quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Justiça revela plano para matar ex-comandante da UPP Rocinha


Do G1 Rio
Reportagem exclusiva do RJTV revela que a Justiça descobriu um plano de traficantes da comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio, para matar a ex-comandante da Unidade de Policía Pacificadora (UPP), major Pricilla Azevedo, com participação de policiais da própria UPP.
A reportagem, apresentada nesta quarta-feira (28), mostra que os policiais ajudavam os criminosos, repassandro informações sobre a comandante. Pricilla deixou o cargo seis meses após a polícia descobrir o plano e hoje é porta-voz das UPPs.
Ainda de acordo com a reportagem, cinco policiais que trocaram mensagens com o traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157 já foram identificados. São eles Sidnei Leão dos Santos Filho, Mário Alvispo da Silva Junior, Ramon Santiago de Moura,  Arnaldo Damião Cavalcanti e Alexsandro Mendez dos Santos, que já morreu.
Os PMs já haviam sido investigados por receber propina de traficantes para permitir a venda de drogas e a livre circulação de criminosos armados na favela da Rocinha. Os policiais foram afastados das ruas e estão fazendo serviço administrativo.
Em uma das mensagens, o criminoso pergunta pela "visão" de Pricilla que teria sido prometida por um dos PMs - referindo-se a possíveis dicas sobre a rotina da major - e recebe como resposta que a oficial não vai à comunidade todos os dias. "Amigo, ela nem bota a cara direito aqui. Faz faculdade, então em pelo menos dois ou três dias na semana ela nem vem trabalhar", responde o policial.
O diálogo prossegue e o policial afirma que, se Rogério matar Pricilla, a troca de comando na UPP seria acelerada e diz torcer pela nomeação de um outro major, a quem se refere como "caveira", apelido dado a homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar. "Tomara que venha o major caveira. Amigo nosso, ele adora dinheiro. Fechamento legal".
Os traficantes tramavam matar a major porque ela vinha reprimindo a venda de drogas na comunidade. O plano foi descoberto em fevereiro de 2014, após o ex-chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ser condenado em mais um processo por tráfico e por pagar propinas a agentes públicos.
As mensagens trocadas entre Nem e os policiais foram interceptadas pela Polícia Federal (PF), com autorização da Justiça. Nem já está condenado a mais de 30 anos de prisão e está na penitenciária federal de segurança máxima de Campo Grande (MS).
Segundo as investigações da PF, Nem continua a comandar a venda de drogas na comunidade da Zona Sul, com ajuda da mulher, Danúbia de Souza Rangel, que atua como mensageira da quadrilha e é a principal ligação entre Nem e Rogério 157. Ela está foragida desde março.
Danúbia chegou a ser presa, mas acabou solta por um habeas corpus concedido pelo desembargador Siro Darlan. A decisão de Darlan foi revogada, mas a mulher de Nem já havia deixado a cadeia.
A reportagem tentou contato com os advogados dos policiais acusados de trocar mensagens com Rogério, mas nenhum deles foi encontrado.

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