sexta-feira, 30 de junho de 2017

Chefe da quadrilha que traficava cocaína em granito é preso

Foto: Divulgação | PF
O chefe da quadrilha que enviava cocaína para a Europa em blocos de granito foi preso na noite desta quinta-feira (29), de acordo com a Polícia Federal. O esquema foi desarticulado em maio deste ano por investigadores de Minas Gerais, onde o grupo tinha estrutura montada. Ele é colombiano e a prisão ocorreu em Madri, na Espanha. Um mexicano, integrante da organização criminosa, já tinha sido preso no Aeroporto de Vitória, no dia 18 de abril.
Na prisão realizada na capital capixaba, policiais federais apreenderam 123 kg de cocaína ocultadas no interior de um bloco de granito, na ação batizada de "Operação Blockbuster". A droga veio da Colômbia para o Brasil e seria exportada de navio, através do Porto de Capuaba, em Vila Velha.
A Polícia Federal também apreendeu uma máquina de perfuração de granito avaliada em 100 mil dólares, no galpão que era utilizado por quatro traficantes mexicanos, na Serra, para armazenar drogas dentro de blocos da rocha. Segundo o delegado Ramon Almeida, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, a máquina ainda não havia sido usada.
VÍDEO DA APREENSÃO


INVESTIGAÇÃO
A desconfiança do tráfico veio com a movimentação de pedras de granito, que era realizada por um grupo de quatro mexicanos. “Eles chegavam com visto de turismo no Estado, exerciam essa atividade de compra de pedras, com valor acima do comum, e permaneciam um grande período na Grande Vitória”, revelou o delegado.
Como a atividade seria inviável financeiramente, houve a desconfiança de uma atividade ilícita. Durante as investigações foi descoberta a verdadeira intenção dos mexicanos. “Eles foram monitorados 24 horas por dia, desde que os blocos começaram a ser movimentados. Conseguimos descobrir que eles estavam escondendo a cocaína dentro da pedra e exportando para a Europa”, contou.
Os mexicanos chegaram a comprar outras cinco pedras para disfarçar o objetivo real da vinda ao Estado. “Tivemos que olhar pedra por pedra. Na última, conseguimos encontrar a droga”, explicou Almeida.
Três dos quatro traficantes conseguiram voltar ao México antes da polícia encontrar a cocaína. Porém, um deles foi preso no Aeroporto de Vitória, 20 minutos antes do embarque, e autuado por associação e tráfico internacional de drogas. As penas por tráfico internacional de substância entorpecente e associação para o tráfico variam de 8 a 35 anos de prisão. O preso foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Viana e o processo tramitará perante a Justiça Federal em Vitória.
A atividade desenvolvida pelo mexicano estava sendo acompanhada pela Polícia Federal há cerca de 40 dias antes da prisão, tendo os policiais aguardado o melhor momento para abordagem, prisão e produção de provas da atividade ilícita.
PRISÃO DO CHEFE DA QUADRILHA
De acordo com a investigação, o chefe da quadrilha preso em Madri, na Espanha, era responsável pela coordenação, supervisão e financiamento de operações de envio e comercialização de cocaína por meio de contêineres marítimos e aéreos entre a América do Sul, especialmente o Brasil, e a Europa.
Até maio deste ano, a Operação Culinan havia resultado no indiciamento de 13 estrangeiros por tráfico internacional de cocaína e seis colombianos já haviam sido presos. Dois colombianos são considerados foragidos. Dois italianos, um albanês e um venezuelano, que seriam compradores da droga, tiveram pedidos de prisão revogados. A PF informou que, em junho deste ano, indiciou mais dois suspeitos, mas a nacionalidade deles ainda não foi divulgada.
Os blocos de granito escolhidos pela quadrilha tinham, em média, vinte e duas toneladas. Vários furos eram feitos, em toda a extensão da pedra, e os buracos eram preenchidos com cilindros de chumbo recheados de cocaína pura. Depois, os furos eram cobertos com pedra e resina.
A PF também informou que, segundo a Polícia Nacional da Colômbia, o chefe da quadrilha preso manteria laços com facções do clã do Golfo e Cordillera, coordenando a venda a carteis da Espanha, Bélgica e Itália. Em Madri, ele teria obtido documentos falsos para sair da Espanha, provavelmente para a Itália, de onde tentaria manter seus contatos com traficantes de drogas na Bolívia, no Peru e no Brasil.
O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça Federal de Belo Horizonte, com a finalidade de que seja extraditado para o Brasil. Houve cooperação internacional entre a Polícia Federal Brasileira, a Polícia da Espanha, a Polícia Nacional da Colômbia e a Interpol.
ESTRUTURA DA QUADRILHA E APREENSÃO
De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha se estabeleceu em Belo Horizonte e em Nova Lima, na Região Metropolitana, onde tinha imóveis alugados e uma empresa fictícia para exportar blocos de granito para a Europa, com cocaína escondida dentro.
Em novembro do ano passado, a PF identificou uma exportação feita pelos criminosos, a partir dos portos de Vila Velha e do Rio de Janeiro. Sete blocos de granito estavam em contêineres, cujo destino era a Espanha, com entreposto na Antuérpia, Bélgica.
Com o apoio da polícia e da aduana belgas, a carga foi vistoriada e foram apreendidos, no porto de Antuérpia, pouco mais de 1 tonelada de cocaína, que estava escondida em dois dos blocos de granito exportados. Depois da apreensão, foram expedidos mandados de prisão preventiva contra os nove colombianos.
No dia 28 de abril, a PF prendeu em São Paulo o único dos investigados que se encontrava no Brasil. Na casa dele, segundo a corporação, foram apreendidos documentos, smartphones e mídias eletrônicas, um veículo, além de US$ 60 mil e R$ 34 mil em espécie. O preso, de nacionalidade colombiana, foi conduzido para Belo Horizonte, onde permanece detido à disposição da Justiça Federal.
No mesmo dia, na Colômbia, a polícia prendeu três investigados. A PF solicitou à Justiça Federal que se formalize à Colômbia o pedido de extradição dos presos para o Brasil.
O quinto colombiano suspeito de envolvimento foi preso em maio deste no no aeroporto de Bogotá, na Colômbia. A sexta prisão ocorreu em 11 de junho na cidade colombiana de Alcalá, no Valle del Cauca, com o apoio da Polícia Nacional da Colômbia e a Interpol.

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