas falarem que me amam. Uma coisa que me deixa em pé, é acreditar em Deus, pois Ele está me dando a oportunidade de estar cada vez melhor”, finalizou a jovem.
Priscilla Chiapin

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